Carência

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Wednesday's pov

Estou tendo que remediar cada frase antes de dirigir ela Enid, a mesma por motivos desconhecidos por mim está deveras sensível e extremamente carente o que não me favorece muito. Ontem suas orelhas de lobo e sua calda apareceram, as orelhas permanecem abaixadas o que na minha cabeça não é normal. 

Nesse momento estou sentada na cadeira presente no quarto lendo O Príncipe, de Maquiavel penso que os humanos me surpreendem desde sempre, Enid está desde ontem a noite agarrada a mim, sentada em meu colo com os braços rodeando meu pescoço enquanto dorme, deduzi a última parte pela respiração calma sobre meu pescoço. Quando fazia qualquer movimento com menção de me levantar a mesma rosnava em reprovação. 

Eu tinha uma ótima expressão de felicidade estampada no meu rosto por estar servido de cama para cachorro, a madame ainda se sentia no direito de rosnar para minha pessoa. Tinha vontade de enforcá-la quando rosnava para mim, quem ela pensa que é para tentar me intimidar? Mas na situação que estava a deixei quieta antes que começasse a choramingar e depois chorar de verdade. 

-Posso saber o motivo de estar agindo como um filhote de cachorro? 

-Pare de me chamar de cachorro, eu sou um lobisomem. 

-Não parece. 

Me arrependi instantaneamente da minha resposta após Enid começar a choramingar no meu pescoço,estava lutando contra 10 demônios dentro de mim para continuar com meu controle mas sua respiração naquela região me fazia arrepiar e ter os piores pensamentos pecaminosos possíveis. 

-Tudo bem, tudo bem retiro o que eu disse volte a ficar quieta. 

Sua temperatura corporal estava mais elevada, me perguntei se estaria com febre, mas ao olhar em direção a janela do quarto vi os flocos de neve caindo, o inverno havia chegado, acredito que Enid estava apenas controlando sua temperatura corporal por conta do frio. 

-Enid, está nevando porque não vai lá fora? 

Perguntei sabendo dos seus instintos lupinos, lobos amam neve, com ela não seria diferente. Se afastou imediatamente do meu pescoço e me encarava com os olhos brilhantes e calda agitada. 

-Vem comigo! 

-Nem pensar. 

Lá estava eu procurando o ser canino ao redor da minha casa, não sei como fui convencida facilmente a vim para cá com Enid, por mais que a vê-la cavando, se jogando e se esfregando na neve fosse uma visão deveras agradável queria voltar imediatamente para meu quarto antes que minha família percebesse que a primogênita da família estava "brincando" com um lobisomem. 

Na verdade estou sendo forçada a brincar de esconde-esconde, Enid percebeu minha felicidade genuína por estar do lado de fora e inventou de sair correndo em disparada por aí, acontece que o ser possui uma pelagem incrivelmente branca então consegue se camuflar perfeitamente sobre a neve. Perder Enid de vista me irrita e me preocupa na mesma intensidade. 

Irei acabar com sua vida quanto encontrá-la por estar me fazendo passar por tamanha humilhação. 

Paro um pouco para recuperar o fôlego e olho ao redor, uma imensidão branca é única coisa que meus olhos conseguem capitar. Já fazia um tempo significativo que eu corria a procura de Enid, estava começando a me preocupar de verdade agora. 

A preocupação é logo impedida de se transformar em desespero quando recebo um grande empurrão caindo para trás, a neve bloqueou o baque que foi bem forte por sinal. Abro os olhos e percebo o animal selvagem de pelagem branca com algumas mechas azuis e rosa na cabeça me encarando antes de começar a lamber meu rosto eufórico. 

-Enid eu farei um casaco de você se não sair de cima de mim agora! 

Ela logo se retira permitindo que eu me levantasse, já ia dizer as piores atrocidades a respeito de tal atitude mas parei para encará-la. Estava parada em minha frente com um enorme graveto na boca, se eu não estivesse sendo muito afetada pelo frio diria que estava sorrindo. 

Reviro os olhos pegando o graveto e jogando para longe, Enid corre em disparada em direção ao pedaço de madeira jogando neve na minha cara. 

"Não guardo rancor e sim nomes."

Logo volta eufórica me entregando o graveto na esperança que eu jogasse de novo, realmente joguei, mas só depois de testar comandos como sentar, deitar e rolar que foram perfeitamente atendidos. 

Só queria testar. 

Depois da perda do meu precioso tempo com essas brincadeiras voltamos para casa, especificamente para o meu quarto onde mais uma vez Enid voltava a se transformar num chiclete, já havia voltado a sua forma humana e mais uma vez não parava de me agarrar. 

-Willa eu amo tanto você... 

Falava de forma manhosa me enchendo de beijinhos, não estaria incomodada se não fosse por um detalhe. 

-Ah também ok? Mas que tal se vestir agora em? 

-Porque? 

O fato de sua fala ter saído de forma tão inocente me fazia perguntar se ela não tinha noção nenhuma ou se estava apenas me provocando. Esperava que fosse a primeira opção pelo bem dela mas bem lá no fundo gostaria que fosse a segunda opção. 

-Está frio, ficará doente. 

-Não estou com frio. 

-Não perguntei se estava. 

-Humm tão fria Willa, mais um motivo para eu ficar pertinho de você, calor humano aquece também sabia? 

Enid dizia enquanto me abraçava e beijava meu pescoço, céus! 

-Por Deus Enid até meu coração já se aquece  só por saber que tenho você. 

Soltei enquanto tentava me afastar de seus braços só havia me tocado no que tinha acabado de falar quando Enid me encarou com uma expressão na qual não conseguia decifrar. 

-Ah eu---

Não gosto quando cortam minha fala, mas deixo passar quando ela é cortada com beijos de Enid. 

-Também te amo Willa. 




Feliz ano novo para vocês galera, que o 2023 de vocês seja repleto de paz, alegria e amor bjss🥳💖

Aprendendo a Amar(Wenclair) {FINALIZANDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora