Capítulo 1

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O sol daquela manhã encontrava-se a todo vapor. Os dias para mim eram sempre os mesmos, fazia sempre as mesmas coisas. Levantava-me, tomava meu demorado café, ia para o pet, almoçava quase todos os dias pelo centro da cidade e todas as tardes ia para a praça a nossa frente para ter um tempo de profunda depressão. Como os professores da minha faculdade estavam em greve e eu não estava tendo aulas, não fazia nada a noite, a não ser ir à igreja nos dias de culto.

Apesar de o pet ser pequeno, sempre tinha muito trabalho a ser feito e fora meu pai e eu, nós contávamos com mais dois ajudantes para dar conta de tudo – Milena e Emanuel. Milena era uma menor aprendiza que amava animais, ela trabalha no período da manhã, enquanto que o Emanuel já era mais velho e trabalhava em tempo integral, ele ajudava nos banhos, tosas, assim como buscar e levar os animais em suas casas, já a Milena fazia trabalhos pequenos e rotineiros como limpar as estantes, ajudar na limpeza da loja, repor estoque, entre outras coisas mais simples.

- Está indo para praça? - Perguntou meu pai a me ver saindo da loja no meu costumeiro horário de descanso.

Assegurei com a cabeça procurando não deixar transparecer que estava aberto a um diálogo. E sempre sabe para onde vou e o que vou fazer, era um tipo de pergunta retórica que ele usava para ver se conseguia estabelecer uma conversa decente com seu filho que a seu ver estava beirando a depressão. Pelo menos era o que eu pensava que ele achava.

- Sabe ...

Ele insistia fazendo com que eu parasse com a porta aberta, mas pausou sua fala para dar um aviso ao Emanuel que surgiu com dois cachorros que acabará de dar banho e estava prestes a ir fazer a entrega dos bichos.

- Manu a senhora Peterson avisou que não precisará de troco, ela disse que vai pagar no cartão.

- Maravilha chefe, – ele sempre chamava meu pai assim. – então só vou precisar levar a maquininha para fazer essas entregas.

Ele pegou a máquina com meu pai e passou por mim fazendo a costumeira piadinha de sempre.

- Até mais chefinho.

Era assim que ele me chamava quando eu estava com cara de pouco amigos, mas nem sempre se dirigia a mim desse jeito, só fazia isso para ver se eu desmontava a cara de bravo, ou quando queria me irritar.

- Então... – meu pai continuou assim que ele saiu. - eu estava pensando, e... eu acho que está na hora de você encontrar alguém. Já faz um ano... - coçou a cabeça - e seria bom pra você encontrar uma garota...

Por que eu não aproveitei que ele estava entretido com o Manu e dei o fora? Teria evitado esse tipo de conversa.

- Que tipo de garota? - perguntei ofendido interrompendo-o.

Droga, eu cai na conversa dele. Não sei o porquê ele insiste nisso, sabe bem que jamais vou esquecer a Lizzie.

- Uma garota especial.

- A Lizzie era especial.

Aquela conversa já estava me irritando, mas procurei ter compostura ao responder meu pai, só não conseguia esconder meu ressentimento para o questionamento dele.

- Eu sei Álvaro, mas, você tem quase 23 anos, é jovem e precisa de alguém.

- Pai eu não preciso de ninguém.

- Eu me expressei mal. - ele se corrigiu - Realmente ninguém precisa de ter alguém, todos nós precisamos é de Deus, contudo é sempre bom ter alguém pra dividir a vida. Pelo menos considere isso.

Meu pai daria um ótimo psicólogo se não tivesse escolhido a profissão de veterinário, mas isso é bom, pois tenho um psicólogo só para mim.

- Tudo bem pai. - falei saindo e fechando a porta atrás de mim.

Coração de Lizzie - Série Quando o Amor Alcançar 1Onde histórias criam vida. Descubra agora