Horizontes

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Sanji e Zoro ainda conversavam no deck do navio, escorados no parapeito. O olhar de Zoro era sempre mirado nos olhos de Sanji e, por isso, o loiro não conseguia encará-lo por mais de 3 segundos e desviava o olhar para o horizonte. Não entendia por que, mas sentia suas mãos suarem e sua voz falhar num gaguejo entre as palavras.

— Eu... é muita coisa pra processar... eu sei que já faz dias que estou nesse mundo, mas só agora que tô podendo falar sobre isso direito. — Continuava a desviar o olhar, enquanto ajeitava o cabelo que esvoaçava no rosto. — Marimo, eu não posso morrer. Minha mãe precisa de mim.

— Talvez cumprir a profecia faça com que coisas estranhas como aquela raposa voltem a surgir.

— Magia?

— Sim, e você poderá encontrar a cura e uma porta para o seu mundo.

— Eu espero... — Murmurou com os cotovelos no parapeito.

Zoro lhe deu um tapinha nas costas e repousou o braço em seus ombros, aproximando-o mais. — Vai ficar tudo sussa. — Sorriu, e Sanji só não conseguia entender por que ficava tão nervoso com os toques daquele marimo.

— Ei, pessoal! — Usopp se aproximou dando um aceno com a mão direita e os outros dois se viraram para ele. — Por que essa cara triste, Sanji? Está enjoado?

— Não, só estou preocupado com minha mãe.

Usopp pegou no ombro do amigo. — Vai ficar tudo bem, Sanji. Mesmo se eu encontrar meu pai antes dessa princesa ou sei lá o que, continuarei a viagem com vocês e descobriremos um jeito de te levar de volta.

Sanji e Zoro sorriram. — Decidiu se juntar a nós?

— Sim, como um bravo guerreiroooo... — Deslizou rapidamente os olhos no horizonte. — Do mar! — Disse cheio de si e os rapazes riram por ele ter falado a primeira coisa que viu na frente. — Agora mudando de assunto, será que não devemos tirar Luffy do salão? Ele vai comer a comida toda desse navio em 1 dia.

Os rapazes concordaram e seguiram para o salão com o buffet decoradíssimo tendo a finalidade dos passageiros não só comerem, como também apreciarem a bela arte da gastronomia.

Ao chegarem no salão, viram um Luffy devorando toda a mesa decorada num estilo que lembrou o greco-romano no mundo de Sanji. Havia esculturas de anjinhos, um até mesmo fazia xixi na fonte que se encontrava no centro do salão, e uva era a fruta que mais se sobressaia.

Perto de Luffy, havia o chef perdendo os cabelos por sua comida ter sido devorada em instantes — e por um só passageiro — e o capitão estava ao lado.

— Terá que pagar tudo o que consumiu!

Usopp estava perto o bastante, quando ouviu isso. — Mas os passageiros têm direito de comerem de graça. — Informou, assim que parou perto dos tripulantes. Zoro e Sanji estavam juntos também. — A nossa passagem cobre isso, é nosso direito.

— Mas se continuar assim, só esse garoto vulgar, que nem mesmo sente o sabor, irá consumir todas as refeições.

O narigudo teve que concordar com o capitão, viu Luffy em cima da mesa engolindo um salame como se ninguém houvesse dito para cessar com aquela babaquice, desejou que o amigo se engasgasse e nunca mais lhe desse trabalho. — Luffy, saia daí. — Ordenou sem paciência. — Quanto o senhor quer?

O rapazinho saiu num salto assim que ouviu sua voz, costumava obedecer Usopp na hora e quando se aproximou do grupo, deu um arroto. Zoro achava graça e pensou por que não fizera o mesmo com o saquê, mas preferiu perder tempo falando com o encaracolado.

— 500 Bellies.

Bufou e foi até o seu saquinho de moedas, no entanto, ele não o achou na bolsa de suas munições. Tateou seus bolsos da roupa e ainda nada. Os outros três notaram Usopp agindo de forma estranha.

— Usopp? Algum problema? — Perguntou Sanji.

— O dinheiro que conseguimos com o trabalho no Franky não está aqui.

— Deve estar no quarto. — Disse Luffy.

— Não!! Eu não ia deixar nossas economias num lugar estranho!! Eu juro, o saco de moedas estava na bolsa!!

O capitão se aproximou. — Algum problema, meus senhores? — Havia um tom debochado na sua voz e Usopp trincou os dentes de raiva.

No entanto, uma passageira deu um grito e todos pararam para observá-la, ela dizia que haviam roubado seu colar de pérolas e desmaiou, caindo bem na fonte do anjinho mijão. Todo mundo foi ajudá-la e Usopp viu uma chance para fugir. Eles não podiam continuar ali, senão trabalhariam como escravos até cobrirem aquela quantia com seus esforços.

— Vamos nos mandar daqui!!!

Os quatro correram para fora, sendo que Sanji segurava a mão do marimo para guiá-lo no caminho que Usopp os levava. Pararam do lado de um barco para naufrágios e Zoro nem precisou usar suas katanas para soltá-lo, porque Luffy já havia cortado as cordas firmes com os dentes. Pularam no barco e quando ele caiu, os quatro tiveram uma surpresa na superfície do mar.

Havia outro barco, um próximo deles. Nele havia um garoto de boina e suspensórios com um saco cheio.

De repente, Luffy sentiu um cheiro familiar, um de laranjas e ele pensou que deveria ter laranjas no saco, já que o cheiro saía do outro barco. Mas um vulto passou ao seu lado e ele entendeu que era Usopp pulando para o barco do menino e apontando a pistola nele.

— Usopp!! O que está fazendo?! — Perguntou um Sanji desesperado, precisavam se apressar o mais rápido possível.

Colocou o seu dedo no gatilho e o garoto ficou imóvel. Então, deu um chute e a boina da cabeça do garoto voou e lindas madeixas alaranjadas foram reveladas. O garoto na verdade era a Gata Ladra.

— Sabia que tinha algo estranho no garoto que vi mais cedo, só podia ser você mesmo, né?! — Usopp tinha um sorriso maquiavélico no rosto e ainda apontava a arma na ladra. — Aposto que foi você que me roubou quando nos trombamos mais cedo, mas ninguém engana O Deus Usopp! Por isso pode ir me passando esse saco.

A garota franziu as sobrancelhas, o saco tinha o seu maior tesouro e agora um homem estúpido queria tirá-lo dela?

— Atira, covarde! Prefiro morrer!! — Se moveu e abraçou o saco, Usopp não teve coragem de atirar e deu tempo para se jogar no mar.

— T-Tubarões... esse mundo tem tubarões, certo? — Sanji estava preocupado com a garota, resolveu mergulhar na água também. — Espere! Você planeja atravessar o oceano a nado?

De repente, tripulantes começaram a atirar do navio e Sanji entrou num desespero. Eles não conseguiram fugir a tempo e todos morreriam ali. Pensou na profecia, pensou na mãe. "Me tirem daqui!!"

Como desejado, uma mão agarrou a gola de sua camisa e o puxou para o barco. Era a mão de Zoro. — Você é desses que pensam nos outros antes de si mesmo?

Logo depois, a garota foi puxada também junto do saco. As balas estavam fora do alcance, Luffy remou com toda a força animal que residia nele, enquanto Usopp atirava com exímio nos tripulantes idiotas que não tinham nenhum jeito com armas de fogo. O narigudo conseguiu dar uma cobertura a todos, inclusive para a ruiva de que tanto detestava.

Passariam a atravessar o mar naquele barquinho, durante esse tempo, a garota finalmente diria seu nome que era Nami. No saco não havia tesouro nenhum, apenas laranjas, e os cinco se alimentariam disso. Usopp achou estranho ela ter se arriscado por um saco de laranjas, mas Nami apenas disse que gostava muito da fruta e ela sentia que ele não atiraria nela. Querendo ou não, naquela situação laranja valia mais que qualquer tesouro.

E isso não implicava de que ela era inocente, havia feito furtos sim. Incluindo os que fizera no Usopp e na pobre mulher que desmaiou na fonte, tudo estava bem guardado. 

As terríveis aventuras de SanjiOnde histórias criam vida. Descubra agora