Você se culpa?

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No dia seguinte, eu estava cansada, não havia dormido direito, eu me sentia tensa todo momento, não importava a hora, era como se ela fosse sacar uma faca atrás de sua mão e rasgar minha garganta, e incrível como nosso cérebro e capaz de criar cenários inexistentes, mesmo esse cenário não sendo tão irrealista assim.

Assim que acordei no dia seguinte, ainda sonolenta mas logo me recompondo quando eu me dei conta que dormi ao lado de tiff, eu abri meus olhos e ela estava lá, deitada com seu cotovelo apoiado no travesseiro, apoiando seu punho na cabeça, me encarando, me admirando, me obcecando.

"Bom dia, meu amor."-Ela disse levando uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha, ela tinha um toque leve e confortável, ela seria a pessoa perfeita para se namorar, carinhosa, compreensiva, rica, bonita, várias qualidades, se ela não fosse uma assassina.

"Bom dia."-Eu me forçei a falar alguma coisa, eu ainda estava em um estado de choque, mesmo que seja um choque leve, era como se nada daquilo fosse real de verdade, como um pesadelo qualquer, que daqui a 2 ou 3 dias você irá esquece-lô para o resto de sua vida, e ele se tornará insignificante, mas não era um pesadelo, era real, e muito menos era insignificante, toda aquela experiência que eu passei, desde a morte de meus pais até agora, vai me afetar pro resto da minha vida, mesmo se eu recomeçar tudo de novo, em uma nova cidade, um novo nome, um novo parceiro/a/e, eu nunca irei me esquecer, sempre me perseguira. Mesmo se eu tentar esconder, isso não vai ir embora.

Quando eu percebi que estava brisando, olhando para a janela, pensando, logo me endireito.

"O sol está lindo hoje, não está?"-Ela decide quebrar o silêncio.

"Sim, está lindo."-Eu sorri, eu precisava entrar no papel de que estava apaixonada por ela, se eu quisesse viver, eu precisava mantê-la por perto, ela vai ser meu ovo de ouro.

"Eu estive pensando... Poderia ficar no meu quarto, se quiser."-Eu já notei que quando ela falava 'Se quiser' e por que eu não tinha opção, soava mais como uma ordem-"Poderíamos ficar acordadas até mais tarde, vendo filmes de terror, dormir agarradinhas."

"Não vejo por que não."-Eu falei sem sorrir, eu deveria deixar ela pensar que estava me consuquistando aos poucos, se eu me entregar de uma vez, vai ser muito suspeito.

"Ótimo! Eu chamarei Lisa para transferir suas coisas para cá."

De repente meus olhos ganharam um brilho anormal, lisa, essa lisa poderá ser minha chance, mais um peão para meu jogo sujo.

"Quem é Lisa?"-Eu falei tentando demonstrar ciúmes, coisas que casais normais faziam, mesmo ela estando longe de ser um casal normal.

Ela sorriu.

"Está com ciúmes?"

"N-Não!"-Eu me forçei a gaguejar.

-Ela soltou uma risadinha-

"Fica tão fofinha com ciúmes."

"Daqui a pouco eu vou ser fofinha com a sua cabeça na minha mão esquerda."-Eu pensei.

"Mas de toda forma, lisa e minha empregada, está comigo a anos, ela e de confiança, eu garanto."-Ela já jogou uma indireta, falando que lisa era de confiança, mas eu duvido muito, muito mesmo, que qualquer empregada ficaria com uma assassina de baixo do mesmo teto. 

"Hum."-Tentei pensar quando Lucas e Alice me trairam, as sensações que eu sentia, o ciúmes, o ódio, a tristeza, eu tentava resentir tudo aquilo que foi a minha desgraça, começei a pensar que se talvez, eu não tivesse agido tão agressivamente, eu poderia estar no conforto da minha casa, pelo menos até os meus dezoitos, mesmo eu sabendo que Alice e Lucas que me trairam, eu sentia culpa, é comum sentir culpa quando acontece essas coisas, é normal. Mesmo você tentando falar para si mesma, tentando provar, mostrar, demonstrar, você sempre vai sentir um ponto de culpa, seja por algo que você fez, deixou de fazer ou deveria ter feito, é normal sentimos isso, mesmo a culpa não sendo nossa.

O Amor Tem Gosto De Sangue.Onde histórias criam vida. Descubra agora