Capítulo Once - 10:00 PM

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Dor era um conceito muito abstrato. Ana Liz sentiu uma dor lancinante quando descobriu a traição de Diego e Lorraine. Sentiu uma dor absurda quando se deu conta de que depois da mentira toda inventada pelos dois ela estava terminantemente sozinha. Sentiu uma dor delirante quando sentiu seu coração bater mais rápido por alguém de novo e percebeu que não poderia contar porque teria que abandoná-lo.

Mas todas aquelas dores eram mentais, eram dores psicológicas. 

A dor que ela sentia agora era como todos aquelas, mas era física.

Uma palavra mal dita ou interpretada errada nós arredores de um campo de futebol era o suficiente para uma briga e uma multidão em volta. Ana era brasileira, deveria saber que futebol eram um dos três tópicos que jamais deveriam ser discutidos.

Mas ela estava em Doha no Catar, não tinha pensado que uma palavra em defesa de um espanhol, faria com que os marroquinos, atuais oponentes e os portugueses e alemães ali presentes, rivais históricos da La Roja, se exaltassem.

Futebol deixava os nervos a flor da pele e um julgamento era muito. Ana Liz ter defendido Gavi significava que havia uma intrusa no meio dos grupos que estavam ali para secar os espanhóis. 

Depois do terceiro soco, ela se viu caindo no chão, e o chute foi sem aviso, arrancando o ar de seus pulmões e o que a surpreendeu mais, uma mão se fechou em seu cabelo e bateu sua cabeça no chão, estrelas dançaram em sua visão e tudo ficou preto, não importava a surra, a dor era tanta que até tinha perdido o sentido.

Depois do terceiro soco, ela se viu caindo no chão, e o chute foi sem aviso, arrancando o ar de seus pulmões e o que a surpreendeu mais, uma mão se fechou em seu cabelo e bateu sua cabeça no chão, estrelas dançaram em sua visão e tudo ficou preto,...

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A eliminação doía mais do que Pablo tinha imaginado, seu coração parecia ter murchado no sentido literal e ele sentia que toda a exaustão que sentia naquele momento era infundada. 

Tinha lutado todo o primeiro tempo e no começo do segundo também, seu pulmão queimava e ardia, o corpo tremia quando foi substituído e agora ele sequer podia dizer que a sensação de quase morte tinha sido válida, porque não tinha.

Naquele momento, ele só queria ir pro hotel, deitar nos braços daquela que provavelmente não fazia ideia mas lhe um dava um conforto absurdo. Ele precisava dela, precisava de sua namorada, precisava de Ana Liz.

Mas era impossível considerando que ele ainda tinha que responder a entrevistas (que ele não queria), consolar seus amigos (a visão de Álvaro chorando nunca deixaria sua mente) e ouvir o papo motivacional de Luis Enrique (que provavelmente não funcionaria já que mal o próprio técnico acreditaria em suas palavras).

Além do mais, Liz deveria estar se divertido coletando entrevistas de marroquinos gritando de felicidade, talvez ela fosse atrás de um deles, buscando alguma palavra dos espanhóis.

Ele precisaria se virar por enquanto, e pelas horas que se seguiram. Se segurou pra não chorar quando abraçou Pedri e Ferran, se segurou quando ouviu a Sira Martinez o consolar uma vez que o estoque de palavras do pai dela tinha acabado. E por fim, simplesmente se desligou durante a avaliação médica e todos os outros compromissos internos.

Mi Loco Atardecer - Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora