Capítulo 14: Eu não posso

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"Eu vou cortar as orelhas delas com a tesoura de jardim da senhorita Thornhill"

Wandinha tava chateada. Muito.

Enid passou o dia todo tentando impedi-la de ir aos vizinhos de dormitório.

Sim, elas reclamaram, sim, elas as ouviram.

Várias vezes.

Aparentemente todas as vezes.

E elas disseram a elas, elas as ouviram a ponto de saberem qual garota fez cada som.

Mas quando uma delas pegou Wandinha quando ela voltou da biblioteca depois de fugir, e perguntou se ela estava bem porque ela ouviu o que aconteceu da última vez... Na mesa de Wandinha... 'parecia que ela estava machucando você – a garota disse a ela. Esse foi um ponto de ruptura para Wandinha.

Naquela noite Wandinha não dormiu, ela passou a noite inteira olhando para o teto até o despertador tocar às 5 da manhã.

Se aquelas duas garotas são suas vizinhas à direita... E as da esquerda? E da frente do dormitório delas? Deus, e os que estão no andar de baixo.

Seus vizinhos. Eles sabiam que Wandinha era fraca quando fazia sexo, sabiam que Enid fazia o que ela queria com ela, eles ouviram as palavras de Enid e quais reações provocaram nela.

Não importa quantas ameaças de morte ela faça, olhares de morte, ou quantas palavras duras ela dedique a eles, eles ainda saberiam que ela geme como uma louca com as coisas que Enid faz com ela.

Ela enfiou o rosto completamente corado no travesseiro. Ela não queria sair para a aula.

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Já era tarde da noite novamente, Enid estava tricotando algo. Um suéter, ela disse quando Wandinha perguntou o que ela estava fazendo. Ela estava com os fones de ouvido, mas ainda podia ouvir a música do outro lado da sala.

Enid já estava usando um suéter de tricô colorido, com um vestido estampado floral por baixo. Wandinha do outro lado estava vestindo calça preta e sua camisa listrada preta e branca oversized com um moletom, você conhece o visual.

Enid estava especialmente feliz e animada naquele dia, momentos antes de contar a Wandinha sobre seu dia, até que finalmente se cansou de falar.

Ela ainda estava mortificada. Sentou-se na cama com as mãos no colo. Olhando para longe.

Os olhos de Enid pousaram nela, inspecionando a outra. 'Isso é estranho', ela pensou consigo mesma.

Sim, Wandinha sempre agia de maneira estranha, mas sentar-se tão rígida com os olhos perdidos não era algo que ela costumava fazer.

"O que aconteceu?" Enid perguntou, tirando os fones de ouvido e pausando a música. Abaixando as mãos, as agulhas de tricô agora descansando em sua cama.

Wandinha voltou-se para ela. Ela tinha uma expressão que nunca tinha visto a garota baixinha usar.

Ela parecia ter sua energia drenada.

"Você não parece bem" Enid se levantou caminhando até a garota menor. Ajoelhado na frente dela. Sua mão foi para nas da garota, segurando-as gentilmente.

"Alguma coisa claramente está incomodando você" Enid era muito boa em lê-la, mesmo quando tentava disfarçar, ela sabia de qualquer maneira. Portanto, não há razão para não contar a ela. Se ela não o fizesse, ela encontraria uma maneira de fazê-la dizer isso.

Wandinha suspirou.

"Eu era melhor quando ignorava a existência das pessoas ao redor do nosso dormitório" ela fecha os olhos e se deita na cama.

Cala a boca cachorrinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora