Capítulo 13: Abraços e garras

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Elas gostam disso.
O conforto de estar perto uma da outra.

As duas sentadas perto de uma árvore, o sol se pondo enquanto Enid se aconchegava no pescoço de Wandinha. Elas estão nesta posição há pelo menos uma hora, Bianca passou por elas levantando uma sobrancelha para a imagem.

Depois daquela noite em que Enid fugiu para se esconder de Wandinha esse lugar perto da árvore virou o lugar delas, elas adoram ver o céu de lá, ainda mais porque não tem muita gente passando, elas só estavam tendo azar hoje.

A afeição pública delas era estranha, não porque elas eram estranhas, bem, elas estão em uma escola cheia de pessoas esquisitas, então quão estranhos elas precisam ser para se destacar?

Era estranho porque os olhos de Wandinha estavam fechados e ela brincava suavemente com o cabelo de Enid, estranho porque Enid estava basicamente deitada em seu colo e ela permitiu. Estranho porque todos que passavam olhavam para elas. Foi realmente tão estranho?

Wandinha sentiu Enid inclinar-se ao seu toque, lobos eram como cachorros sim, mas ela poderia jurar que estava ronronando como um gato. Ela sentiu que poderia morrer, ela se sentiu assim uma vez que foi esfaqueada no peito; algo fazendo seu coração bater forte pela garota em seus braços.

Ela teve dificuldade em tirar conclusões consigo mesma, lembra que uma vez Enid perguntou a ela que tipo de relacionamento elas tinham. Para ser honesta, ela ainda não gosta do termo 'namoradas', mas se encaixa muito melhor do que não dizer nada.

Ainda não chegaram a um acordo com isso, mas é confortável para as duas serem assim.

Enid se aconchegou em seu pescoço agora sentindo sua respiração suave batendo em sua pele. Em outras circunstâncias, em outra vida ela não permitiria isso, o pescoço é um lugar tão vulnerável, lar de estruturas anatômicas tão importantes.

Mas ela sempre permite a Enid essas demonstrações de afeto, ela sabe que Enid precisa disso, ela precisa da resposta emocional, da segurança. Certa vez, ela disse que seu toque era sua linguagem de amor e se encaixava nela.

Amor.

Ela sempre achou que era um sentimento distante, ela nunca poderia deixar suas paredes caírem de uma forma tão destruidora do mundo, apaixonar-se por alguém não parecia a melhor ideia, anos observando seus pais a fizeram rejeitá-la.

Mas aqui está ela.

E não é tão ruim, exceto quando seu autocontrole desaparece, exceto quando ela é suave para a garota em seus braços, exceto quando seus pensamentos desaparecem, exceto quando ela faz coisas apenas para vê-la sorrir. Mas no geral não é tão ruim né?

Ela adora a frustração que Enid lhe dá, quando ela não consegue entender suas ações, suas palavras; ela gosta de decifrar o que a garota quer. Adora código morse. Ela era muito ruim nisso, mas ela tenta.

Às vezes ela se vê escrevendo sobre Enid, quando não consegue se concentrar em seu romance, ela pega uma nova página e escreve sobre ela; seu terapeuta disse isso a ela e, embora doa, ela tentou. Escrevendo o que não entendia para depois ler e analisar.

A escrita sobre Enid sempre se transformava em uma espécie de poema sombrio, ela nunca deixava ninguém ler aquelas páginas. Ela às vezes os leva para revisitar o que estava sentindo, queimando-os ao perceber a estupidez do amor. Depois se arrependendo.

Enid se virou no colo, ela estava olhando para Wandinha agora ela podia sentir isso. Mas seus olhos estavam fechados e ela estava tão relaxada que não se mexeu, imaginando o que Enid estava pensando tornou-se um de seus hobbies.

Enid. Enid não conseguia acreditar que essa era a realidade dela. Essa Wandinha aceita de bom grado essas proximidade, esses toques, esses momentos. Ela não consegue acreditar que Wandinha fecha os olhos quando está com ela, derrubando sua muralha.

Cala a boca cachorrinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora