Sou um esquerdista homossexual e romântico

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Renan Bolsonaro estava deitado em seu quarto, cercado por um papel de branco padrão e enrolado num lençol camuflado com o tema do exército brasileiro. De alguma forma, aquela estética que acobreava o seu lugar predileto em sua casa e o único lugar onde podia ser ele mesmo não o agradava de forma alguma. As paredes cobertas por adesivos militares e os modelos de tanques de madeira na prateleira... ele estava triste e não podia deixar de sentir que não pertencia a este quarto. Ele havia nascido em uma família ao qual não pertencia e que sempre esperava que ele seguisse os seus passos.

Mas ele não queria causar brigas, muito menos atrair uma má reputação para a família Bolsonaro, que já estava bem manchada por diversas polêmicas que acabaram com o brado da família. Ele sabia que sua família nunca entenderia o seu estilo de vida e sua visão política, então se acostumou a guardar os seus sentimentos para si mesmo. Enquanto tentava entender as suas emoções conflitantes jogado na cama, começou a refletir se aquela não poderia ser a hora perfeita para mudar o seu jeito de ser ou de ver o mundo. Ser o Renan Bolsonaro que o seu pai sempre quis.

Mas ele não podia.

Não enquanto tivesse aqueles pensamentos.

Renan estava tendo pensamentos homossexuais.

Ele não podia negar os seus sentimentos mais profundos, aquilo que vinha de dentro de si mesmo, muito menos tentar se enganar. Mas era tão difícil! Ele estava cansado de fingir ser quem não era. Estava cansado de viver a sua vida pelo seu pai.

Seus sentimentos por outros homens foram despertados quando o rapaz decidiu que iria assistir a nova série da Netflix que estava dividindo opiniões entre os internautas. Wandinha. Seu coração disparou logo no primeiro capítulo quando viu pela primeira vez o ator norte-americano Hunter Doohan, que mais tarde descobriu ser homossexual. Sempre que ele aparecia como Tyler na série, Renan sentia o próprio coração bater mais forte e o seu estomago borbulhando. Então, Renan decidiu que tomaria a prova final para saber se era ou não gay. Afinal, achar um homem gostoso não o faria gay, certo?

Se levantou da cama e limpou suas lágrimas com um lencinho de papel que também ficavam numa caixinha tematizada do exército brasileiro e deixou a sua última lágrima derramar no chão. Se olhou no espelho, passou suas mãos no seu rosto e disse a si mesmo que era hora de seguir em frente. Cerrou as sobrancelhas, unindo sua força de vontade ao seu coração e decidiu que aquilo era necessário para o seu bem estar. Ele não podia mais fingir que seus sentimentos não existiam. E pode acreditar que existiam há muito tempo.

Mesmo na infância, Renan não poderia fugir do cupido. Ele sentia coisas estranhas pelo seu melhor amiga na época, mas seguiu em frente esquecendo ele e o abandonando por conta das palavras de seu pai, o ex presidente do Brasil. Mas, agora, ele não queria mais fugir. Ele queria se libertar, libertar-se daquela dor que sentia pelo seu passado e por não ter tido a coragem de seguir seu coração.

E por isso, ele saiu de seu quarto vestindo a melhor roupa que encontrou e com um perfume importado extremamente caro, o melhor que tinha. Estava chique, mesmo estando casual. Uma camisa branca um pouco desabotoada de manga longa e uma calça preta.

Ele pegou o carro, ligou o som, e dirigiu-se para o local onde suas dúvidas desapareceriam, uma boate gay. Sentiu um arrepio percorrer o seu corpo assim que parou o carro na frente da boate, soltou um longo suspirou e entrou. Logo, se assustou com o que viu. Havia homens dançando, se beijando, se abraçando. Sentiu suas pernas tremerem, sua cabeça girar e sua respiração acelerar. Ele não sabia se era medo ou excitação, apesar de não ser tão diferente de uma boate comum, havia algo ali que o deixava desconfortável e, ao mesmo tempo, curioso.

Mas ele sabia que era lindo e que mesmo os homens deveriam o achar gostoso, mesmo sendo o filho do Bolsonaro, a quem muitos chamavam de fascista. Chegou no barman e pediu uma cervejinha da Skol para relaxar e vibrar com a batida do lugar. As luzes neon se misturavam ao som da música e o ajudavam a se sentir parte daquela atmosfera. 

Eu não pedi para ser seu filho! Renan Bolsonaro comunista AUOnde histórias criam vida. Descubra agora