Capítulo 13

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Capítulo 13

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A semana passou voando, fechou de forma agradabilíssima com meu salário caindo em minha conta.

O psiquiatra responsável pelo atendimento de Rogério, pediu ao menos uma semana de descanso para o mesmo que não estava em condições de dar entrevista nenhuma para ninguém.

Ressaltou o perigo de Ele simplesmente se fechar em sua loucura e não reagir mais, alertando a mim que provavelmente dentro de pouco tempo não estaria mais lúcido.

A morte de Raul mexeu com ele de maneira inexplicável, provocando em mim uma série de pensamentos contraditórios.

Pretendo retomar as entrevistas hoje mesmo, fazendo o possível para socializar com ele antes de ir para parte forte propriamente dita.

Durante a comemoração de seu aniversário, Henrique me deixou claro que está em busca do paradeiro da minha família biológica.

Não demorei muito a chegar, Rogério fica em uma ala reservada do manicômio judiciário, que guarda os piores criminosos do Brasil, pelo menos aqueles com algum transtorno mental ou em casos de psicopatia, a mesma não é considerada um distúrbio e sim uma condição genética que já vem junto com o indivíduo logo ao nascer.

Júlio César de Oliveira, é um dos prisioneiros. Ele cometeu a atrocidade de matar a filha pequena de apenas seis anos, com o intuito de se vingar da ex-esposa que havia dado um fim ao casamento logo que descobriu a psicopatia do marido.

Apesar da insistência constante de Rafaela em solicitar ao juiz que não permitisse as visitas que Júlio tinha direito, o Ministério Público optou pela recusa, pois não havia nenhum laudo capaz de comprovar a psicopatia do homem de 33 anos.

O homem teve a frieza de gravar o crime, a pequena Júlia perguntava constantemente qual era o motivo de seu pai a sufocar com o colchão da cama. Rafaela recebeu o vídeo logo após o crime, solicitando ajuda da polícia posteriormente.

O julgamento foi transmitido por várias emissoras de televisão ao vivo, Lisandra fez a cobertura completa do ocorrido e também publicou em seu jornal.

Júlio César, ironicamente formado em Psiquiatria, com uma carreira de dar inveja Há muitos médicos bem mais experientes confessou o homicídio da própria filha de apenas 6 anos, ressaltando também alguns crimes que cometeu com pacientes no Hospital Psiquiátrico onde trabalhava.

Ao receber a notícia da condenação, permaneceu o frio e flexível, solicitando várias entrevistas pois queria ter seu nome em todas as capas de jornal, perpetuando sua imagem de homem cruel e maligno.

Todos os psicopatas têm em comum uma necessidade extrema de obter prazer, status de fama. Criminosos assim se sentem muito à vontade ao relatar a atrocidades diante de câmeras, gostam da própria imagem refletida e noticiários ou até mesmo com o intuito de obter algum benefício em questão financeira.

Algo a se observar em Rogério Arantes, é a recusa extrema de dar entrevistas a respeito do crime que supostamente cometeu, o que pode ser um sinal de Inocência.

Daniel abriu a porta, me dando visão privilegiada do homem abatido na cama a minha frente.

-- como você está, Rogério?. Seus olhos me encaram, parece fazer uma constatação durante a análise rigorosa

-- você não tem outro assunto melhor para comentar?. -- antes de você continuar a sessão de curiosidade em relação a coisas que eu sinceramente não estou disposto a comentar hoje, me fale de você.

-- nós estamos trocando seis por meia dúzia, se eu te conto metade do que aconteceu comigo essa semana você vai achar que eu estou mentindo. Aproximo minha cadeira da cama, deixando minha bolsa em cima da mesinha. -- sou adotada, acabei de descobrir um amor pelo meu melhor amigo e ainda estou naquele impasse espiritual de saber qual é o propósito de Deus para mim. Vou jogando cada uma das informações sem filtro algum, confio nele de maneira inexplicável que por sua vez me olha incrédulo.

o caso rogério arantes.Onde histórias criam vida. Descubra agora