Three

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Dans mon esprit tout divague
Je me perds dans tes yeux
Je me noie dans la vague
De ton regard amoureux

As lágrimas salgadas da jovem caíam quentes sobre o rosto corado. Não deveria ter ido trabalhar naquela manhã, tendo seu punho inchado e roxo, pelo baque anterior. Não satisfeita com as horas na mansão de Trent, tinha ido para o seu outro emprego, no pub. Após horas movimentando a lesão, sentia o resultado na dor latente que a era o motivo qual fazia a garota chorar como uma bebezinha naquele ponto de ônibus.
Limpou as lágrimas, fechando os olhos momentaneamente ao sentir o local machucado latejar mais forte ainda. Íris só desejava que seu ônibus viesse o mais rápido possível, mas eles demoravam, por isso sempre preferia os metrôs. A questão era que o ponto de ônibus ficava em frente ao pub, e a estação alguns metros de lá, e nem para andar até lá a garota tinha força.
O relógio em seu pulso marcava 00:30, e ela suspirou pesadamente ao olhar novamente para a pista e não ter nenhum sinal do ônibus. Estava quase decidida a caminhar para a estação, quando notou um automóvel parando no encosto.

—Íris? — era Trent. Inacreditavelmente, era ele. — Tá tudo bem? — o garoto indagou, notando o rosto vermelho e os olhos inchados, com as escleras vermelhas, destacando a cor dos olhos da ruiva.

O jogador voltava do treino com seu time Liverpool, quando enquanto esperava o sinal abrir, notou uma cabeleira alaranjada sentada em um banco com cobertura em vidro. Mesmo que a pessoa estivesse de cabeça baixa, ele pôde notar que era Íris, uma das empregadas de sua casa. Não pensou duas vezes antes de mudar um pouco sua rota, e encostar a porsche. As janelas se abaixaram no momento em que a garota levantou a cabeça, e os olhos avelãs atentaram-se ao veículo e a quem dirigia ele. Rapidamente, Trent fechou o sorriso no rosto com a imagem de uma Íris totalmente bagunçado, olhos vermelhos e lágrimas a rolarem pelo rosto.

—Trent? — a surpresa na voz da ruiva era notável. — O que...você está fazendo aqui? — Íris estava mais que surpresa. Certo que aquele pub não era tão distante do bairro em que morava o jogador, mas de qualquer forma, estava surpresa. E mais surpresa ainda por ele estar ali, parado e olhando para ela como se quisesse descobrir tudo o que se passava na mente daquele garota, e talvez ele quisesse de verdade.

—Eu que te pergunto! São tipo, 1:00, a temperatura é de 3°C  e já já começa a chover. — o garoto falou, e Íris sorriu fraco, envergonhada por sua situação. — Você estava chorando? — não conseguiu segurar sua curiosidade, e teve de perguntar.

—Não! É claro que eu não estava chorando, é. — a garota riu nervosa, negando rapidamente e passando os dedos pelos olhos e bochechas. — É só o frio...— disse baixo, desviando o olhar dos olhos analíticos de Trent rapidamente.

—Entra, está muito frio aí fora. — "Nem que eu congele, eu não entro", pensou Íris. A garota negou, sorrindo meiga.

—Tá tudo bem, meu ônibus já está quase pra chegar. — disse, fazendo um sinal de joinha para Trent e sorrindo envergonhada. — Não precisa disso, tá tudo bem, sério mesmo. — tentou convencer o garoto, voltando o contato visual, mas logo se arrependeu vendo que Trent sustentava o olhar nela.

—Vai chover, não precisa ficar com vergonha.  Vem. — o jogador tentou novamente, sabia que Íris era tímida e não aceitaria, mas não podia deixar ela daquele jeito, no frio e agora na chuva, já que as gotas vieram grossas.

Íris fechou o sorriso no rosto, vendo a chuva cair. Olhou para as gotas caindo fortes e grossas e quis chorar novamente, sentia que o universo estava conspriando contra ela naqueles dois dias. Por um lado, ver Trent fechar novamente as janelas do veículo — que a garota imaginou custar mais do que sua casa e todos seus pertences —, lhe deu um sentimento de conforto. Estar por muito tempo perto de Trent lhe deixava extremamente nervosa, e entrar naquele carro poderia matá-la.

𝓢𝓪𝓵𝓾𝓼 - Alexander ArnoldOnde histórias criam vida. Descubra agora