Terça-feira

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Haviam garrafas demais espalhadas pela casa. Stan nem se lembrava de ter bebido tanto na noite anterior. Ele dormiu no sofá e acordou com uma chuva de mensagens de Wendy, pedindo-o para confirmar o convite de ir até o apartamento dele quando voltasse da faculdade. Grogue e com o canto da boca todo babado, ele respondeu com um simples "sim", mas na verdade, Stan nem se lembrava de ter ligado para ela ontem.

Com um saco de lixo em mãos, ele preparou sua coluna para a difícil tarefa de apanhar todas as garrafas que ainda estavam inteiras no chão. Depois juntaria os cacos de vidro das quebradas com a pá. Precisava limpar a casa antes que Wendy chegasse. Havia teias de aranha, lençóis e fronhas velhas. O leite tinha azedado e a manteiga estava velha. O congelador estava cheio de gelo com uma pilha de antigas refeições de frango congeladas, presas no fundo. O tapete do quarto estava empoeirado e as janelas tinham marcas de dedos no vidro e sujeira nos parapeitos.

Stan afastou a confusão da cabeça do melhor modo que pôde: foi até a varanda e acendeu um cigarro. Levou consigo uma das garrafas lacradas. Ele bebeu, soltou a fumaça e apagou as cinzas no parapeito. Ao meio-dia, foi ao supermercado e comprou três dúzias de ovos e um suprimento de refeições congeladas.

Seu almoço saiu de uma lata. O chili era razoável se colocasse pimenta e comesse com uma taça de vinho tinto. Ele bebeu a última garrafa enquanto jogava uma porção de poeira para debaixo do tapete.

Quando a casa estava com uma aparência aceitável em seu ponto de vista, pegou sua carteira e saiu. A lei não permitia entregas de vinho ou destilados. Ele mesmo precisaria comprar outra caixa. Seria mais inteligente pegar duas. E experimentaria Almadén. Alguém tinha dito que o Almadén tinto era melhor do que o Paul Masson. Iria experimentar. Talvez algumas garrafas de vinho branco também.

As quatro da tarde, com um copo na mão, enquanto assistia um comercial sobre pílulas para dormir na TV, descobriu que os Gibsons eram capazes de acertá-lo como um porrete, e Stan passou a ter cuidado com eles, guardando-os para bebê-los de manhã.

Acordou do "apagão" antes das seis e escondeu as garrafas vazias atrás da porta. Wendy foi pontual em seu horário e chegou no início da noite. Ela não pareceu se importar com a desordem do restante dos cômodos do apartamento. Stan pôs uma panela de espaguete enlatado para esquentar e serviu duas taças de Almadén Mountain Chablis para acompanhar. Foi quando ele percebeu que o vinho estava acabando; só restavam duas garrafas na prateleira acima da torradeira. Eles comeram em silêncio, conversando apenas coisas triviais, como recordações da escola e os novos sabores de sorvete do shopping. Depois, Wendy se ofereceu para ajudá-lo com a louça, mas ele recusou. Não podia deixá-la ver a pilha de copos, pratos e talheres sujos que estavam lá a mais de uma semana.

Quando se sentiu desnorteado pela quantidade de álcool consumida até o momento, Stan pediu licença para ir ao banheiro e trancou-se lá. Olhou seu reflexo no espelho manchado e falou em voz alta, para verificar o nível de sobriedade, antes de voltar:

— O princípio principal do príncipe principiava principalmente no princípio principesco da princesa.

Quando o trava-língua saísse direito, ele voltaria para a sala.

Quando o trava-língua saísse direito, ele voltaria para a sala

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Chapado o suficiente | Stan Marsh!Onde histórias criam vida. Descubra agora