Domingo

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Stan acordou com uma luz forte sobre si, como uma espécie de holofote. Sentia-se enjoado demais para se sentar e olhar ao redor. Sua garganta estava seca e uma ardência na mão incomodava, o que o levou a olhar e ver uma sonda entrando na veia da mão direita, levando um líquido que parecia ser um soro. O que estava acontecendo? Ali certamente não era nenhum cômodo de seu apartamento.

Percebeu que tinha alguém segurando sua outra mão. Reunindo todas as forças que tinha, levantou um pouco e viu que era Wendy. Ela estava tão concentrada no livro que estava lendo que nem percebeu que Stan havia acordado. Foi aí que ele se lembrou. As luzes piscando sobre sua cabeça, a dor latejante na perna, seu corpo repousando na maca fria. Stan foi levado ao hospital as pressas na noite passada depois de cair sobre sua mesa de centro e sofrer um acidente.

Hospital.

Assustado, apertou a mão de Wendy, que levantou a cabeça.

— Oh, você acordou. — Ela se virou e deu uma olhadinha em direção a porta. — Não se preocupe, o Kyle já deve estar voltando com o médico.

Kyle? Stan não estava entendendo mais nada. Focou em olhar para a namorada. Wendy estava com os olhos inchados, ele não sabia se era de sono ou de choro. Ela não estava sorrindo ou dando sinais de que iria se levantar dali e abraçá-lo para reconfortá-lo. Não era nada disso. Os olhos de Wendy exalavam decepção.

Sem saber o que dizer, Stan permaneceu estático como uma estátua, tentando adivinhar a gravidade do corte por debaixo dos lençóis brancos apenas pela dor. O cheiro da ala hospitalar só estava piorando a agitação em seu estômago. Um medo bobo de criança que o acompanhara para sempre.

— Stan!

Ele ergueu a cabeça. Kyle havia trazido uma enfermeira. Stan sentia-se agitado de repente, uma estranha comoção por ver o amigo ali. Ele ia se levantar, mas Wendy o empurrou de leve para trás. Ela fez um sinal de "calma" com as mãos e a enfermeira se aproximou, perguntando como ele estava se sentindo. Stan ainda estava inquieto; ele não queria responder perguntas e continuar deitado. De modo curto e grosso, respondeu que estava bem, só um pouco enjoado. A mulher então mediu sua pressão e conferiu o soro.

Quando ela saiu, Wendy se virou para Kyle.

— Pode assistir um pouco Stan enquanto eu busco um pouco de café? — pediu e levantou-se, vestindo seu cardigã roxo.

"Assistir"? Quantos anos ele tem, cinco?!

— Claro. Eu tomo conta dele — Kyle disse e Wendy inclinou-se para sussurrar algo em seu ouvido, fazendo-o rir.

Stan cruzou os braços, emburrado. Será que eles poderiam parar de falar como se ele não estivesse ali?

No minuto em que os dois se viram sozinhos, um clima sem graça tomou conta do ambiente. Stan fingiu que estava muito entretido no processo de ler as letrinhas miúdas na pulseira de hospital em seu braço e Kyle, por sua vez, parecia estar muito interessado no soro.

Até que ele abriu a boca:

— Cara... o que aconteceu?

Stan não queria responder aquela pergunta mais uma vez naquela semana, então ele deu de ombros. Kyle deu conta do recado e sentou-se na poltrona antes ocupada por Wendy.

— Eu fiquei tão preocupado quando soube que você tinha sofrido um acidente... eu saí correndo da clínica, só não vim mais cedo porque a Wendy já estava aqui contigo. Liguei pro Kenny, pro Cartman e pro Butters. Eu enlouqueci a minha família!

Stan sorriu mas Kyle estava sério.

— Acho melhor a gente ter essa conversa mais tarde, mas eu não vou esquecer.

Chapado o suficiente | Stan Marsh!Onde histórias criam vida. Descubra agora