Wellsbury Liars

Capítulo 2

Eu amo pessoas como a minha mãe, eles tem uma força própria, algo inabalável pelos outros, aquele poder encantador de iluminar qualquer lugar onde estiver mesmo que seja contra sua vontade. Amo o fato dela dizer que podemos sempre ser nossas melhores versões, mas ela ama qualquer uma que apresentarmos para ela, pois simplesmente entende ou, ao menos, se esforça para entender que o mundo é um lugar confuso na nossa idade. Somos gêmeos, mas nunca ouvi dela uma comparação sequer com a minha irmã, assim como ela nunca fez isso com a Max, eu amo tudo sobre a minha mãe, amo ainda mais que apesar de tudo, ela ainda é um mistério para todo mundo, intocável.
Meu pai é o oposto dela, todo mundo conhece tudo sobre ele, família, gostos, até mesmo quanto ele ganha, mas ninguém o conhece como ela e eu sempre amei isso. Ele é sério no que faz, as pessoas conhecem uma versão formal dele, mas nunca chegou a ser assim em casa, quando chega aqui ele se torna um mistério para todo mundo também. Meu pai é sincero, não existem segredos com entre a gente e eu amo o quanto ele presa por isso. Eu não sei, nunca fui o tipo de pessoa muito apegado as coisas, nem mesmo a minha vida, mas a sensação de sempre tê-los aqui é reconfortante e talvez seja por isso que saber que vão se separar me assustou. Sim, assustou, não foi tristeza, raiva ou decepção, mas medo do que vem depois que isso se concretizar. Eu amo os meus pais e realmente quero que sejam felizes, juntos ou não, só me assustei com a noticia de repente. Escuto a batida na minha porta alguns minutos depois que eu subi e me sento na cama.

- Você não terminou o jantar – Meu pai abre a porta com um prato na mão e deixa na minha mesa – Quer conversar?

- Eu não queria sair daquele jeito – Respondo e ele senta ao meu lado – Desculpa.

- Não precisa pedir desculpas, filho – Sinto meu pai me abraçar e logo deito o rosto no seu peito – Está tudo bem se não gostar, amor. Podemos achar um jeito...

- Não precisa, papai – Murmuro – Eu vou ficar, a gente vai. Eu só... não sei, só me assustei. Só não ter que escolher entre um de vocês.

Meu pai beija a minha testa e aperta mais o abraço. Eu gosto disso, gosto do abraço traz uma sensação de segurança, mesmo sabendo que tudo está prestes a virar um caos generalizado. Tenho certeza de que os dois já pensaram nisso, mas a cidade vai odiar essa notícia, talvez até mais que os meus avós.

- Vocês não vão ter de escolher entre um de nós, meu amor – Sinto sua mão no meu cabelo – Eu sei que as coisas vão mudar um pouco e isso assusta, mas eu prometo que vamos fazer de tudo para vocês se sentirem confortáveis. Eu não vou morar longe daqui e vamos compartilhar a guarda... Amor, sua mãe e eu somos amigos apesar de tudo, ela é a minha pessoa favorita nesse mundo, só não somos bons como um casal mais – Afasto um pouco meu rosto do seu peito – Eu não vou mentir, mudanças não são fáceis, principalmente esse tipo de mudança, mas vamos fazer dar certo, juntos campeão. Vai ficar tudo bem, eu prometo.

- Quando você vai se mudar?

- Sendo bem sincero, meu amor – Meu pai faz uma pausa – A gente não pensou nessas coisas ainda. Vai ter que me aturar aqui por mais alguns dias.

- Não quero – Murmuro rindo e ele me olha indignado – É brincadeira.

- Brincadeira, é? – Ele começa a me fazer cocegas – Vamos ver quem ganha agora.

- Para pai – Peço rindo – Papaiii

- Eu te amo, campeão – Ele beija minha testa – Eu te amo muito.

- Eu também te amo, papai.

Sei que não está mentindo, meu pai não mente sobre as coisas. Éramos parecidos nisso antigamente, minha mãe e a Max eram campeãs em esconder segredos, enquanto meu pai e eu somos não guardávamos nada. Não sei em que momento das nossas vidas Max e eu invertemos os papeis, não consigo mais ser sincero sobretudo, na verdade, me custa ser sincero sobre o mínimo hoje em dia. Estava acostumado com os meus pais me pergunta como tinha sido o meu dia ou como eu estava me sentindo, mas não como obrigação e sim como um interesse genuíno, depois que Eric se matou... Tudo ficou confuso, eles estão preocupados ainda, sei disso, mas comecei a mentir sobre como me sinto só para as perguntas pararem.
Não sei como as coisas vão ser agora, talvez melhore ou piore, realmente não sei, mas espero que pelo menos essa preocupação suma e de lugar a outras, não gosto mais de falar sobre sentimentos... eles não entenderiam.