//𝒔𝒐𝒎𝒐𝒔 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒔 𝒄𝒓𝒐𝒏𝒊𝒄𝒂𝒔,𝒎𝒊𝒈𝒖𝒆𝒍//~Miguel Cazarez

cap 23

Deslizo para dentro da banheira até ficar submersa na água. É uma sensação única, ter em mãos a decisão de viver ou não. A parte de trás da minha cabeça bate no fundo da cerâmica branca daquele enorme balde

A água está extremamente quente mas ainda assim parece que isso não me incomoda, fico alí, parada entre a vida e a morte

Toc;Toc

Me levanto com tudo, minha boca se abre para recuperar o fôlego perdido, e o oxigênio invade minhas narinas como ácido

A porta se abre, e logo depois Miguel entra. Olho em sua direção, mas a única coisa que seu rosto inexpressivo demonstra é: culpa

─ Você...demorou muito. Achei que tivesse acontecido algo, Desculpa. ─ sua voz saí arrastada, mas ele não saí do banheiro, pelo contrário.

Miguel fecha a porta e fica do lado de dentro, parado me observando. Levo minha mão ao rosto para tirar a água dos meus olhos

Já nem sei mais se é água ou lágrimas.

─ Eu...─ sua voz falha. ─ Eu queria falar com você.

Ele vai até o vaso e se senta na tampa, com os olhos fixos no chão. Começo a me levantar da banheira, minha roupa encharcada fica pesada por conta da água

Estendo o braço para pegar a toalha do meu lado, mas ele à pega primeiro. Nem consigo olhar em seu rosto. Miguel se levanta e fica frente à frente comigo

Pigarreia uma tosse e desce o olhar, visualizando meu corpo. A medida em que ele desce sua visão cerrando a mandíbula, ele sussurra algo:

─ Por quê não contou para alguém sobre isso?..

Bufo uma risada, irônica

Saio da banheira e vou até o armário de baixo da pia. Pego outra toalha e começo a me secar

─ Eu não preciso que um príncipe venha me salvar.

─ Você não precisa de um príncipe, consegue se salvar sozinha.

Paro de me secar, subo meu olhar ao seu, o fulminando.

─ Que merda você acha que tá fazendo então? ─ pergunto cerrando os dentes

─ Caramba, Kat! ─ esbraveja, como se tivesse direito de ficar bravo com algo ─ Olha pra você! Não falou com ninguém por meses. Eu entrei naquele quarto, você nem sequer tirou a lona que estava na construção!

" Passou o dias e dias trancada lá! Sabe como eu sei, eu dormi aqui por um mês inteiro. Naquela merda de sofá! E sim, eu pedi para Yolanda parar de levar sua comida para que você tivesse que descer!"

Miguel para fazendo uma pausa para respirar. Seus lacrimejam quando olham para os meus

─ Dormi aqui, e passei os dias aqui. E... você só ficou lá, naquele maldito quarto. E quando finalmente saí de lá, a gente descobre que você é violentada fisicamente na escola! ─ suas mãos agora estão em meus ombros, os apertando. Mas eu ainda fico imóvel

─ O que você esperava? ─ vocifero empurrando seu peito. Ele cambaleia para trás e fica perplexo com minha reação. ─ Esperava que eu agisse normal, e voltasse a falar com vocês normalmente?

Miguel solta um suspiro audiveu e volta a olhar para mim

─ Eu esperava...que você admitisse que precisa de ajuda.

─ Eu não preciso de ajuda. Caramba, qual o problema de vocês?

Ele semicerra os olhos, engolindo seco