"Amigas"

6 1 0
                                    

   Era uma noite chuvosa e tempestuosa, relâmpagos clareavam e trovões soavam no céu, com tanto frio e barulho lá fora, Wendy dormia tranquilamente em sua cama, até porque ela adorava quando o tempo ficava assim. A morena dormia tão serena em baixo de seu edredom preto, que só veio acordar após sentir um peso sobre sua barriga, ela abriu seus olhos e olhou para o lado, encontrando sua colega de quarto adormecido em seu típico pijama de panda.

   A garota parecia ter sai do as pressas do seu Aldo do quarto, já que seu cobertor rosa e felpudo estava no chão ao lado da cama, juntamente com as pantufas brancas de coelho.

  "Nem isso ela pegou?" - pensou a morena.

  Com o braço da loira sobre si, Wendy quase fez a garota cair e teve de segura-la pelo braço e mesmo com isso, a loira permaneceu dormindo, na verdade, ela até abraçou Wendy um pouco mais, apertando mais o urso de pelúcia que estava entre elas.

   A morena respirou fundo e encarou o teto por um momento, não sabia o que fazer, talvez acordar a garota e manda-la de volta para suas próprias cobertas, mas então teria de torcer para Ena não usar seus olhinhos de cachorro pidão, senão iria ceder facilmente e a maior dormia tão tranquila que até mesmo fez a morena sorrir de leve com o pensamento da garota parecer um filhotinho gigante.

   Um relâmpago clareou o quarto pela grande janela que havia no cômodo compartilhado, junto a ele, um trovão alto soou, fazendo a loira acordar aos gritos e ter de ser segurada pelos braços da morena para não ir de encontro ao chão duro e frio.

—Calma, calma - Wendy tentava acalmar a garota em seus braços, cujo olhar fez seu coração errar uma batida.

   A loira parou de gritar quase que no mesmo segundo, na verdade, por mais uma vez naquele dia, lhe faltaram palavras. Sempre era assim quando aquelas pedras negras a observava, era um olhar tão calmo, misterioso e intenso que as borboletas de seu estômago ficavam eufóricas.

—Foi só um trovão - Wendy cortou o silêncio que havia se instalado no lugar, tentar desviar o olhar só a fez sentir a garganta seca, afinal aqueles lábios rosados pareciam muito tentadores.

—Parece que sim - a maior sussurrou.

  Wendy analisou a garota mais um pouco e suas mãos tremulas segurando o tecido de seu pijama escuro comprovaram o óbvio.

—Você está com medo.

—Sim... desculpa - a garota se desculpou.

—Está pedindo desculpas por estar com medo ou por ter assistido o filme que eu disse para não assistir?

—Eu não podia recusar, a Yuna me desafiou - a loira se justificou - ela me chamou de fraca.

—Alguém fraco estaria quase quebrando meu antebraço com apenas uma mão?

—Desculpe por isso - a soltou, abraçando assim seu ursinho de pelúcia.

—Devia ter previsto algo assim - Wendy deitou com a barriga para cima e voltou a olhar o teto.

—Sei que você não gosta da ideia, mas será que eu posso dormir aqui com você? Prometo ficar quieta.

—Duvido que sequer conheça o significado de tal palavra, você sai pulando por todos os cantos dessa escola - a morena fez Ena sorrir com o comentário - mas pode continuar aqui.

  Wendy se afastou um pouco para dar mais espaço para a loira e juntou suas mãos sobre o edredom em sua barriga.

—Perai, tá falando sério? - Ena apoiou o cotovelo no colchão e pode ver a garota ao seu lado concordar com a cabeça - aí, obrigada! Obrigada!

  Ela abraçou a menor fortemente.

—Pode continuar aqui, mas não quebre minhas costelas - a morena falou com dificuldade.

—Foi mal, me empolguei - Ela soltou a garota, mas não tirou os olhos daquele rosto pálido.

—Por acaso tem uma aranha no meu rosto? - tentou manter seus olhos em qualquer lugar que não fosse aquele sorriso ridiculamente bonito.

—Eca! Se tivesse eu não estaria aqui.

—Então o que é?

—Nada - voltou a deitar sua cabeça no ombro da menor e abraçar de leve sua cintura - só estou feliz por ter você pra cuidar de mim.

—Falou a garota que poderia facilmente entortar uma barra de ferro.

  Houve mais uns segundos de silêncio entre as... amigas, até que Ena dissesse:

—Ou ser sua namorada.

  Talvez ela tenha dito sem pensar ou apenas por brincadeira, talvez tenha achado que um trovão abafaria suas palavras, mas os ouvidos de Wendy eram bons o suficiente para conseguir ouvi-la.

  A morena apenas ficou paralisada, estava tentando processar, talvez entender direito, o que ouviu, enquanto seu coração tentava fugiu de seu peito e parecia abafar o som de qualquer outra coisa que ousasse soar no cômodo. Wendy pensou em dizer algo, questionar o que ouviu, mas a respiração pesada da outra a fez eliminar essa opção.

  Com seus pensamentos confusos e a ação involuntária de imaginar como seria se o que sua amiga lhe disse se tornasse realidade, a morena tentou voltar a dormir e descansar, afinal amanhã é dia de aula e conseguir uma cadeira longe dos intitulados "idiotas" era uma tarefa primordial.

Ena+Wendy?

Curtas-viagensOnde histórias criam vida. Descubra agora