Capítulo dois

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Elizabeth

Eu sorrio para a minha imagem e gosto do que vejo. Finalmente chegou o dia da festa porque eu nunca mais precisarei usar este vestido que está apertando até a minha alma.

__ Está linda - papai diz ao me ver e sorrio fraco, logo a minha mãe também me elogia e o meu irmão me olha de braços cruzados.

__ Está curto demais - Héctor implica e se aproxima beijando a minha testa - Está linda, pirralha - reviro os olhos e o empurro - Vou na frente - ele fala pegando o capacete e rio baixo quando ele sai correndo para a mamãe não brigar por ele ir de moto.

__ Mauro! - minha mãe diz e olha brava para o meu pai, eu respiro fundo e sei que irei o caminho todo escutando-a reclamar.

Eu converso com a Candice por mensagem e ela diz que vai me esperar na entrada, não demora para chegarmos na mansão e eu vou até a minha prima.

__ Que vestido lindo - ela diz e me dá um rápido abraço.

__ E apertado, mas obrigada - respondo sorrindo e elogio a sua roupa que também é um vestido, só que o da Candice é da cor prata e o meu é verde esmeralda com brilho.

__ Vem, vamos entrar! - sou puxada pela mão e nos acomodamos na mesa reservada, eu olho ao redor vendo bastantes rostos conhecidos, mas nenhum que me interesse - Olha o Jeff, já está com outra - Candice alfineta e rio baixo.

__ Você o dispensou, não tem motivos para sentir ciúmes.

__ Não estou com ciúmes, foi só uma observação - rebate cruzando os braços e fulmina com o olhar o casal a poucos metros de nós. Balanço a cabeça e desvio a minha atenção para os alimentos servidos, beberico um pouco do champanhe e faço uma careta, eu e o álcool nunca nos entendemos.

Felizmente a Candice me faz companhia já que os meus pais estão ocupados com os seus amigos e o meu irmão deve estar com alguma mulher, não sei como ainda eu não sou tia.

__ O Bryan nos viu - Candice comenta e faço uma careta.

__ Vamos sair daqui - digo me levantando e vamos até o banheiro - Eu não estou com paciência para falar com ele - comento e Candice arqueia a sobrancelha.

__ Se você não quiser eu quero, ele é gato.

__ Eu não tenho interesse, é todo seu se assim desejar - falo sincera e ela dá de ombros.

__ Vamos no andar de cima? - ela pede e bufo negando - Só um pouco.

__ Deve estar todos sem roupas lá - resmungo já que normalmente nestes eventos sempre há uma ala privada, vamos assim dizer.

__ Eu quero ver uma coisa, o Jeff sumiu - Candice finalmente admite e rio baixo.

__ Está bem, mas eu não vou ficar lá por muito tempo - me rendo e então saímos do banheiro e subimos os degraus, entramos na porta de vidro e vejo o terraço com mais ou menos quinze pessoas conversando e bebendo. Eu vejo o Jeff prestes a beijar a mulher que o acompanha e abro a boca surpresa quando Candice sai do meu lado e vai até eles, mas então eu sinto uma parede atrás de mim, franzo o cenho ao saber que paredes não possuem mãos e muito menos tatuagens - Me desculpa, eu estava dis... - as palavras somem da minha boca quando me viro e vejo André, o meu corpo todo congela, a minha mente fica em branco e tudo ao meu redor parece desaparecer. Pisco algumas vezes pensando estar tendo uma miragem, mas ao sentir algumas pessoas esbarrarem em mim por eu estar no meio do caminho me faz despertar - Eu... é... André? - pergunto sentindo as minhas mãos tremerem, ele está usando uma blusa social que está bastante justa em seu corpo forte e tatuado, mesmo todos os botões estando fechados é possível ver os desenhos em suas mãos e pescoço. Desço o olhar e o vejo usando uma calça social preta e o sapato de couro também é preto, o seu tamanho parece ter triplicado e se eu não o conhecesse eu certamente não chegaria perto dele.

__ García - um outro homem aparece ao lado de André e o entrega uma garrafa de vinho, eles estão usando a mesma roupa e só então me dou conta que eles são os garçons. Franzo o cenho em confusão e André me lança um duro olhar antes de sumir e servir os convidados.

__ García? - questiono confusa e o meu coração batendo em meu peito é a única prova de que ainda estou viva porque as minhas emoções estão intensas e descontroladas me deixando a ponto de ter um desmaio. Eu então me viro e vejo André bastante sério e concentrado em seu trabalho, engulo em seco pelo tratamento ou melhor, pela maneira que ele reagiu ao me ver e é o suficiente para me comprovar que ele não se lembra de mim. Mesmo assim eu não consigo desviar o olhar e o analiso melhor, o seu cabelo ainda está cortado no estilo militar, mas agora está em um loiro desbotado, o que deveria ser ridículo e brega, mas nele está lindo.

Eu me sinto como anos atrás, nada mudou. O meu coração continua acelerado e mesmo eu tentando esconder e negar, André continua vivo dentro de mim, mesmo nunca tendo me feito promessas, ele me marcou sendo a minha primeira e única experiência com o mundo masculino. Balanço a cabeça e pego o copo com uma bebida rosa que há na bandeja de um dos garçons, eu a viro de uma vez e me arrependo já que o líquido desce rasgando e queimando em minha garganta, sem contar do gosto forte de álcool que é horrível.

__ Certo, sem bebida - murmuro para mim mesma e abraço o meu corpo enquanto olho ao longe o André, porém a presença de Candice me faz então lembrar que não estou sozinha aqui.

__ Que cara é essa, parece que viu um fantasma! - ela diz pegando uma bebida e eu balanço a cabeça.

__ O André está aqui.

__ O que? Onde? - eu aponto discretamente e Candice abre a boca parecendo também estar surpresa.

__ Puta que pariu, que homem gos... - eu a belisco a impedindo de continuar com a frase e a olho mortalmente querendo fincar minhas unhas em seu pescoço - Liz, calma, somos primas e amigas, eu só fui pega de surpresa, calma, eu te amo - ela diz rápido e tira os olhos de André - Eu não esperava por isso.

__ Não o olhe assim! - digo brava e ela ri.

__ Você venceu, ninguém pode superar um homem desses - ela então bebe o líquido rosa sem fazer nenhuma careta e pega outra taça - Você já falou com ele? - suspiro e a conto o que aconteceu - Se ele te esqueceu então o faça te conhecer novamente - eu sorrio nervosa e nego já sentindo aquele forte nervosismo, certamente eu gaguejaria mesmo eu nunca tendo feito isso, mas não duvido que eu passaria vergonha.

__ A maneira que ele me olhou deixou claro que ele não se lembra e também não tem interesse, parecia que eu era algum inimigo - comento ao me lembrar de seu olhar gélido e sinto um frio na espinha.

__ Eu já conversei com o Jeff, já podemos voltar ao subsolo.

__ Não - respondo rápido e Candice me olha divertida.

__ Vai querer o delinquente esta noite ou não? Se quiser eu irei te ajudar - mordo o lábio inferior e penso seriamente em suas palavras, mesmo tendo uma forte sensação de que André nem mesmo me dará um segundo olhar.

Exagerado (COMPLETO NA AMAZON) EBOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora