Elizabeth
Eu controlo a minha vontade de pedir ao meu irmão para ir com ele, mas há alguns pontos. Eu detesto estes lugares que ele frequenta e Héctor iria saber que há algo acontecendo porque eu jamais pediria para acompanhá-lo. Outro ponto é que eu certamente não sei me portar em um racha e também não tenho certeza sobre o que acontece lá, e o André certamente pensaria que eu estou indo atrás dele, o que não é mentira, mas eu não quero passar a imagem de desesperada.
__ Eu nos levo pra casa – Candice diz atraindo a minha atenção e sobe na moto do meu irmão.
__ Eu não gosto de motos, não gosto de nada radical, você sabe!
__ Que ironia – ela zomba e sei que está se referindo ao André, suspiro e com bastante dificuldade eu subo na moto alta. Eu sou uma pessoa baixa perto de Candice, do meu irmão e dos meus pais, tenho um metro e sessenta enquanto eles têm acima de um metro e setenta e cinco – Se segura – ela diz e grito quando a moto parece voar, eu me agarro em Candice e a escuto rir diante do meu desespero. Fecho os olhos e faço uma prece para não morrer, fico assim até sentir a moto parar e quando abro os olhos vejo que estou na casa da minha prima.
__ Eu nunca mais subirei em uma moto com você – digo sentindo as minhas pernas como gelatina, a minha prima ri e então vamos em direção de seu quarto.
__ O que me diz de irmos no racha? - eu encaro a mulher em minha frente e rio como se ela estivesse maluca – É sério, Liz. Não iremos fazer nada aqui e eu sei que você quer estar perto do delinquente.
__ Pare de chamá-lo assim, e eu não vou neste lugar, além de eu não gostar e do Héctor desconfiar, não quero forçar com o André. Ele não se lembra de mim ou não quer ter nada comigo, e eu já entendi – digo tentando ser coerente mesmo que o meu coração se aperte ao saber que a pessoa que eu passei anos desejando está nem aí para mim, mas isto tudo é culpa minha, André nunca me prometeu nada. Eu me apaixonei e tive pensamentos idiotas sobre nós dois.
__ Está bem – Candice diz e se deita em sua cama, ela liga a televisão e tento me concentrar no aqui e no agora.
Escuto o meu celular vibrar ao meu lado e resmungo abrindo os olhos, percebo que peguei no sono e Candice também já que dorme. Desvio a minha atenção para o aparelho eletrônico e vejo que Héctor está me ligando.
__ O que foi? – pergunto ao atender.
__ Onde você está? Preciso da minha moto.
__ Estou na Candi – murmuro e bocejo querendo voltar a dormir.
__ Estou indo aí, precisamente em meia hora.
__ Ok – respondo e encerro a ligação, suspiro me sentando e vou até o banheiro. Felizmente a minha maquiagem está intacta assim como o cabelo, resolvo não mexer em nada já que quando chegar em minha casa eu tomarei um banho.
Eu volto ao quarto e Candice está de olhos abertos.
__ Héctor está vindo pegar a moto, eu vou embora com ele.
__ Por que não dorme aqui?
__ Eu vou viajar esqueceu? Volto somente na terça – Candice assente e passa a mão no rosto. Desvio a minha atenção para a televisão ligada no filme e ficamos em silêncio até escutarmos um barulho de buzina – Deve ser o Héctor – murmuro me levantando e coloco os saltos em meus pés.
__ E não está sozinho... – Candice diz, mas dou de ombros porque o Héctor tem amigos em todos os lugares da cidade e deve ter pego uma carona. Eu me despeço da minha prima e a escuto dizer algo sobre eu tomar cuidado, mas não presto muita atenção.
Eu saio da casa e vou até o meu irmão que está tirando a sua moto da garagem.
__ Eu vou passar em um lugar antes de voltar pra casa – ele diz e somente balanço a cabeça, olho para o carro que provavelmente trouxe o meu irmão e vejo que ele é bastante antigo, porém está bem cuidado e não é um carro feio – Quer ajuda pra subir? - Héctor me pergunta e assinto, ele então me ajuda a subir na moto e bufo irritada por odiar este veículo - Quer ir de carro? - o meu irmão aponta e o vento gelado me faz encolher, a minha roupa não é apropriada para estar aqui e eu não quero passar frio.
__ É confiável? - pergunto e Héctor ri.
__ Nem um pouco, mas é somente uma carona, ninguém mexe com você, Eliza - Héctor então caminha até o carro parado e conversa com a pessoa que está dirigindo durante alguns minutos – Vem – o meu irmão diz e reviro os olhos descendo da moto com um pouco de dificuldade, então vou até o carro e o meu irmão abre a porta pra mim, percebo que ele me fez sentar atrás e isto é bastante claro para não puxar conversar com este seu amigo, porém ao entrar no carro, eu sinto o cheiro do perfume de André e mesmo estando de noite e com pouca iluminação, eu reconheço a pessoa em minha frente.
O meu corpo paralisa e gela, o meu coração bate acelerado e as minhas mãos estão trêmulas. Héctor fala comigo, mas eu não consigo escutar uma só palavra, o meu cérebro não parece estar funcionando neste momento. Os meus olhos estão no retrovisor e quando vejo o olhar frio e raivoso de André para mim, penso que irei desmaiar. O meu irmão fecha a porta me tirando do transe e engulo em seco não sabendo ao certo o que pensar ou dizer, eu então encaro o meu colo e aos poucos, tento voltar para a realidade.
Eu estou sozinha com o André, o homem por quem sou perdidamente apaixonada, porém ele não se lembra de mim ou não se importa, e mesmo sendo doloroso aceitar isto, eu não posso forçá-lo a corresponder os meus sentimentos.
__ Boa noite – sussurro sem erguer o olhar e não obtenho resposta, porém o arrepio em minha espinha me dá a certeza de que André me encara. Mas eu fico quieta e sem olhá-lo, quando o carro é ligado, ele faz um barulho forte e irritante, André dirige muito rápido e eu aperto o cinto de segurança como se a minha vida dependesse disso.
A minha garganta está seca e a minha cabeça está começando a latejar, talvez pela surpresa que tive. Eu fecho os olhos por alguns segundos e a minha mente traidora me faz voltar para anos atrás, precisamente quando estive com o André. O seu cheiro não é mais o mesmo, está ainda melhor, mais másculo, amadeirado, forte... As lembranças de ter as suas mãos grandes e pesadas em minha cintura me faz estremecer assim como eu me derretia ao ter sua boca experiente e macia sobre a minha.
As minhas bochechas esquentam diante dos meus pensamentos e abro os olhos envergonhada, encaro a janela e vejo a paisagem da cidade passarem como um vulto. Eu me encolho no assento e não demora cinco minutos para o carro parar em um bairro que aparenta abandonado. É inevitável eu não sentir medo e olho para trás na esperança de ver o meu irmão, mas não há sinal dele. Então eu pego o meu celular na tentativa de mandá-lo mensagem e vejo que não há sinal neste lugar, engulo em seco e olho para o retrovisor, vejo André encarando o nada e a sua expressão é dura, como estivesse irritado.
Eu tenho vontade de fazer perguntas, muitas perguntas, mas a Elizabeth corajosa e destemida não se faz presente neste momento, na verdade, ela nunca esteve diante do André.
O livro já está disponível na Amazon, lembrando que já contém o epílogo <3
https://www.amazon.com.br/dp/B0BZZY3RH5
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Exagerado (COMPLETO NA AMAZON) EBOOK
Roman d'amourElizabeth conheceu o bad boy André no colégio, eles tiveram um rápido envolvimento, porém marcante. André foi embora deixando Elizabeth para trás cheia de dúvidas gerando alguns desentendimentos, mas anos depois ele está de volta, e Elizabeth que pe...