Capítulo quatro

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Elizabeth

Eu controlo a minha vontade de pedir ao meu irmão para ir com ele, mas há alguns pontos. Eu detesto estes lugares que ele frequenta e Héctor iria saber que há algo acontecendo porque eu jamais pediria para acompanhá-lo. Outro ponto é que eu certamente não sei me portar em um racha e também não tenho certeza sobre o que acontece lá, e o André certamente pensaria que eu estou indo atrás dele, o que não é mentira, mas eu não quero passar a imagem de desesperada.

__ Eu nos levo pra casa – Candice diz atraindo a minha atenção e sobe na moto do meu irmão.

__ Eu não gosto de motos, não gosto de nada radical, você sabe!

__ Que ironia – ela zomba e sei que está se referindo ao André, suspiro e com bastante dificuldade eu subo na moto alta. Eu sou uma pessoa baixa perto de Candice, do meu irmão e dos meus pais, tenho um metro e sessenta enquanto eles têm acima de um metro e setenta e cinco – Se segura – ela diz e grito quando a moto parece voar, eu me agarro em Candice e a escuto rir diante do meu desespero. Fecho os olhos e faço uma prece para não morrer, fico assim até sentir a moto parar e quando abro os olhos vejo que estou na casa da minha prima.

__ Eu nunca mais subirei em uma moto com você – digo sentindo as minhas pernas como gelatina, a minha prima ri e então vamos em direção de seu quarto.

__ O que me diz de irmos no racha? - eu encaro a mulher em minha frente e rio como se ela estivesse maluca – É sério, Liz. Não iremos fazer nada aqui e eu sei que você quer estar perto do delinquente.

__ Pare de chamá-lo assim, e eu não vou neste lugar, além de eu não gostar e do Héctor desconfiar, não quero forçar com o André. Ele não se lembra de mim ou não quer ter nada comigo, e eu já entendi – digo tentando ser coerente mesmo que o meu coração se aperte ao saber que a pessoa que eu passei anos desejando está nem aí para mim, mas isto tudo é culpa minha, André nunca me prometeu nada. Eu me apaixonei e tive pensamentos idiotas sobre nós dois.

__ Está bem – Candice diz e se deita em sua cama, ela liga a televisão e tento me concentrar no aqui e no agora.

Escuto o meu celular vibrar ao meu lado e resmungo abrindo os olhos, percebo que peguei no sono e Candice também já que dorme. Desvio a minha atenção para o aparelho eletrônico e vejo que Héctor está me ligando.

__ O que foi? – pergunto ao atender.

__ Onde você está? Preciso da minha moto.

__ Estou na Candi – murmuro e bocejo querendo voltar a dormir.

__ Estou indo aí, precisamente em meia hora.

__ Ok – respondo e encerro a ligação, suspiro me sentando e vou até o banheiro. Felizmente a minha maquiagem está intacta assim como o cabelo, resolvo não mexer em nada já que quando chegar em minha casa eu tomarei um banho.

Eu volto ao quarto e Candice está de olhos abertos.

__ Héctor está vindo pegar a moto, eu vou embora com ele.

__ Por que não dorme aqui?

__ Eu vou viajar esqueceu? Volto somente na terça – Candice assente e passa a mão no rosto. Desvio a minha atenção para a televisão ligada no filme e ficamos em silêncio até escutarmos um barulho de buzina – Deve ser o Héctor – murmuro me levantando e coloco os saltos em meus pés.

__ E não está sozinho... – Candice diz, mas dou de ombros porque o Héctor tem amigos em todos os lugares da cidade e deve ter pego uma carona. Eu me despeço da minha prima e a escuto dizer algo sobre eu tomar cuidado, mas não presto muita atenção.

Eu saio da casa e vou até o meu irmão que está tirando a sua moto da garagem.

__ Eu vou passar em um lugar antes de voltar pra casa – ele diz e somente balanço a cabeça, olho para o carro que provavelmente trouxe o meu irmão e vejo que ele é bastante antigo, porém está bem cuidado e não é um carro feio – Quer ajuda pra subir? - Héctor me pergunta e assinto, ele então me ajuda a subir na moto e bufo irritada por odiar este veículo - Quer ir de carro? - o meu irmão aponta e o vento gelado me faz encolher, a minha roupa não é apropriada para estar aqui e eu não quero passar frio.

__ É confiável? - pergunto e Héctor ri.

__ Nem um pouco, mas é somente uma carona, ninguém mexe com você, Eliza - Héctor então caminha até o carro parado e conversa com a pessoa que está dirigindo durante alguns minutos – Vem – o meu irmão diz e reviro os olhos descendo da moto com um pouco de dificuldade, então vou até o carro e o meu irmão abre a porta pra mim, percebo que ele me fez sentar atrás e isto é bastante claro para não puxar conversar com este seu amigo, porém ao entrar no carro, eu sinto o cheiro do perfume de André e mesmo estando de noite e com pouca iluminação, eu reconheço a pessoa em minha frente.

O meu corpo paralisa e gela, o meu coração bate acelerado e as minhas mãos estão trêmulas. Héctor fala comigo, mas eu não consigo escutar uma só palavra, o meu cérebro não parece estar funcionando neste momento. Os meus olhos estão no retrovisor e quando vejo o olhar frio e raivoso de André para mim, penso que irei desmaiar. O meu irmão fecha a porta me tirando do transe e engulo em seco não sabendo ao certo o que pensar ou dizer, eu então encaro o meu colo e aos poucos, tento voltar para a realidade.

Eu estou sozinha com o André, o homem por quem sou perdidamente apaixonada, porém ele não se lembra de mim ou não se importa, e mesmo sendo doloroso aceitar isto, eu não posso forçá-lo a corresponder os meus sentimentos.

__ Boa noite – sussurro sem erguer o olhar e não obtenho resposta, porém o arrepio em minha espinha me dá a certeza de que André me encara. Mas eu fico quieta e sem olhá-lo, quando o carro é ligado, ele faz um barulho forte e irritante, André dirige muito rápido e eu aperto o cinto de segurança como se a minha vida dependesse disso.

A minha garganta está seca e a minha cabeça está começando a latejar, talvez pela surpresa que tive. Eu fecho os olhos por alguns segundos e a minha mente traidora me faz voltar para anos atrás, precisamente quando estive com o André. O seu cheiro não é mais o mesmo, está ainda melhor, mais másculo, amadeirado, forte... As lembranças de ter as suas mãos grandes e pesadas em minha cintura me faz estremecer assim como eu me derretia ao ter sua boca experiente e macia sobre a minha.

As minhas bochechas esquentam diante dos meus pensamentos e abro os olhos envergonhada, encaro a janela e vejo a paisagem da cidade passarem como um vulto. Eu me encolho no assento e não demora cinco minutos para o carro parar em um bairro que aparenta abandonado. É inevitável eu não sentir medo e olho para trás na esperança de ver o meu irmão, mas não há sinal dele. Então eu pego o meu celular na tentativa de mandá-lo mensagem e vejo que não há sinal neste lugar, engulo em seco e olho para o retrovisor, vejo André encarando o nada e a sua expressão é dura, como estivesse irritado.

Eu tenho vontade de fazer perguntas, muitas perguntas, mas a Elizabeth corajosa e destemida não se faz presente neste momento, na verdade, ela nunca esteve diante do André. 

O livro já está disponível na Amazon, lembrando que já contém o epílogo <3

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