5º O Forte com os livros do Anthony

389 49 9
                                    

      Gal entra na biblioteca seguido por seus dois minions a passos leves. Eles começam a cuidadosamente pegar todos os livros e empilhar no meio da sala até formar quatro "torres" altas o suficiente pra engatinhar por baixo delas, e eles estendendo um lençol por cima e usam os livros restantes para prende-lo no lugar. O forte está quase pronto e Nubi e Henri vão para os fundos pegar os últimos livros que faltam, o mais velho dos três fica arrumando o lençol para fazer as paredes quando a porta da biblioteca se abre e ele ouve a voz do padre Ronaldo.
     A pouca cor que tinha no rosto do jovem escorre assim como o arrepio que desce por sua espinha. Ele se vira lentamente e a pessoa parada atras do padre faz ele soltar um suspiro quase aliviado antes de abrir um sorriso largo e exclamar em alto e bom tom.
  — Foi o Anthony! – Gal acusa escondendo as mais nas costas.
  — O Anthony é muito pequeno pra fazer isso sozinho – Arnaldo aponta parecendo divertido pela situação. – E ele está no pátio...
  — Mas a ideia foi dele... – o adolescente retruca de imediato.
     Arnaldo não acredita de jeito nenhum e ri da tentativa do mais novo, o irmão escolhido era a última pessoa que faria isso. O ator já estava quase acreditando que o adolescente fazia isso de propósito, porque não havia como um jovem tão esperto escolher tão mal seus bodes espiatórios. Quem não parecia tão feliz com a situação era o outro adulto.
  — Isso é inadmissível! Deus está muito desapontado com você, Gal. – o padre exclama dando um passo a frente.
     O rapaz não se move, em outros momentos ele teria medo, mas agora ele é intocável. Se tem algo que as crianças aprenderam é que "quando o Arnaldo está por perto" não há punições físicas. O homem parece perceber isso e sua raiva aumenta visivelmente enquanto ele tenta achar uma punição boa o bastante, mas sem ser absurda.
  — Arrume tudo de volta. – o padre Ronaldo sussurra praticamente rosnando antes de abrir um sorriso mais falso que o do adolescente e se vira para o Arnaldo chamando ele para olhar outro cômodo.
    Gal fica sorrindo e acenando para o padre que sai com Arnaldo espumando de raiva. As duas crianças saem de seu escondido atrás das estantes e abraçam o irmãos mais velho com olhos lacrimejando.
  — Ok, mudança de planos. – Gal fala acariciando o cabelos das crianças. – Vamos fazer o forte de lençóis no meu quarto.
   Henri e Nubi comemoram e estão prestes a correr para a porta quando são segurados pelo maior.
  — Mas primeiro vocês vão me ajudar com a bagunça. – o adolescente avisa puxando a dupla até a pilha de livros.
     Os dois murcham visivelmente, mas ajudam de qualquer forma. Não havia um livro sequer no lugar certo.

5 vezes que o Gal culpou alguém (e 1 vez que ele assumiu a culpa)Onde histórias criam vida. Descubra agora