Capítulo 5 - Depois da Tempestade

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Na manhã seguinte eu levantei. Digo levantei porque não podia chamar aqueles cochilos de sono, então eu não tinha como ter acordado. Apenas levantei depois de desistir dos pesadelos.

Lavei o rosto no banheiro, abri a porta do quarto e vi Jinggles sentado no meio do corredor. Ele me olhou com olhos acusadores. Claro, Loki estava ocupando o quarto que meu gato rapidamente havia se apossado e agora acreditava ser dele. Entrei outra vez ao lembrar que ele estava na casa, passei um pente nos cabelos e lavei o rosto. Eu estava me sentindo cansada, mas bem dentro do possível. Era como se a noite de ontem tivesse sido um pesadelo e Loki tivesse me acordado na hora certa. Podia ter sido muito pior.

Fui direto à cozinha, abri a geladeira e puxei dois cupcakes que havia feito no dia anterior, rosas de glacê decoravam o topo deles, peguei também dois copos de suco de uva, acrescentei uma grande fatia de melancia. Voltei à sala trazendo tudo numa bandejinha que deixei em cima da mesa de vidro. Eu não iria treinar hoje nem sob tortura. Fui até a varanda deixando o sol tocar minha pele. Ouvi barulho na sala. Loki estava parado bem no meio. Ele usava outras roupas que, até onde eu sabia, não tinha com ele ontem. Era a armadura completa que eu o vira usando na batalha de Nova York. Dessa vez não havia capacete. Ele tinha um cheiro amadeirado que eu gostava. Mas eu não tinha perfume masculino no banheiro.

— Como...? — questionei olhando para a roupa. Ele deu de ombros. Típico. — Obrigada por ontem — finalmente agradeci indicando a mesa e colocando o suco e o cupcake no lado oposto ao meu. Ele me encarou certo de que eu era maluca.

— Ich will das nicht — recusou mais uma vez o que eu oferecia, dessa vez em alemão. Muitos anos tinham se passado desde que ouvira meu idioma falado por outra pessoa diretamente a mim. Fiquei olhando para ele por alguns segundos sem saber o que dizer.

— Você não precisa querer — respondi no mesmo idioma. — Estou agradecendo. Apenas aceite a ideia.

— Não sou acostumado a ter muitas pessoas me agradecendo — continuou sem se sentar. Olhei para ele, meu suco a meio caminho dos lábios. Eu realmente não sabia o que responder.

— Bom, eu estou agradecendo — concluí como uma tonta. — Você fez uma coisa boa por mim. Então eu agradeço. — Para minha surpresa Loki pareceu repentinamente chocado. Como se eu tivesse atirado uma pedra nele ou coisa parecida. Puxou a cadeira sentando-a à minha frente e deu uma dentada no cupcake, os olhos fixos em mim. Me senti completamente perdida por um segundo, desviei o olhar e coloquei uma mecha de cabelos atrás da orelha para disfarçar meu desconforto. Terminamos de comer em silêncio. Ele apontou a melancia.

— O que é isso? — interpelou em alemão.

— O que? A melancia? — Perguntei atrapalhada. — Isso é uma fruta. Não tem em Asgard?

— Se tem, eu nunca vi — Esclareceu puxando uma fatia. Encarou por alguns segundos e mordeu com sementes e tudo. Eu ri. Será que Thor tinha feito coisas assim também? — Que foi? — Perguntou friamente.

— Você tinha que ter tirado as sementes — respondi com algum humor. Ele olhou outro pedaço notando-as. Para minha surpresa, ele também sorriu. Esperei que terminasse de comer e lavei a louça em silêncio. Ele foi para a varanda.

Eu não estava acostumada a ter visitas. Desde que deixara as ruas tinha morado sozinha após um breve período com Pepper. E isso fazia um bom tempo. Pelo menos sete anos para mortais era bastante tempo.

O segui para a varanda, onde o encontrei apoiado nos cotovelos olhando em direção a Stark Industries com uma expressão divagadora.

— Nem pense nisso — Alertei. Ele virou, um sorriso brincando nos lábios. Sorri de volta involuntariamente.

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