CAPÍTULO UM

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❝𝑂 𝑚𝑒𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖 𝑎 𝑝𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠❞

- 𝓟𝓻𝓸𝓿𝓮́𝓻𝓫𝓲𝓸 𝓼𝓾𝓮𝓬𝓸

[...]

𝒪𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜, 𝑑𝑖𝑎 2

𝑇𝘩𝑒𝑟𝑜𝑛𝑑𝑖𝑎

Os raios de sol entravam entre as frestas da janela e batiam contra o rosto da garota que dormia serenamente debaixo das finas cobertas. O incômodo em seus olhos a despertou, piscou algumas vezes se acostumando com o ambiente e sentou-se na cama. Rondou o lugar não reconhecendo onde estava, lembranças da noite passada voltaram como flashes em sua mente. Ainda podia sentir a força dos golpes que lhe eram acertados, o gosto metálico em sua boca depois do soco. A ardência em cada músculo de seu corpo, queimando cada célula em seu sangue. O cheiro do sangue e os corpos de seus pais sem vida. Sua casa que sempre vivera em chamas. Não lhe restava mais nada, nada além de memórias. Seus olhos ardiam a cada lembrança que surgia em sua mente, as lágrimas se tornaram urgentes, escorriam incessantemente por seu rosto, os soluços cortavam o silêncio da calma manhã.

Os minutos se tornaram horas, não havia mais lágrimas para derramar, seus olhos estavam vermelhos e inchados, sua cabeça doía de tanto chorar. Passos ressoavam entre as paredes no corredor, despertando-a, segundos depois a porta foi aberta, limpou rapidamente os rastros das lágrimas.

- Ótimo, já acordou - a voz rouca da mulher preencheu o cômodo, depositou roupas novas em sua cama e um par de botas ao chão. Jogou uma fatia de pão e alcançou um copo com água.

- Você... - vociferou a garota, olhando-a com ódio, bateu em sua mão, jogando o copo do outro lado do quarto.

- Precisa se hidratar.

A assassina sustentou o olhar sério ao furioso da garota.

- Vista-se e coma pelo menos - pediu calmamente. - Sairemos daqui a pouco.

- Não irei a lugar algum com você! - a garota levantou e arremessou o pão com força, quase acertando o rosto da assassina que o pegou no ar com facilidade.

Um suspiro escapou dos lábios da assassina antes de aproximar-se da garota.

- Darei apenas duas opções, garota - com o olhar vidrado no cinza dos olhos da assassina, engoliu em seco. - Você irá comigo por livre e espontânea vontade, e lhe darei inúmeras coisas que você nunca iria ter em sua vidinha medíocre de fazendeira - suas palavras fizeram-na recuar um passo. - Ou, posso pegá-la em meus braços e levá-la à força, mas não será conveniente para nenhuma de nós duas. Escolha! Eu não quero e não deixarei que morra, deixá-la aqui sozinha é o mesmo que uma sentença de morte. Então escolha, garota, ou irá deixar nas mãos dos Deuses e que eu tome a decisão por você?

- E-Eu... - seus olhos ardiam e sua voz estava falha, o maxilar rígido, suas mãos fechadas em punhos, apertando o máximo que conseguia, tentando aliviar a raiva que sentia de si mesma naquele momento. Podia sentir suas unhas cravarem em sua pele, não duvidava a palma de suas mãos sangrassem a qualquer momento. - Eu vou... com você.

A mulher assentiu e estendeu o pão em sua direção.

- Bom, agora você precisa se alimentar. Depois vista-se, garota.

- Se irei com você, devia ao menos chamar-me pelo nome. Me chamo Nya.

- Como desejar. Coma e vista-se. Nya.

A Herdeira EsquecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora