𝑵𝒆𝒎 𝒐𝒔 𝑫𝒆𝒖𝒔𝒆𝒔 𝒔𝒆𝒓𝒂̃𝒐 𝒄𝒂𝒑𝒂𝒛𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒔𝒂𝒍𝒗𝒂́-𝒍𝒐𝒔.
Nya nunca pensou em como sua vida acabaria, muito menos daquela maneira. Uma noite que iniciou calma e terminou como um pesadelo, com chamas ardentes, suspiros angustiantes...
A três dias, ela tentou fugir pela segunda vez. A assassina a mandou levar os cavalos para beberem água no rio a poucos metros de distância. Obedientemente, Nya os levou. A beira do rio, olhou em volta, não podia ser visto por nenhum dos dois. Amarrou os dois cavalos em uma árvore e correu, correu como se sua vida dependesse - e de certa maneira, dependia -, sua respiração ficou ofegante, entrava e saia ritmadamente de sua boca. Minutos se passaram, correndo entre as árvores, desviando de galhos e raízes, Nya tropeçou. Seu corpo foi lançado para frente, indo de encontro com o chão, seus olhos lacrimejaram devido à dor que sentiu, o vermelho tingindo a palma das mãos pelo corte causado na queda. A garota levantou-se com dificuldade, tentando recuperar o folego enquanto olhava para os lados, checando se não foi seguida. Escutou um galho quebrar atrás de si, alguém pisou nele. Um arrepio percorreu sua coluna assim que virou o corpo, o vislumbre daqueles cabelos dourados, o cheiro frutado de verbena que vinha das madeixas, e aquele cinza olhando intensamente para ela.
Aqueles olhos, ela nunca os esqueceria. A tinta preta que delineava, contornava seus olhos, destacando aquele intenso azul acinzentada. Parecia conseguir enxergar tudo que ela tentava esconder.
Nenhuma palavra foi dita pela assassina, muito menos pela jovem ao ser guiada de volta ao 'acampamento'. Selena parecia com raiva, um pouco chateada, mas não brigou ou ameaçou Nya. O silêncio da mulher a intrigou, ela deveria estar com medo, esperando o que Selena estava planejando fazer com ela, mas chegando próximo a rio novamente, nada aconteceu, nem um grito ou agressão física, o único machucado que tinha era o da queda. A noite comeram em silêncio, a assassina mal olhou para ela; quando foram dormir, Selena finalmente pareceu enxergá-la, velando seu sono como em todas as noites anteriores.
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No início da quinta semana, chegaram a Kiriadar, completando um mês de viagem. A curiosidade de Cönrad - e um pouco de Nya, que apenas escutava os questionamentos do rapaz - sobre o lugar já estava irritando Selena, sempre perguntando com animação e fazendo algumas piadas com a assassina. Esse período os permitiu se conhecerem um pouco. Em uma de suas noites "sozinhos", Cönrad perguntou a Nya sobre sua história, queria saber que caminho havia tomado para lavá-la até Selena. A garota, após muita insistência do ladrão, contou o que aconteceu naquela noite, como perdeu tudo que amava e como se sentiu, como Selena não lhe deu escolha a não ser ir com ela. O rapaz a abraçou forte naquela noite, a embalou em seus braços enquanto as lágrimas da garota molhavam sua roupa, depois de quase uma hora, Nya se acalmou aos poucos, cedendo ao cansaço e adormeceu.
Naquela mesma noite, Nya jurou a si mesma que se vingaria, com as próprias mãos, faria Selena sofrer todos os dias como ela estava sofrendo.
A jovem perguntava-se se tudo o que Selena contou era verdade, ou apenas mais uma mentira, afinal todos podemos e mentimos quando nos é necessário ou conveniente para nós. Seu nome era mesmo Selena Strøm? Ou apena o nome de alguém ao qual ela tomou sua identidade? Como confiar em alguém que surgiu do nada dizendo ter uma oportunidade de ouro e não se mostrar confiável, alguém para se acreditar.
