Almoço em família. Parte final

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As duas noivas observaram o gêmeo e a investigadora saírem em direção a cidade, mas logo voltaram sua atenção uma para a outra. Agora que estava mais calma, Soraya repousa uma mão no rosto da mais velha e o direciona para encontrar o olhar castanho escuro com os seus castanhos claros preocupados.

- Você tem noção de quanto tempo você ficou
sumida? Eu entrei em pânico, Tebet. achando que tinha te perdido de vez. - Soraya pergunta enquanto sobe a outra mão e afagava as costas da morena para esquenta-la do frio, mas ainda a olhando com firmeza,
querendo demonstrar que por mais que não estivesse brava, também não estava nada feliz com seu sumiço

-Ao menos comprou a porcaria do celular?

- Não, eles não tinham o modelo que eu queria, então não comprei. - a mais velha não iria dizer que não quis comprar por conta dela - E não sei porque o desespero, era óbvio que eu iria voltar para o porto, já que não tinha contato com você.

Soraya ergueu uma sobrancelha e a olhou desconfiada, já que tinha visto exatamente o modelo de celular que ela gosta de usar, na loja de seu pai.

- E porque não pediu outros modelos pras vendedoras? - a loira se curvava cada vez mais para frente, querendo ficar mais próximo do rosto da morena - Elas podiam pedir o que você queria pela internet e chegaria rapidinho.

A mais velha não consegue sustentar o seu olhar escuro nos claros de Soraya depois dessa pergunta, estava cada vez mais difícil mentir para ela olhando em seus olhos, então para tentar manipular a situação, ela pega a mão da loira que estava em seu rosto.

- Simone, eu te fiz uma pergunta. - a loira percebeu que ela estava querendo evitar de falar e não iria deixar isso passar- Vamos, para de manha e desembucha.

- Porque não, Soraya. - a morena se aconchegou ainda mais nos braços da loira e descansou a cabeça em seu colo enquanto tentava desviar sua atenção com o carinho em seus cabelos, assim não teria que encarar aquela loira irritada - Não queria perder tempo na loja, as atendentes são muito lerdas.

-Certo. - Soraya não era boba, já sabia o significado de muitos dos trejeitos de sua noiva, percebendo que ela estava escondendo a verdade naquelas desculpas esfarrapadas - Então você me deixou louca da vida, ao ponto de eu ter que chamar a polícia já que você resolveu sumir, só porque não tinham o modelo de celular que você queria?

-É sim.- Simone concorda simplista, voltando seu olhar escuro audacioso para encontrar os claros indignados da loira - Você chamou a polícia porque quis Soraya, eu estava aqui no porto o tempo todo, você que foi besta de não me procurar aqui primeiro.

A loira encarou aqueles olhos escuros e sorriso atrevido da morena, a vontade de jogá-la no mar gelado estava tomando conta do seu ser, mas se controlou pois de nada adiantaria descontar a raiva ali.

-Nem nas nossas férias você para de me dar trabalho, Tebet. - a loira franziu o rosto muito irritada com sua fala, parando o carinho em seu cabelo e repousando a mão de volta para a cintura da noiva - Você não pode fazer o que bem entende e depois sumir por aí, você quer me enlouquecer? Isso não estava no contrato!

-Aceitou casar comigo porque quis, Thronicke. - Simone estava se divertindo com a cara irritada dela, enquanto sobe uma das mãos para acariciar os cabelos dourados da nuca da noiva, cedendo novamente ao desejo de tomar aqueles lábios para si - Você que aguente as minhas loucuras, já que estou tendo que aguentar as suas...

Simone firmou a mão na nuca da noiva e se inclinou para alcançar a boca que tanto ansiava, já umedecendo os lábios em antecipação para roubar mais um beijo daqueles lábios rosados e viciantes.


[...]

Após todas as carícias e brigas que as duas causaram pelas ruas de Stika, decidiram voltar para se reunirem com o restante da familia e irem embora para a mansão.

Apesar das duas não pararem de brigar desde que saíram da cidade, não ficavam muito tempo longe uma da outra, estavam sempre se provocando ou entretidas com alguma coisa na televisão. E para evitar que o clima voltasse a esquentar entre Simone e Randor, Soraya e
Regina combinaram que não iriam deixar que os dois ficassem no mesmo recinto sozinhos, pelo menos até esfriarem a cabeça.

Até mesmo na hora de dormir, as duas não pararam de se provocar, deixando uma loira muito furiosa com sua noiva.

- Simone, já falei pra você parar de me encher o saco!- a loira ralhou para a morena enquanto observava sua blusa de moletom aos farrapos - Eu juro, que se você estragar mais uma blusa minha eu rasgo todas as suas!

-Não sei pra que todo esse escândalo, foi você que inventou de me levar para onde eu não queria ir. — estava muito frio aquela noite mesmo sendo verão no Alasca, fazendo com que a morena se enfiasse para dentro das cobertas grossas - Depois eu compro mais roupa pra você, princesa.

Soraya revirava os olhos com o novo apelido, estava o detestando, mas também não repreendia a morena por usá-lo. Deixou sua blusa de lado e colocou uma outra de malha fina e de mangas compridas para poder dormir mais aquecida, depois acendeu uma brasa na fogueira pois a previsão do tempo marcava temperaturas chegando a 0°, pensando que a mais velha provavelmente congelaria durante a madrugada.

Quando se virou para a cama, viu o montinho de Simone se mexendo dentro das cobertas, ela parecia estar se acomodando para poder dormir. E a loira não iria perder a oportunidade de ir atentar sua noiva, sem medo do perigo.

-All! - a morena gritou quando sentiu um corpo pesado deitar-se por cima de si - Sai de cima de mim sua tarada!

- Nossa, que travesseiro agressivo esse que eu tenho na minha cama! - a loira dava uma de desentendida para a morena, continuando a colocar mais peso por cima do montinho, já que estaria a salvo da noiva - Acho que eu vou dormir aqui, é tão fofinho!

Tudo o que Soraya ouvia eram reclamações raivosas abaixo de si.

- Pede desculpa que eu te liberto. - a loira não tinha esquecido a raiva que sentiu da noiva durante a tarde e agora era impossível dela fugir novamente.

- Nunca!- Simone não cederia às provocações da loira, jamais pediria perdão pelo o que fez - Vai ter que me matar esmagada!

Soraya dá altas gargalhadas com as reclamações de Simone, sabia que ela não ia pedir desculpas enquanto se achasse a dona da verdade, então desistiu de tortura- la e deixou o montinho raivoso em paz, indo em direção para seu lado da cama se enfiar nas grossas cobertas e se aconchegar em seus travesseiros para se esconder do frio.

- Não vai ter o muro hoje? - a loira tinha notado que acordou de manhã sem nenhum travesseiro espalhado pela cama, mas só agora percebeu que a morena foi dormir sem rguê-lo.

- E adianta? Você sempre desmancha ele.

Soraya não revida a fala da mais velha, ficando pensativa por um tempo, mas logo um sorriso besta surge em seu rosto e sente um formigamento em seu estômago.

-Hoje a noite vai fazer bastante frio, fica aqui pertinho.- a loira tenta não aparentar que estava nervosa com o pedido, até ficou de costas para a mais velha para incentivá-la a se aproximar

A loira ouviu a morena se mexendo na cama e não demorou muito até sentir as costas de Simone nas suas. Nenhuma das duas ousou dizer mais alguma coisa, apenas aproveitaram o barulho do vento forte chacoalhando as árvores e do crepitar do fogo na lareira, não demorando muito para se entregarem ao sono merecido.

A proposta - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora