AVISOS: Menção à morte e violência.
LEITURA PRÉVIA RECOMENDADA: Novel- Ópera em Marte (disponível aqui no Wattpad!)
NOTAS DO AUTOR: Olá! Voltando aqui depois de um tempo para dar continuidade para a saga do universo de DEV&LUCIE. Essa com certeza é uma das novels mais esperadas por aqui e espero muito que gostem!
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Nos meus sonhos eu podia listar todas as coisas a qual sentia saudade.
O sol, o ar fresco da manhã, o cantar doce dos passarinhos, o orvalho caindo sob minha testa e o toque suave de alguém querido.
Esse alguém querido se chamava Astaroth.
Podíamos ser gêmeos idênticos, mas aquela criatura era o exemplo da mais pura e inocente beleza, um rosto esculpido à mão, cabelos ruivos ondulados que pareciam algodão. Por mais que não houvesse diferença entre nós - apenas minha falta de uma boa visão-, o seu sorriso era cativante como a lua e sua pele reluzia como ouro. Uma beleza única.
Astaroth era tudo que eu tinha.
Em meus sonhos eu tinha o poder de lembrar de tudo que havíamos vivido. De como viajávamos tranquilamente com os outros demônios, algo como uma peregrinação. Dormíamos nas florestas, tomávamos banhos de rio e andávamos nús. Éramos todos anjos caídos e corrompidos, a revolução dos demônios havia acontecido e muitos de nós haviam morrido nos céus, muitos ainda estavam feridos e nossa missão era dominar a Terra.
Eu me sentia cansado na maioria do tempo, assim como desde o momento em que nasci. Mas assim como no início de tudo, Astaroth estava sempre lá para me beliscar e me livrar do meu mundo dos sonhos. As memórias em minha mente das manhãs onde eu era acordado por eli pareciam frescas em meus sonhos. Conseguia sentir o toque do seu cabelo, a maciez da sua pele, conseguia ver o seu sorriso claro como o sol.
Astaroth tudo que eu tinha.
Desde meu nascimento até minha vida adulta, cresci com o fato de que se ninguém me acordasse, eu entraria em um sono eterno e profundo. Se eu não tivesse sido acordado por alguém após meu nascimento, talvez estivesse dormindo até os dias de hoje. Astaroth era tudo que eu tinha porque me acordava todas as manhãs e aquela era sua atividade favorita.
Muitas vezes me senti como um fardo por não poder acordar sozinho, mas eli sempre fazia questão de me dizer que cuidar de mim não era uma coisa ruim e que faria aquilo pra sempre. Eu era o irmão mais velho, era eu quem deveria estar cuidando daquela criatura adorável e gentil.
Certo dia após me acordar, Axel foi com Beelzebub- outro demônio que peregrinava conosco- buscar água no rio para que bebêssemos, deixando-me sozinho no nosso pequeno acampamento entre as árvores.
Arrumei os panos onde dormíamos e cacei dois humanos adultos ali por perto para que nos alimentássemos, até que uma dor estonteantemente forte tomou minha cabeça. Um calafrio subiu pelas minhas costas e só parou quando senti a presença de alguém ali ao meu lado.
Nosso pai Satã, vestido com panos brancos, havia se materializado ali e estava sentado ao meu lado. Ele carregava seu sorriso amedrontador de sempre.
-Bom dia, Belphegor - Ele disse olhando-me de cima a baixo- Está sozinho, não está?
-O que está fazendo aqui? - Respondi seco, afastando-me um pouco.
-Sei que desde a revolução tenho abandonado vocês por aqui, queria pedir desculpas - Satã debochou.
-Você nunca se desculpa, pai.
Ele queria alguma coisa. Satã só vinha até a Terra para que fizéssemos algum trabalho sujo.
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Sete Dias
القصة القصيرةO que você seria capaz de fazer para escapar das garras de uma maldição infernal? Seria capaz de sacrificar a vida das pessoas que ama?