[📁]Andava pensativa na volta para casa, com um pequeno bilhete em mãos, o bilhete que Sero havia me entregado mais cedo.
Dei um pequeno giro com a sacola de remédios qual tive que pegar na farmácia.
Já que meu pai tem alguns problemas cardíacos e não gosta tanto de sair de casa.
Bom, ele costumava gostar, até minha mãe morrer de um problema crônico.
Mas estava feliz, apesar de tudo.
Fui convidada para um festa, e eu nunca fui em uma, nem mesmo festas de aniversários de crianças.
Então de fato estava feliz por isso, só não sabia como meu pai iria reagir sobre essa situação.
— Pai, estou em casa! — Falei alto ainda na entrada, enquanto fechava a porta, na esperança que ele ouvisse, mas sem nenhuma resposta, eu retirei os sapatos e me coloquei a caminhar até a sala de estar, deixando a sacola lá, antes de levar um susto com o velho.
— Por que está atrasada? — Questinou o maior, sentado na sua poltrona favorita ao lado do abajur, ao mesmo tempo que trocava o canal.
— Eu fui até a farmácia pegar seus remédios e trocar a receita antiga...— Apontei para a sacolinha.
— Não podia ter pego o ônibus? — Ele me olhou com aquele olhar que me causava arrepios amedrontadores.
Abaixei minha cabeça, e me curvei de leve, como sinal de perdão.
— Eu o perdi, prometo voltar mais cedo na próxima vez... — Ele suspirou e fez sinal para que eu fosse até onde ele se encontrava.
— Venha aqui. — Respirei trêmula com uma sensação esquisita no estômago, e um gelo me percorreu a espinha, porém, andei até ele com passos pequenos e lentos, me sentando no braço da poltrona, olhando para a televisão, com aquela tensão no peito.
— Sim? — Perguntei, ainda olhando para a televisão velha, engolindo a saliva a seco.
— Eu sei que não foi só o ônibus. — Ele segurou minha mão de leve. — Você pode me dizer o por quê de estar se atrasando tanto, eu não vou brigar com você. — Seu carinho passou a ser um aperto forte.
— Não é nada, pai. — Respirei errado, com medo. — Eu não estou fazendo nada de errado, o senhor pode confiar em mim. — O olhei, enquanto ele me encarava fixo, tentando notar alguma mentira.
— Está muito difícil manter dois empregos e os estudos, não é? — Ele apoiou a cabeça sobre meu braço, ainda acariciando minha mão. — Coitadinha da minha garotinha...— Coloquei a outra mão em sua cabeça, tentando esquivar daquilo.
— Falando em estudos... Posso subir tomar um banho? — Ele me soltou finalmente, me olhando agora com carinho. — Tenho uma redação para amanhã.
— Claro, mas antes...— Ele se virou por um instante, pegando um pequeno presente em um embrulho rosa bebê. — Para que você continue sempre se esforçando. — O mesmo me entregou o pequeno pacote em mãos.
Eu esperava com uma expressão entediante, porém ainda com medo, que fosse mais uma boneca, ou algum outro bichinho de pelúcia.
Mas para minha sorte, era uma caixinha de música, de bailarina.
Muito fofa aliás, mas, eu já estava velha demais para ganhar esses tipos de coisas.
— Obrigada. — Me levantei com o presente em mãos, e o lixo do embrulho também.
E em meu rosto, uma feição de desdém, muito bem disfarçada, ou quase.
— Não está se esquecendo de nada, meu doce? — Papai perguntou, fazendo-me virar novamente em sua direção com lentidão. O jeito qual ele falava, e me olhava, me causava uma sensação péssima.
Eu ergui o olhar, e puxei o ar com força, caminhando até ele com os nervos dos dedos aflorados.
Me aproximei de seu rosto, e o dei um beijo pequeno na bochecha, e o mesmo me olhou satisfeito com um sorriso largo.
E após ele me desejar boa noite, tudo que pude fazer foi subir as escadas com cautela, entrar no meu quarto, trancar a porta, jogar minha coisas na cama, e me sentar no meu cantinho favorito, admirando aquelas malditas bonecas em todas as prateleiras existentes naquele quarto.
Era incrível que muito antes da minha mãe falecer, a única coisa qual me acalmava quando eu estava deprimida, ou quando meus pais brigavam, era sentar naquele mesmo canto, tapar os ouvidos com força, e chorar alto como se mais ninguém escutasse.
Eu odiava meu pai com todas as forças, e nem mesmo eu, sabia o motivo exato disso.
Eu odiava morar com ele, ter ele por perto, o ouvir, o sentir ali, eu o detestava com tudo que podia.
Quando menos notei, estava sentada, de frente para a caixinha de música, ouvindo sua canção calma e delicada, com lágrimas livres descendo as áreas das bochechas.
Pensando em como seria bom fugir dali e ir para qualquer outro lugar onde eu me sentisse em casa.
Um lugar tão distante, qual nem mesmo o sol me achasse.
[📂]
A demora meu pai.
Eu juro que vou postar muito mais!!!
Sinto muito pela inatividade nessa fic, é que eu imagino tantas cenas e quando vou escrever não consigo descrever com clareza, mas eu juro que vou trabalhar nisso.
Mil perdões pelos erros, eu juro trazer mais capítulos assim que puder.
Um beijão.
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JEALOUSY - SERO HANTA
Fiksi PenggemarEles não se conheceram em um lugar tão interessante como os outros casais, e também não terminaram em um lugar incrível. Mas todos os pequenos segundos fizeram de vários lugares, especiais, fizeram uma relação especial. Fizeram um novo ele e uma n...