22 | A verdade não contada

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ㅡ Ligue para ele. ㅡ A voz rouca soou como garfo arranhando o prato para o homem em pé. ㅡ Avise-o para sair de perto de Park Jimin ou Jungkook também sofrerá as consequências.

ㅡ Mais do que ele já sofreu mesmo sem nem fazer parte disso? Nós destruímos a vida dele, você o destruiu, pai, só pelo asco de me ver feliz! ㅡ disse baixo, ainda que audacioso, mas ao perceber os olhos duros do homem que o fitava curioso com a ousadia, se resignou a abaixar a cabeça como um costume. ㅡ Pai, não o machuque, por favor. ㅡ Implorou para o progenitor como se tal pedido pudesse sequer balançar sua decisão.

ㅡ Não me chame assim. E você deveria apenas fazer o que eu mando, como sempre. ㅡ Ditou o outro, que estava sentado na poltrona ostentando um charuto. ㅡ Avise-o ou, dessa vez, não será uma porta fechada, mas sim um caixão.

O homem que estava em pé olhou para o número de Jungkook em seu celular e discou de novo, mesmo que de todas as outras vezes tivesse dado como se o número estivesse inalcançável.

ㅡ Senhor Kim... ㅡ Intercedeu implicitamente, a angústia presente em sua voz com uma mistura de frustração e pavor em seu consciente.

ㅡ Bom, você está de prova que eu tentei, garoto. ㅡ Kim Jungwoo exalou frieza em seu tom, como se esperasse que aquilo acontecesse.

Como se ansiasse por outro derramamento de sangue.

ㅡ Agora vá. Você fez o seu melhor. ㅡ As palavras de encorajamento não passavam de fachada, uma maçã envenenada.

O filho saiu daquele escritório sentindo-se fraco, desolado. Mais uma vez seu pai estragava tudo, mais uma vez Jungwoo parecia ter as cartas certas para vencer.

Só que, dessa vez, sua vitória seria esmagadora, fulminando Park Jimin e todos que estivessem vinculados ao seu nome.

E Jeon Jungkook não estava só vinculado pelo nome. Ele o observou durante esse tempo, não como um perseguidor, mas como um antigo amante e viu lentamente seu amor se apaixonar por outro.

Deixou de enxergar-se nos olhos de Jungkook e passou a enxergar Jimin e se sentiu pequeno, sem valor.

Mesmo que tenha sido ele a bater a porta.

☔☔

Quando acordou, Jungkook sentiu uma maciez incrível, no entanto, não era a mesma do seu colchão ao qual estava acostumado. Ao tentar abrir os olhos, teve que imediatamente fechá-los de novo por conta da luz solar que o encandeou.

Curioso e de olhos fechados, começou a tatear o macio em busca de algo que o dissesse onde estava, mas ao ouvir a voz conhecida, lembrou-se do dia anterior.

Oh... o dia anterior. Não tinha sido um sonho angustiante, era a sua realidade de forma pura e viva.

Jungkook resumiria em uma simples frase: um belo desastre.

Obrigou-se a lembrar de boa parte em sua essência, pois a descoberta de que Naline estava viva o fez curar metade da dor presente em seu ser.

Contudo, as circunstâncias que o levaram até aquele momento, voltaram em sua mente juntamente com um embrulho no estômago.

"Calamidade em ascensão..." Havia algum sentimento esquisito se formando dentro de si, algo como arrependimento, mas não tão forte quanto. Ainda assim, o fez se sentir tonto, querendo apagar aquela pequena parte de sua lembrança.

Mi amor, você acordou mais cedo do que eu imaginei. ㅡ Foi pego de surpresa, ainda cego pela escuridão proposital, pela voz animada de Naline.

Seduction Night • JJK + PJM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora