Sociedade Secreta da Música

Prólogo

Arthur ainda estava estático, olhando para o nada, naquela noite quente de verão.

As aulas do último ano mal haviam começado, e ele já tinha levado o maior baque de todos.

Não teriam aula de Artes naquele ano, ou seja, sem teatro, sem música, sem pinturas. Todas as tarefas em que ele sentia que podia respirar em meio ao caos acadêmico, foram tiradas dele.

Ele sentia raiva, um ódio crescente, fervente, pulsante. Precisava fazer algo, senão ia explodir. Precisava queimar algo, machucar alguém, fazer dano permanente, porque agora, eles tinham ido longe demais.

Para Arthur, era hora de começar uma revolução.

***

Tudo começou numa maldita aula de química.

Eu estava prestes a cortar meus pulsos se o professor Manoel falasse um pouco mais rápido alguma merda que eu não entendia. Não aguentava mais.

Eu odiava aquele lugar.

Ainda o odeio. Até hoje não sei como não o queimamos, mas foi por muito, muito pouco.

Solidum Numus era um gostinho do inferno para muitos adolescentes, filhos de militares, obrigados a estudarem ali.

Para mim, o inferno parecia muito mais convidativo.

Você nunca vai ouvir nada da gente, mas, no auge do terceiro ano, a formatura batendo em nossas portas, junto com vestibular e outras merdas da vida de adulto, um grupo de desajustados estava fazendo história nesse lugar.

Digamos que, se Solidum Numus estava sendo o inferno para mim, era hora de trazer o inferno até lá. E eu ia fazer grande parte desse estrago.

Mas eu estou me perdendo aqui.

O estalo na minha mente veio quando o professor de Química começou a falar sobre alcanos, alquenos, e sei lá o quê. E eu estava bem fixado no slide que ele passava na sala de informática, com alguns nomes em inglês, sem tradução.

Para um espectador menos atento, eu parecia estar fascinado com a aula, mas na real, só uma coisa que havia me chamado atenção.

Uma palavra que mudaria para sempre a minha vida.

– Acho que achei o nome perfeito para a banda – Sussurrei para Ítalo.