O dia é ensolarado com um Céu Azul limpo, com poucas nuvens se dissipando, o som das ondas batendo na beira da Praia era acompanhado de uma brisa suave. Gastão, um jovem rapaz de altura considerável era banhando pela paisagem, enquanto enfiava os dedos dos Pés na aréia sentado na praia. Sua expressão era melâncolica, seus olhos castanhos quase escuros quase não mostravam emoção, parecia aborrecido.
Ele ouve sons de passos na areia se aproximando, e uma mão toca em seu ombro dizendo "Wazekele" era seu Avô Paulo.
- Wazekele Kiambote – sua voz é calma e suave como o Mar em noites de Lua Minguante
- Não pensa muito moname, queres tirar o lugar do Pensador no dinheiro ou quê? – diz fazendo piada
- Papa você não é engraçado – diz Gastão após um pequeno riso suspirado
- Anda vamos levar esses peixes para a tua Mama – diz risonho e levantando alguns peixes Carapaus ( o.b.s – sim esse é o nome do peixe e não, ele não tem cara de pau kkk)
- Está bem Papa - diz se levantando da areia
Enquanto caminhava com o seu Avô Gastão ouve um grito de alguém perto a beira, eram duas jovens moças correndo para a água assim pensou ele, depois da moça atrás da outra gritar novamente "Meu Deus para!" Gastão então se apercebeu que se tratava de uma perseguição, a primeira das moças a chegar a beira-mar começa a despir-se, Gastão estranha se perguntando o porquê de tanta confusão só para mergulhar.
Então seu Avô reforça "moname vamos", Gastão então se virava para ir embora, até que houve outro grito e dessa vez seu Avô também ouviu " Serena Porra!" se virando viu a nudez da parte de trás da primeira moça, ele levantou suas sobrancelhas em admiração, a segunda moça então a derruba, fazendo com que ambas caissem na água, Avô Paulo então diz "Essa assim é estrangeira". Gastão revira os olhos.
[***]
Já em casa a Avó Mária abençoava a comida de olhos fechados, enquanto Gastão olhava para ela, seu Avô Paulo e seu Tio Osvaldo também de olhos fechados a acompanhavam. Sua Avó agradecia a Deus pela refeição e família, e a Kianda por lhes fornecer os peixes no dia de hoje. Após terminar a oração, Avó Mária acende duas velas, uma em nome de Deus e outra em nome da deusa Kianda. Gastão lança um olhar descrente para as velas.
- Xé maluco queres namorar com as velas o que? – diz Osvaldo levando o garfo para a boca depois – ele é bem mais alto que Gastão e seus pais, com um corpo esbelto quase magro, cabelo escovinha com ondas e olhos escuros, seu rosto é convidativo, mas ao mesmo tempo passa um ar de superioridade e responsabilidade, ele é três anos mais velho do Gastão
- Parece que é de família não saber fazer piada– diz Gastão virando para a cabeça para o lado esquerdo
- Tem mais respeito mal-agradecido, ela ora por nós todos os dias – repreende Osvaldo, sua voz era grossa
- Deixa Moname Osvaldo não faz mal - Diz Avó Mária gentilmente – O Moname Gastão é livre de acreditar no que quiser - acrescenta
- Hum, a Mama lhe mima demasiado – resmunga Osvaldo – Avô Paulo comia prestando atenção em silêncio
Me diz Gastão – pergunta sua Avó – por quê a minha crença te incomoda tanto?
- Não é isso Mama – diz Gastão
- Então o que é?
- Eu só não entendo como é que Avó pode acreditar em Deus e Kianda ao mesmo tempo
Avó Mária ri e passa a mão na cabeça de seu neto dizendo:
- O filho então "Ngana Zambi" não criou tudo e todas as coisas?
- Sim Avó, mas espíritos-deuses? Sereias? Fadas? Monstros Marinhos?
- Porquê não? – refuta a Avó – se as escrituras assim o dizem," tudo o que a acima do céu e abaixo da terra Ele o fez" – Então, porquê que é tão difícil acreditar em fadas?
- Uhum tá bom – refuta Gastão
- Cabeça dura esse miúdo - diz Osvaldo
Após o jantar Osvaldo pediu a Gastão que fosse ao Mar deixar uma oferenda a Kianda ele obviamente se recusou, mas após sua Avó insistir ele cedeu, a oferenda era um pedaço de carne de vaca.
Gastão caminhava silencioso até a praia, segurando em uma das mãos o pedaço de carne, era quase de noite e Gastão só pensava que isso era punição por ter discordado da sua Avó. Ao chegar a beira do mar ele apercebe-se do quão fria a água está, então ele pensa "Mas nem que a vaca tussa eu ponho os pés aí", então ele arremessa o pedaço de carne para longe, ao confirmar que a oferenda foi entregue ele vira-se para ir embora resmungando no quão estupido aquilo parecia e viu ao longe alguém a olhar para ele, parecia ser uma mulher, este alguém acena para ele, mas ele simplesmente ignora e vai-se embora.
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Short StoryUma coletânea de poesias e histórias curtas. Espero que se divirtam um pouco.