Capítulo 4

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É uma manhã chuvosa

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É uma manhã chuvosa. O ar melancólico, devido as nuvens e o céu cinza, não combina muito com a cidade paradisíaca. Muito menos com um dia cheio de decisões importantes a se tomar.

E começou logo cedo, quando decidi trocar minhas regatas com jaquetas de couro, por camisas sociais de seda com mangas longas, abotoadas até o último botão. Pensei que ninguém fosse encarar minha cicatriz, e que caso acontecesse eu não me incomodaria. Mas estava enganada sobre as duas coisas. Os olhares com pena não eram cativantes para mim, pelo contrário, só conseguiam me fazer lembrar e aumentar o ódio instalado dentro de mim.
Escondê-la me fazia esquecer um pouco a realidade.

Cheguei ao galpão um pouco cedo demais, pois apenas algumas pessoas perambulavam pelo lugar em busca de seus afazeres, que por sinal, há muita coisa pendente. Colocar a casa em ordem, não é algo fácil e rápido. Exige muito de todos nós, já que as nossas baixas foram enormes. Neste lugar, cada pessoa desempenha um papel importante, uma função que muitas vezes somente ela é responsável, um dom, um raciocínio, um jeito de lidar com determinada situação. E pessoas não são substituíveis. Cada um de nossos operários é único e parte da família. Somos uma família.

Cumprimento a todos enquanto me dirijo para o andar de cima, com os muitos relatórios e pendências que preciso dar um ponto final, não há muito tempo a se perder. Os olhares piedosos sumiram. Algo está funcionando pelo menos.Ainda permaneço em meu escritório antigo, uma sala pequena, com pouco luxo e móveis simples, que ainda assim, provavelmente, custam mais que os de muitos escritórios de advocacia da cidade.

Não tomar posse da sala que era de meu pai, antes da Proclamação, me parece uma escolha certa, pois, além de ainda não estar preparada para sentar em sua cadeira, sinto que aquele lugar ainda não me pertence. Preciso me mostrar capaz de assumir o seu lugar, de honrar nosso nome.

Perco-me de meus pensamentos ao passar pela sala de Benjamin e notar que ele e Brian já estão presentes.

Bato na porta para sinalizar a interrupção e adentro ao local, observando-os. Bê que estava em pé e apoiado com as mãos a mesa de seu pai, se endireita ao me ver. Tio Ben permanece em sua cadeira apoiado em seu braço esquerdo, enquanto sua mão percorre sua barba. Noto em seus rostos a preocupação e tensão.

- De quem é o velório? - debocho quebrando o silêncio do local.

Brian ri discretamente do meu humor ácido, já Ben permanece concentrado em seus pensamentos.

- Parece que uma de nossas cargas foi roubada na fronteira da Venezuela com a Guiana. - avisa Bê, com a voz irritada.

Me aproximo dos dois analisando suas faces e buscando entender a situação, ao tempo em que me sento na cadeira ao lado de Brian.

- Com tantas medidas de segurança e camuflagem, como caralhos isso foi acontecer? - Esbraveja Ben, dando um tapa na mesa e buscando manter a voz controlada.

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