"Nunca me importei com o que fazem. Nunca me importei com o que sabem. Todas essas palavras, eu não as digo à toa. E nada mais importa."
As gotas da chuva batiam levemente no vidro enquanto Spencer dirigia em rumo conhecido, seguindo as ruas até a casa de Isaac. Seus olhos estavam concentrados no trânsito caótico, enquanto conduzia calmamente o carro. Em contrapartida, eu seguia acomodada no banco de trás, com minha atenção voltada para a vista melancólica devido às condições climáticas. O silêncio era nossa companhia.
O som das buzinas dos carros fez meus pensamentos retornarem ao mundo real, observando um quase acidente acontecer. Olhei pelo retrovisor para o homem que dirigia meu carro, tentando decifrá-lo, mas seus olhos estavam presos ao trânsito, seu semblante estava imóvel, concentrado, e seus músculos pareciam relaxados.
Ao contrário de mim. Eu sentia cada fibra muscular de meu corpo tensionada, enquanto meus olhos percorriam todo o espaço procurando por qualquer erro, qualquer sinal de perigo. Uma parte de mim dizia que ele não era confiável. Outra parte de mim dizia que eu devia confiar.
Mas eu não podia confiar, eu tinha uma aposta para ganhar.─ Vê se não ultrapasse nenhum sinal vermelho. - provoquei-o, ainda o vendo pelo retrovisor.
─ Hoje não, princesa - rebateu, encontrando meus olhos pelo espelho enquanto abria um sorriso de deboche. - Já estamos chegando ao seu destino.Spencer virou a esquina e adentrou uma rua repleta de grandes casas e logo notei a de Isaac. O telhado com duas quedas juntamente com o belo jardim na entrada me trazia um conforto. Mesmo que a visita a um médico nunca é uma das melhores sensações, sem dúvidas ainda estava longe de ser um dos piores lugares para estar naquele momento. Eu me sentia segura ali porque era um lugar que eu conhecia desde criança. Isaac tinha uma filha, Olive, que fora minha amiga durante a infância. Ou algo perto disso. Devido ameaças constantes ela e sua mãe se mudaram para um lugar afastado e fomos impedidas de manter qualquer contato. Agora Olive estava em Harvard fazendo faculdade e eu sentia uma grande inveja disso. Ela podia escolher coisas que eu nunca teria liberdade para ter.
Noto o carro parar, após ele ser estacionado perfeitamente na frente da casa. Dou mais uma encarada a Spencer e depois para as janelas entreabertas do lugar. Respiro fundo e sem pensar muito abro a porta.
─ Pode me esperar aqui mesmo.- ordeno meu motorista, enquanto fecho a porta.
Após alguns passos, escutei uma segunda porta se fechar.Não preciso olhar para trás para saber que Spencer me segue cautelosamente. Sinto meu sangue fervilhar com sua desobediência, mas não contesto, não me viro e não fala nada. Apenas continuo seguindo o meu caminho para acabar logo com essa visita.
Ao passar pela soleira da porta, sinto minhas narinas se preencherem com o aroma de alecrim e algumas outras ervas, vindo provavelmente de um aromatizador. O cheiro de campo combinava com a decoração da casa, que era toda composta em móveis rústicos, tons claros e muita iluminação, criando ao mesmo tempo um clima luxuoso e reconfortante. Dou uma risadinha exatamente sabendo o porque dessa combinação. Mas comigo falha, a ansiedade e o nervosismo não me deixam em paz.
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A Rainha do Jogo
ActionCatarina desde cedo foi treinada para um dia comandar os negócios da família Chevallier, uma imponente máfia dos Estados Unidos da América. A garota só não esperava que seu reinado começaria de modo precoce e brutal, com o assassinato de seus pais...