Amizade colorida?

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                                      João 

Um teto branco era o que eu via agora. Pensava em diversas maneiras de como falar sobre meus sentimentos com Poliana, sem que a pressionasse. Minha ideia inicial era conversar com ela no fim das aulas e a chamar para um encontro, algo mais casual para que não desse na cara. Mas Filipa apareceu e o plano deu errado. Agora não tenho ideia de como prosseguir, antes era tudo mais simples. Pensava que se eu gostava dela, e ela de mim, não tinha porque esperar. Mas não foi assim, talvez tudo isso tenha me deixado inseguro em relação a Poliana. Não tenho certeza se ela ainda gosta, pelo menos um pouco, de mim, sem ser simplesmente como amigo. Talvez um pouco de ar me ajude a pensar. Saio de casa sem um lugar certo para ir, só precisava caminhar um pouco. Me sento em um banco e encaro o céu. Estava limpo de nuvens, o sol quase se pondo… poderia dizer, que estava perfeito. Me lembro então, do lugar que descobri a um tempo atrás. Daria para ver perfeitamente toda a vista de lá. As vezes, quando preciso pensar, vou pra esse lugar. Uma conexão tão perto com a natureza, com Deus, me faz refletir e ver o quão pequenos somos diante da grandeza de toda aquela vista. Agora era um desses momentos em que eu preciso pensar, então por que não ir para lá? Foi isso o que fiz, tentei pegar alguns atalhos, o que me economizou tempo. Ao chegar, me sentei, admirando a linda vista que tinha em minha frente. O terraço ficava um pouco distante, então era rodeado de árvores. O som dos pássaros soavam no local, o céu azul e limpo com aquele sol alaranjado, traziam a calma que eu precisava. O silêncio do local é quebrado por passos, e ao me virar, vejo Poliana. Os raios de sol refletindo em sua cara, e o vento batendo em seus cabelos, a deixavam ainda mais linda, o que para mim, era impossível. 

- Eu não sabia que você tava aqui. Se quiser, posso voltar outra hora - ela se pronunciou, me tirando do transe. 

-Não. Senta aqui, vai ser bom ter a sua companhia.

Ela fica um tempo parada, mas em seguida faz o que eu disse.

- Pensei que tinha esquecido desse lugar.

- Como eu ia esquecer disso? - ela fala e abre os braços, sentindo o vento.

- É incrível - não só a paisagem - desculpa. Não queria que você passasse por tudo isso de novo. - ela me olha confusa - a fofoca na escola. Fui eu quem te abracei, se não tivesse feito, ninguém teria tirado a foto. 

- Você não tem culpa. Foi só um abraço, a culpa foi do desocupado que tirou a foto. - Poliana falou com um tom de irritação e eu acabei rindo - que foi?

- Nada, é que você fica fofa brava. 

- Ai, essa situação me estressa, toda a escola fica murmurando coisas nas minhas costas. 

- Então não vamos mais falar disso. Na verdade, foi bom você ter aparecido aqui.

- Pensei que quisesse ficar só, você tava tão concentrado quando eu cheguei. Parecia estar pensando em algo.

- Me conhece muito bem, até demais pro meu gosto. Mas você tá certa, eu tava pensando em você. - ponho minha mão em cima da dela, que estava apoiada no banco.

- Em mim? Acho que já sei… o beijo.  - ela abriu a boca para continuar, mas eu interrompi.

- Não precisa falar nada sobre isso agora. Era outra coisa. Você sabe que eu terminei com a Helena, e eu te disse que não a amava, lembra?

- Entendi, se arrependeu? - percebi chateação em sua voz

- Que? Não, óbvio que não! Eu só… talvez não tenha começado certo. Na época, ela me fez ver uma coisa que eu insistia em esconder de mim mesmo. E quando eu enxerguei isso, não consegui evitar de pensar no passado. - suspirei e Poliana entrelaçou nossa mãos - Quando você me disse que não tava preparada pra um relacionamento, eu só pensei em mim, e acabei fugindo. Não respeitei os seus sentimentos.

Um novo recomeço - EM PAUSA Onde histórias criam vida. Descubra agora