Um novo recomeço - EM PAUSA

Surpresa!

Depois que me despedi de João, saí um pouco para espairecer. Precisava de um tempo sozinha para pensar em tudo o que aconteceu, ainda é decepcionante ver o que Éric é capaz de fazer. O melhor era realmente terminar, mas eu queria pelo menos preservar a amizade que havíamos construído.

Não sabia se Éric se contentaria com apenas amizade, mas estava disposta a tentar. Ele se tornou um amigo importante para mim, principalmente quando Kessya estava mais próxima de Song e João começou a namorar Helena. Perdi os meus dois melhores amigos ao mesmo tempo, mas não os poderia culpar e nem exigir nada. Eles estavam felizes e têm total direito de fazer novas amizades, mas confesso que em sentia sozinha, então Éric se aproximou nesse momento. De certa forma, ele me dava apoio, talvez por também se sentir sozinho. Nós nunca tínhamos ficado tão próximos e, no início, eu até duvidei se meus sentimentos ia além da amizade, mas o tempo passou e eu percebi que não.

Tudo o que eu disse para ele era verdade, não havia pensado em terminar com ele antes, somente na reclusão com toda a história do vírus. Nesse período, muitas coisas me levaram a pensar no término. Uma delas foi meu tio Marcelo, tudo o que ele me disse me fez refletir. Eu realmente amava Éric? Valia mesmo a pena continuar em um relacionamento e desperdiçar minha vida com uma pessoa que eu não tinha certeza se amava?  Talvez por nunca ter parado e realmente pensado nisso, as coisas estavam indo muito rápido, e na quarentena, todos fomos obrigados a desacelerar. Foi nesse período que percebi: não importa o quanto eu tente, não consigo gostar de outra pessoa, porque não superei João ainda. Só irei conseguir seguir em frente, quando as marcas que esse amor deixou estiverem totalmente fechadas e esquecidas. Não penso em correr atrás de João agora, nossa história acabou. O que menos quero agora é começar todas aquelas brigas entre nós novamente. Não agora que estávamos começando a ser próximos como antes. Sinto meu celular vibrar e só agora percebo que estava todo esse tempo olhando fixo para um árvore em minha frente, fiquei tão imersa em meus pensamentos que não me atentei a isso, as pessoas que passaram por lá devem ter achado que eu estava louca. Não é todo dia que se vê uma garota parada por tanto tempo encarando uma árvore afinal.

Olho ao meu redor e percebo que andei demais. Saí da Escola em direção a casa, mas talvez tenha desviado um pouco do caminho, por minha sorte, não tanto. Volto minha cabeça para cima e vejo um céu lindo estrelado. Isso me lembra muito meus pais, nós tínhamos o costume de nos deitar no chão e admirar as estrelas. Nossa vida era simples, mas com toda essa agitação da cidade grande, às vezes sinto falta daquela época. Sinto falta deles comigo, sempre vou sentir. Pela escuridão do céu, já deve ser bem tarde. Meu pai deve estar preocupado, e com certeza, levaria umas belas broncas quando chegar em casa. Se eu acelerasse meus passos, em meia hora seguramente chegaria lá. E foi isso que fiz, tentei andar o mais rápido que conseguia.

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-Pai cheguei -disse entrando em casa ainda virada de costas para trancar a porta

-Isso são horas priminha? -essa voz…me viro para a pessoa e… Filipa. Sabia que me soava familiar. Ela não estava sozinha. Ao seu lado estava Verônica e, claro, meu pai.

-Filipa.

-Surpresa! 

-O que você tá fazendo aqui?

-Nossa. Eu passo tanto tempo longe e é assim que você me recebe de volta? Nem um abraço? 

Filipa diz debochadamente e abre os braços esperando alguma reação da minha parte. Sabia que ela não estava falando sério, mas mesmo assim, a abracei.

-Tá bom, não força. Era só uma brincadeirinha, o tempo passou e você continua meio lentinha né? -ela diz me afastando.

-Filipa… isso não modos? -Minha tia Verônica falou em um quase sussurro com a filha -perdão Poliana. E olha como você cresceu. Tá uma verdadeira moça - ela disse enquanto me abraçava e deixava um beijo em meu rosto.