Capítulo 4 - The Lady In Red

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Eu devo desistir?
Ou devo apenas continuar nessa busca impossível
Ainda que não me leve a lugar algum?

Adele - Chasing Pavements

São Paulo, 2022.

Rafaella não fazia ideia de por quanto tempo ela e Bianca ficaram se encarando através do espelho. O olhar da atriz era preocupado e amedrontado, já o olhar da carioca era de tentar reconhecimento.

Não é como se Bianca tivesse esquecido totalmente quem era Rafaella, ela sentia que a conhecia e que a mulher era especial. Ela só não sabia... distinguir seu rosto.

Percebendo o corpo levemente trêmulo e as bochechas coradas, Rafaella calmamente fechou a porta atrás de si e se aproximou cautelosamente da esposa levando as mãos até seus braços. Bianca não recusou aquele toque, pelo contrário, ela amou o toque macio em sua pele.

"Bia." Rafaella proferiu calma. "Sabe onde está?"

"Eu..." Um suspirou escapou dos lábios da empresária. "Estou em casa, mas estou confusa. Você...?"

"Meu nome é Rafaella. Lembra-se de mim?"

"Eu não consigo..."

Bianca respondeu com a voz falha deixando sua frase esvair, ela continuou observando os olhos verdes da morena pelo reflexo do espelho e tentando se encontrar neles. Aos poucos, sua mente voltou a rodar as engrenagens e ela se lembrou.

"Rafa..." Se virando, Bianca se jogou nos braços da esposa que rapidamente rodeou sua cintura e afundou os dedos em seus cabelos.

A empresária deixou que as lágrimas escapasse de seus olhos e os soluços da sua garganta. Aquilo fez Rafaella cair do penhasco das próprias emoções, estava na beira quando entrou naquele banheiro e viu que o seu maior medo de semanas pra cá tinha acontecido, o choro de Bianca fez o pé dela escorregar e a mineira também chorou.

"Sh..." Rafaella sussurrou acariciando as costas da mulher de cima para baixo incontáveis vezes. "Estou aqui."

"Não me deixa, Rafs... Não me deixa."

"Nunca, Bia." A atriz afirmou. "Nunca vou deixar você."

Ficaram um tempo ali, Rafaella apenas permitiu que a esposa colocasse tudo pra fora, só queria estar ali pra ela e estava. Após minutos, Bianca se separou fungando um pouco e teve o rosto acariciado pelas mãos da mais velha.

"Melhor?"

"Sim." Bianca afirmou. "Eu estava me sentindo um pouco mal, mas tô melhor."

"Ok, então vamos fazer o seguinte." Rafaella arrumou alguns fios castanhos da carioca. "Vamos descer e aproveitar a festa do nosso filho, juntas, ok? Se sentir algo, é só me falar e eu te trago pro nosso cantinho."

Bianca apenas concordou e Rafaella lhe beijou os lábios rapidamente. Com as mãos entrelaçadas, elas desceram e foram imediatamente recebidas por um Cadu muito alegre.

"Mama, mamãe! Está na hora do parabéns." Ele exclamou abraçando as pernas de Rafaella.

"Ok, pequenino." Riu. "Vamos."

Caminharam até a mesa do bolo e Bianca se abaixou na altura do filho para pega-lo e coloca-lo sentado sobre seus ombros. As mãos do menor seguraram as bochechas da mãe e a empresária agarrou seus pés descalços.

Rafaella observou a empresária pular e brincar com o garoto, que gargalhava com as mãozinhas no pescoço da mulher. Kalimann admirava aquilo, a forma como Bianca sabia se manter forte quando precisava e amava mais ainda a forma como ela fazia aquilo pelo seu filho, não importa o que acontecesse, a carioca sempre estaria bem para o seu pequeno.

LEMBRE-SE DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora