O ano é 1994.
No início da década, a homossexualidade deixou de ser considerada um distúrbio, e embora esse tenha sido um grande passo, vários estigmas ainda permaneciam fortes, sobretudo em um país tradicionalista. Se descobrir gay em circunstânci...
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Naquela manhã quente de sábado, Jeongguk acordou mais radiante do que o próprio sol. Pulou da cama mais cedo do que normalmente faria em um dia sem aulas, ajudou a mãe na faxina com um sorriso no rosto e a mulher até estranhou ver o filho tão bem humorado. Não que o menino fosse aquele tipo de pessoa que sempre acorda de cara amarrada, mas era incomum vê-lo com tanta disposição e entusiasmo para fazer as tarefas domésticas. Observando-o dançar e cantar como se o cabo da vassoura fosse um microfone, Haneul não conteve a curiosidade e deixou a pergunta escapar:
— Você arrumou uma namoradinha?
Jeongguk congelou e quase deixou a vassoura cair, fitando a mãe com as sobrancelhas franzidas.
— O quê?
— Nada, é só que você tá todo animadinho. Pensei que fosse por alguma paixonite.
E é, mas não uma "namoradinha".
— Não, não é nada disso. — deu de ombros, voltando a varrer o chão e torcendo para que a mãe não insistisse muito naquele assunto — Eu só acordei de bom humor hoje.
— Isso eu percebi, queria saber qual é o motivo.
— Não tem um motivo. Só tô de bem com a vida.
— Sei...
Felizmente ela não disse mais nada e o garoto continuou focado em seus afazeres, sentindo-se empolgado o bastante para que uma coragem repentina o fizesse organizar todo o seu guarda-roupas, coisa que ele vinha adiando há um bom tempo. Tirando peça por peça das gavetas e compartimentos, aproveitou para decidir o que vestiria no tão sonhado encontro com Kang-Dae. Adoraria vestir uma saia e fazê-lo babar por suas coxas fartas, as lembranças de quando o jogador lhe tocou por debaixo do tecido fazendo com que se arrepiasse por completo, mas não podia usá-las fora da Drinks n' Discos. Optou por uma calça jeans um pouco mais justa que deixava suas pernas bem marcadas, uma camiseta do The Smiths e um all star preto.
O look estava definido, entretanto ainda faltavam quase três horas para o encontro e ele precisou conter a vontade de se arrumar com tanta antecedência. Deixou as roupas sobre a cama e resolveu passar na casa de Jimin para que se distraísse enquanto o horário combinado não chegava. Jihye lhe atendeu com o habitual cigarro entre os dedos e um sorrisinho agradável.
— Oi, Jeonggukie. — deu espaço para que o garoto entrasse — O Minnie tá tomando banho lá em cima, pode ficar à vontade.
— Obrigado, Sra. Park. — agradeceu e se curvou para a mulher.
— Dispense as formalidades, querido. Ainda não sou uma senhora e espero não me parecer com uma tão cedo. — ela riu e tragou o cigarro.
— A senhora não se parece com uma. — disse e balançou negativamente a cabeça ao se dar conta de que havia se referido a ela daquela forma novamente — Você, eu quis dizer. Desculpa, eu acabo sendo formal pela força do hábito.
