O ano é 1994.
No início da década, a homossexualidade deixou de ser considerada um distúrbio, e embora esse tenha sido um grande passo, vários estigmas ainda permaneciam fortes, sobretudo em um país tradicionalista. Se descobrir gay em circunstânci...
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Taehyung ajeitou a jaqueta de couro no corpo assim que colocou os pés naquele local que era tão querido em sua nova cidade. Olhou ao redor e piscou algumas vezes para ajustar a visão às luzes coloridas e seguiu em direção ao bar para pedir uma dose de whisky. Se encostou no balcão e seu olhar foi atraído para uma figura específica na pista de dança. Era como se a atenção de todo mundo estivesse focada naquele ser que dançava como se não houvesse amanhã, reluzindo sob os holofotes demonstrando toda a sua graciosidade em cada passo e movimento executado.
Jeongguk brilhava, não apenas no sentido figurado da coisa como também no literal, sua jaqueta prateada era composta por pedrinhas cintilantes e seu rosto estava repleto de glitter compondo a maquiagem extravagante que usava. Ele estava lindo, Taehyung pensou consigo mesmo. Dificilmente admitiria algo assim se tratando de outro homem — ou pelo menos, não desde que deixara de lado aquela paranoia de talvez sentir atração por ambos os gêneros — mas negar todos os elogios que se passavam por sua cabeça enquanto assistia aquele garoto dançar era impossível. Queria gritar para o mundo o quanto ele estava magnífico e imergir cada vez mais naquela sensação hipnotizante que era observá-lo.
— Taehyung? — o garoto franziu o cenho quando lhe viu tão perto, fazendo com que o próprio motoqueiro se assustasse ao perceber que havia caminhado até estar diante dele, como se houvesse um imã invisível atraindo seu corpo.
Foi então que o rapaz se deu conta de que agora ele também estava sob os holofotes e afastou-se calmamente temendo ofuscar o brilho de Jeongguk — ainda que isso fosse improvável, pois ninguém naquela discoteca conseguia ser tão radiante quanto ele. Ao afastar-se, porém, sentiu a mão de Jeongguk puxar-lhe para perto e um sorriso convidativo iluminar toda a face delicada que o garoto possuía.
— Não vá agora, Kim, tá tocando os Smiths. Já que temos o gosto pela banda em comum e estamos virando amigos, não faz mal dançarmos um pouquinho juntos.
Taehyung não sabia dançar, mesmo que aquele tipo de dança não exigisse uma coreografia bem desenvolvida e ensaiada, mas realmente não tinha jeito para a coisa. Só se soltava depois de dois ou três copos de álcool, contudo, sequer havia tocado em sua bebida que o barman deixara sobre o balcão. Olhou para trás, na direção daquele copo, tentando entender como em um piscar de olhos ele inconscientemente se deslocou do bar até a pista de dança.
A música que tocava naquele momento era This Charming Man, uma canção animada para dançar, embora a letra não fosse das mais positivas, mas para Jeongguk aquelas palavras não importavam. A melodia contagiante penetrava suas veias e o fazia extravasar toda a energia acumulada do corpo em cada um daqueles movimentos. É, Taehyung não podia mesmo negar. Jeon Jeongguk era um homem charmoso.
— Por que você tá tão travado, Kim? Vem dançar comigo. — o garoto o puxou pela mão novamente, dessa vez segurando-a por mais tempo, mexendo para cima e para baixo de modo a tentar fazê-lo acompanhar seus movimentos.
