Fazem seis meses desde que deixei os Estados Unidos, e junto com o país, meus amigos e minha namorada. Ex-namorada. Não tenho certeza se já superei por completo o que sentia por ela, mas com certeza não a esqueci, ainda sinto saudades. Tanto que a enviei uma carta há uma semana. As pessoas podem me perguntar "Carta? Você não tem celular?", mas eu não ligo para o que pensam. Eu quis fazer algo inovador — não que uma carta seja exatamente algo inovador, mas foge do convencional, então já serve. Queria surpreendê-la, nem eu sei por quê. Talvez ainda há uma minúscula parte em mim que quer fazer Rebeca feliz.
Não me orgulho de ainda não ter superado minha ex, já não estamos juntos há metade de um ano, sem contar da imensa distância entre nós. Não temos contato há muito tempo, não sei como vai a vida dela lá na América. Não tenho ideia se ela já arranjou alguém para me substituir, se ainda gosta de mim, se já tem interesse em outra pessoa. Espero receber uma resposta da carta, seria consideravelmente humilhante ficar no vácuo.
Desde que retornei ao Reino Unido, minha vida tem sido muito boa, não tenho do que reclamar: estou no último ano da escola no mesmo lugar em que estudava antes de me mudar, meus amigos mais próximos daqui estão ainda na mesma turma que eu, temos nos divertido muito juntos, estou muito feliz. Só não tenho ninguém no quesito amoroso. Até beijei alguma meninas em festas, mas nada a mais que isso.
Tenho pensado e percebi que acabei tendo o mesmo destino que minha outra ex-namorada: Agne. Ambos estávamos muito bem com nossos namoros, mas por conta de nossos responsáveis, tivemos de abandonar nossos companheiros e ir para outro país, na Europa. A vida gosta de brincar com as pessoas, e isso me encanta. Mas eu nunca mais entrei em contato com Agne, desde nosso término, no ano passado. Vai fazer um ano que ela está na Rússia, e eu nunca tive notícias dela. Com seis meses na Inglaterra, já mandei uma carta para Rebeca. Inegável que eu amei mais a Beca do que a Agne. Mas agora acabei ficando sem ninguém.
Não tenho ninguém em mente, nenhuma garota em particular conseguiu muito minha atenção. Já estou começando a me sentir carente, espero que isso acabe logo. As garotas que beijei nas festas, foi tudo superficial, não nos vimos depois.
Que horas você sai hoje?
Hoje era a festa de quinze anos da irmã do meu amigo, Richard. Sou próximo da família, e fui convidado para o aniversário. Moramos no mesmo bairro, eu iria para a festa com Richard. Chegaria na casa dele alguns minutos antes de ele sair.
Vou sair lá pelas 19 horas. Passa aqui umas dez para as sete e tudo certo.
Combinado
Espero me divertir nessa festa. Não vai ter muita gente que conheço, só Rick e sua família. Os demais convidados são amigos e parentes de sua irmã, não os conheço.
Não sou acostumado a usar terno, me senti estranho ao me ver no espelho com a roupa da festa. Terno e gravata preto azulado, e a camisa branca. Bem básico, mas elegante. Embora achasse estranho, me achei até bem bonito nesse tipo de roupa. Deveria usar mais vezes.
O salão da festa é grande, acho que comporta uns cem convidados. Há várias mesas para as famílias se sentarem, às 21 horas seria liberado o buffet. Chegamos no começo da festa, estava marcado para sete da noite. No centro do salão, uma pista de dança, que eu pretendo usar até o fim da festa. Mais ao fundo, bem chamativo, estava a mesa do bolo. A decoração estava muito bonita, com orquídeas e lírios azuis. O bolo era de dois andares, com uma mistura das cores branco e azul, e decorado com borboletas de um tom turquesa. Essa festa prometeu tudo, esperamos que entregue tudo.
Me sentei na mesa da família da aniversariante: Richard, seu irmão; Mary, sua mãe; James, seu pai; Henry, seu irmão mais novo, de seis anos. No entanto a mesa estava vazia, eles estavam fazendo a recepção junto de Katherine, a debutante. Kate estava deslumbrante com seu lindo e grande vestido violeta.
Depois de todas as tradições e o jantar, começou de fato a festa. Música alta para todos dançarem na pista, bebida liberada, todos animados. Havia algumas moças bem bonitas, mas não sei se solteiras.
— Ei, Lucas — chamou Richard —, viu que tem uma garota olhando pra você a festa inteira?
— Sério? Não vi, onde?
— Não vai olhar agora, mas é uma garota com um vestido verde escuro, mais atrás.
Fingi virar casualmente para o lado, então olhei apenas com o canto do olho e avistei alguém.
— Uma com o cabelo bem longo e escuro?
— Essa mesma.
— Não a tinha visto antes, é muito bonita! Quantos anos será que tem?
— Pelo rosto, não passa dos dezoito.
— Muito interessante — eu já cogitava ir falar com ela, nossas idades eram parecidas.
— Você que está todo carente, cheio de amor para dar, essa pode ser sua chance — falou Richard, brincando.
Já passei a olhar mais para a moça, na tentativa de algum contato visual. Eu não iria perder aquela chance.
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Lubeca 2
Teen FictionDepois de tudo o que aconteceu em Lubeca, passaram-se meses. Como que nosso casal está? E os amigos, ainda todos se falam? Claro que com o passar do tempo, muita coisa mudou. As mudanças, boas ou ruins, foram inevitáveis, e não há nada que possa rev...