Lubeca 2

Capítulo 3

*Rebeca pov*

Era segunda-feira (infelizmente) e já estávamos todos de volta no internato. Era a recém o terceiro mês do ano letivo, havia ainda metade do semestre até às férias de inverno.

— Beca! Beca! — Era Malu me chamando assim que me viu entrar pelos portões antes da primeira aula — É verdade que você recebeu uma carta do Lucas?

— Meu Deus, a Maduh já foi fofocar?

— Fofoca nada — minha irmã se intrometeu na conversa —, eu apenas informei um fato divertido à nossa amiga Malu.

Em resposta, fiz uma careta para Maduh. Me virando novamente para Malu, respondi à sua pergunta:

— Sim, ele me escreveu uma carta. E foi muito estranho... ele pareceu muito romântico, mas esse romance já não combina mais com nós dois.

— Pois é, né? Já fazem meses que vocês terminaram, e tu até já pegou outras pessoas.

— O mulherengo também andou se aventurando pelas terras inglesas — Maduh zombou.

— Bom dia, garotas — cumprimentava Breno, enquanto vinha, carregando seu skate na mão. Quem é mulherengo? Tem fofoca nova?

— Tem sim, Breno — respondi. — O Lucas é o mulherengo.

— O Lucas teu ex namorado?

— Esse mesmo. Acredita que ele me mandou uma carta?

— Cartas ainda existem? Meu Deus, o que ele escreveu nela?

— Só breguisse, eu já te adianto — minha irmã respondeu por mim. — Acho que era pra ser romântico, uma coisa bem vibes, mas me arrancou gargalhadas.

Um pouco mais tarde, durante o intervalo, eu mostrei a carta para meus amigos.

— Eu achei fofo — Elis comentou, e eu concordei com ela.

— Ele parece que não te superou ainda mas no insta dele parece outra coisa — Theo falou rindo.

— Foi muito fofo mas o Theo tem razão — disse Vini, lendo a carta de novo.

— Diz aí, Beca, essa carta mexeu contigo? — Lays me perguntou.

Nesse momento meu cérebro foi pego de surpresa, porque eu não parei muito para pensar sobre a carta. O que eu e Lucas tivemos foi muito forte, e acabou muito de repente, seria compreensível se ainda existisse algum sentimento.

— Se mexeu ou não, isso não tem importância na minha vida. Eu sou realista, não tem o que fazer com ele lá na Europa e eu aqui na América.

— Tu fugiu da pergunta, hein — Malu me cutucou.

— Ai, tá bom. Mexeu no primeiro momento, mas depois eu fiz desmexer.

— Como assim? — Perguntou Breno, confuso.

— Foi só eu lembrar que é impossível um namoro com milhares de quilômetros de distância e que eu e ele já beijamos outras pessoas. Lucas foi superado.

— Foi mesmo? — Insistiu Vini, rindo.

— Foi sim, faca de dois gumes.

Ao falar isso, vi Benjamin, um garoto do terceiro ano passar perto de nós. Ele era da mesma turma de Lucas no ano passado, mas eles nunca se falaram. Benjamin é um garoto muito bonito, com o cabelo preto bem curtinho, olhos cor de mel e corpo atlético. Tem cerca de 1,80 metros de altura. Na época, eu nunca prestei muita atenção nele, mas agora entendo porque muitas garotas são interessadas nele. Já fazia uma ou duas semanas que eu tinha uma quedinha por ele, nada demais.

Retomei minha atenção na conversa quando ouvi risadinhas vindo de Maduh e Malu.

— Acho que se ainda não foi, em breve vai ser — Malu disse, e percebi que ela estava olhando para Benjamin.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntei, pensando se elas haviam percebido.

— Sei lá, talvez alguém do terceiro ano passe a substituir o Lucas — Maduh respondeu, e voltou a rir com Malu.

Com certeza elas já sabem que eu estava de olho em Benjamin, mas eu decidi me fazer de boba um pouco mais, para ver até onde aquelas duas iriam.

— Como assim? Eu não tô ficando com ninguém agora.

— Agora — ressaltou Theo.

Malu disse uma coisa que depois me deixaria pensativa:

— Benjamin Stone, do terceiro ano, não para de te olhar já tem alguns dias. Ele é bonito, um partidasso para você.

— Aquele musculoso bonito que passou por nós agora? — Perguntou Laura, inclinando o corpo um pouco para frente.

— Esse mesmo, o futuro peguete da Beca — minha irmã respondeu.

Eu nunca tinha percebido que ele também ficava me olhando. Talvez seja porque em todas as vezes que ele virava a cabeça na minha direção, eu desviava o olhar. Mas eu realmente não sabia, então perguntei:

— É sério isso que vocês duas disseram?

— Claro que sim, a gente ainda não é louca — Malu riu.

Ao fim do dia, eu fui para meu dormitório preparar minhas coisas para tomar banho. Então eu me sentei na minha cama e comecei a pensar sobre o que Malu e minha irmã disseram mais cedo. Será que o Benjamin está a fim de mim? Se estivesse, eu seria uma garota de muita sorte. É fato que eu tenho uma queda por ele, mas não tenho certeza se é mútuo. Eu faria papel de boba se não fosse nada. Então peguei meu celular e comecei a procurar pelo Instagram dele. Não demorou muito para que eu achasse, e, meu Deus, achei uma mina de diamante. Muitas fotos dele, inclusive sem camisa. Benjamin Stone é inteiramente uma obra de arte, uma escultura de Michelangelo, e agora eu tinha certeza de que queria analisar de pertinho cada milímetro dessa maravilha.