Capítulo IV

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Roman entrou no escritório do amigo rapidamente. A freira o seguia receosa. O detetive olhou para as janelas entreabertas e decidiu trancá-las. Charles, que não entendia sua atitude, observou os olhos dele fixos na janela.

- Roman, o que diabos você está fazendo? - perguntou confuso. Notou o que disse e olhou para a freira. - Q-quero dizer, me desculpe, Irmã.

- Charles, tranque essa porta! - ordenou. - Tem alguma outra porta nesse consultório? - questionou.

- Não tem, Roman! - respondeu impaciente. - Posso saber o que está acontecendo? Por que tem uma freira junto com você?

- É ele, Charles. - Olhava para fora da janela. - Aquele desgraçado está aqui.

- Não fale essas bobagens com uma freira por perto, Gullit! - Estava envergonhado. Notou que a freira encarava seu próprio pé machucado. - A senhora se machucou?

Ela percebeu que o médico a fez uma pergunta, mas continuou a olhar para o chão.

- S-sim... - disse timidamente.

Ele correu para pegar seu kit médico enquanto ela viu a cadeira mais próxima e se sentou. O médico voltou a olhar para o detetive, que estava centrado na janela, procurando se havia algo os observando.

- Roman! - Sua atenção foi tomada pelo colega. - Como ela se machucou?

- Estávamos correndo atrás do assassino, ela se desequilibrou e caiu.

- A-assassino? - Fechou as mãos furiosamente. Percebeu o que estava fazendo e logo foi tratar do machucado da mulher.

O detetive se certificava se havia outra saída que facilitasse a entrada do criminoso.

- Charles, você consultou alguém hoje?

O médico ia responder, mas foi interrompido por um barulho no andar de cima de seu consultório.

Roman fez sinal para o colega ficar onde estava. Caminhou lentamente até a escada, os ruídos da madeira podre fazendo barulho a cada degrau que subia, o que começava a deixá-lo desconfortável. As janelas se abriram dando lugar ao luar, trazendo luz aos seus olhos. Terminou de subir os degraus e olhou em volta, certificando-se de onde vinha o barulho estranho. O detetive olhou para frente e encontrou uma silhueta escura de pé. Nem pensou duas vezes e posicionou a arma na direção da figura. Caminhou lentamente esperando o pior, enquanto a silhueta negra não movia um músculo, o que deixou Roman mais irritado com o suspense.

Segurou a arma com a mão direita, e a esquerda ia puxar a roupa da figura.

- Roman! - Estava tão focado que esqueceu que seu amigo havia subido as escadas atrás dele. O médico apareceu com uma vela na mão e olhou em direção ao detetive. - Isso é uma blusa.

- Melhor prevenir do que remediar. - Guardou a arma. - Charles, você recebeu pacientes hoje?

- Apenas três pessoas - respondeu.

- Quem foram essas três pessoas? - perguntou mais uma vez.

- Srtas. Smith, Jones e Daviens. - O doutor rapidamente entendeu a intenção do detetive. - É sério que passou na sua cabeça de eu ser o assassino?

- Estou apenas fazendo meu trabalho, Charles. Não leve para o lado pessoal.

- Mas você me conhece, Roman.

O detetive simplesmente ignorou como o médico se sentiu afetado e desceu as escadas. Encontrou a freira sentada dizendo palavras desconexas. Seu pé estava enfaixado, logo atrás dele estava o colega pensativo.

Jack, o Estripador e o cavaleiro do infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora