Simone. IX

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– Estou um pouco cansada da semana, queria tirar o dia de hoje para descansar. – Falei fechando os botões da minha camisa, sentada na beira da cama e evitando olhar para o homem que insistia pela milésima vez.
– Por favor, Simone, você está sempre trabalhando ou ajudando seus alunos nas atividades, nunca tira um tempo para sair de casa ou da universidade. Nunca tira um tempo para sair comigo. – Fez uma cena de novela enquanto se arrumava e eu revirei os olhos, estava sendo a chata outra vez.
– Tudo bem, Eduardo, eu vou.– Abri mão de continuar com aquela discussão.
– Obrigada!– Ele beijou o topo da minha testa e eu sorri com gentileza.

Não demorou muito e já estávamos no lugar que ele queria tanto que eu estivesse, apenas para fazer companhia, para que seus amigos pudessem nos ver juntos.

– Eu preciso comer alguma coisa, fiquei até tarde ontem revisando os trabalhos e estou até agora sem comer nada. – Falei e depois me sentei na mesa que tinha ao ar livre, me posicionando embaixo do guarda-sol.
– Tudo o que você quiser, querida.– Ele caminhou até o restaurante local e pediu que servissem um brunch completo com um pouco de tudo do que eles tinham. Era gentil e exagerado.

O cansaço era tanto que estava me rendendo uma dor de cabeça tremenda, precisei juntar os indicadores nas têmporas e massagear ali para ver se resolvia de alguma forma.

– Meu bem, quero te apresentar meu parceiro dos jogos.– Eduardo falou com entusiasmo e me fez virar lentamente com um sorriso mediano.
– Simone! Não acredito! – Falou César, correndo para tocar minha mão em cumprimento.
– Olá! Como está? – Correspondi o toque de sua mão e me levantei para o breve abraço.
– Eu preciso chamar a Soraya, ela vai ficar maluca quando te ver. – Falou empolgado e saiu em direção ao banheiro.
– Soraya Thronicke? Da outra noite? – Ele perguntou confuso.
– À própria. – Cruzei meus braços. Depois dos episódios anteriores acho que ela não ficaria tão feliz quanto César acreditava.

Não demoro muito e ele apareceu, puxando ela pelo braço. Seus passos deixavam claro que ela não estava nem um pouco contente com aquele encontro. Eu achei graça, era quase impossível de se acontecer, o destino estava jogando e eu adorava jogar.

– Senhorita Thronicke! Como vai? – Eduardo se aproximou para o aperto de mão. – Ou devo dizer "Senhora"? – Ele brincou, dando um tapa leve no braço de César.
– Não somos casados.– Ela falou rapidamente.
– AINDA não somos casados, amor.– Completou o namorado.
– Assim que se fala, amigão.– Comemorou Eduardo e foi caminhando em direção a mesa que estávamos.
– Soraya. – A cumprimentei somente acenando com cabeça.
– Simone. – Ela fez exatamente do mesmo jeito.
– Por favor, venham sentar com a gente. – Eduardo puxou sua própria cadeira e apontou para as outras que estavam disponíveis.
– Acho melhor nã...– A loira tentou falar e foi interrompida pelo próprio parceiro.
– Não recusaria esse convite. Obrigado! – Ele foi logo se sentando ao lado de Eduardo.
Puxei a cadeira para que Soraya pudesse se sentar e a mesma revirou os olhos antes de ocupar o lugar e só me acomodei depois.
– Você sabia que a Soraya é a fã número um da sua esposa, Eduardo? – Falou César e no mesmo minuto percebi que ela estava cobrindo o rosto com a palma da mão. – É sério! Ela acredita que são almas gêmeas. – Ele completou e ambos homens acabaram rindo.
– Desculpa se não fiquei chocado, ela é mesmo incrível.– Eduardo piscou para mim e eu sorri fraco, a dor de cabeça tinha aumentado cinquenta vezes mais.

Passamos um tempo escutando os dois em uma conversa longa sobre os jogos e sobre as duplas adversárias. Permaneci em silencio o tempo todo, comi algumas frutas e finalizei um suco de abacaxi com hortelã. Soraya não comeu nada, estava nitidamente incomodada e era claro que só estava fazendo aquilo porque o namorado obrigou. Não conseguia evitar que meus olhos admirassem a beleza única que ela tinha, tentei disfarçar por diversas vezes, mas era difícil.

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