O sigo até a cozinha e durante o trajeto reparo que a casa foi planejada ecologicamente de uma forma bem elegante, é composta por grandes janelas panorâmicas com vidro duplo que contém uma vista impressionante de toda a floresta em torno, descemos a escada que nos leva ao térreo da casa, seguindo em direção ao centro das áreas de estar, encosto em uma bancada sentando-me em seguida em um dos bancos que está ao meu lado. Preciso muito de um remédio para dor de cabeça, mas antes tenho de planejar qual será meu próximo passo pois não possuo nenhum dos meus documentos e provavelmente estou no radar de qualquer policial corrupto ou assassino de aluguel comprado pela 'Red House' já que causei um prejuízo enorme ao cartel com minha fuga.
Passo mais tempo do que imagino calada, até que o homem desconhecido coloca um copo com suco de laranja e um prato de sobremesa com uma fatia generosa de Melktert (sobremesa africana que consiste de uma massa doce contendo um creme feito a partir de leite, farinha, açúcar e ovos) no balcão, assim que ele me entrega eu devoro faminta.
''Vou esperar, que termine de comer para que possamos conversar, parece estar bem entretida, não pretendo atrapalhar.''
Limpo a boca devagar envergonhada pelo meu desespero, arranho a garganta e o pergunto
''Então, as crianças estão trancadas em um porão ou algo assim?''
''As crianças são minhas filhas e elas estão na escola agora, quando fez sua entrada dramática elas já estavam de saída. Agora, já que fui capaz de sanar sua curiosidade, poderia fazer o mesmo com a minha e me dizer o que está acontecendo? Está fugindo? Entrou aqui para tentar roubar algo?''
''Sim, estou fugindo.'' Foi tudo o que consegui dizer, como poderia explicar a verdade? E se ele achar que estou mentindo, ou pior, e se ele conhece aquele lugar e me levar a força? Eu não posso voltar, não vou voltar.
''Vad i helvete... Okej....'' ele suspira, não consigo entender a primeira frase, o que me faz notar pela primeira vez que talvez ele não seja daqui, embora isso não o impeça de estar envolvido com o cartel.
Com um tom de voz ponderado, ele continua
''Então é por isso que não quer envolver a policia? Eu posso ao menos saber o que você fez?''
''Eu não estou fugindo da policia, pelo menos não diretamente, e o crime que cometi foi contra a minha vontade.''
''Contra a minha vontade? Então essa é a desculpa usada hoje em dia?'' Ele dá uma risada sarcástica, o que me deixa furiosa.
''Eu não sei, diga-me o que diria se fosse uma mulher que foi sequestrada e forçada a se prostituir em diversas 'casas de luz vermelha' pela Europa? Não sei você mas, no meu caso sim, essa é uma desculpa que pode ser usada hoje em dia!''
No momento que fecho minha boca tenho consciência da besteira que acabo por falar, eu precisava sair daqui. Pulo da cadeira e começo a andar apressada a procura de uma saída mas ele é mais rápido e consegue me interceptar, bloqueando minha passagem. É isso, é aqui que tudo termina.
Ele prossegue
''Espera, do que está falando? Não pode dizer isso e simplesmente sair andando, para onde você vai?''
"Eu não sei, ok? Mas sei que é perigoso ficar aqui, ficar parada, eu preciso fugir, é arriscado para você também.''
''Então é isso mesmo que quer? Você realmente deseja viver fugindo, esperando eles te encontrarem?''
''O que eu quero?''
Solto uma risada áspera, enquanto engulo um nó que se forma em minha garganta e continuo
''Quer saber o que realmente quero? Que cada um deles paguem, eu desejo vê-los sofrer mais do que eu sofri, é isso o que eu quero.''
Ficamos em silencio por um tempo que pareceu uma eternidade, eu não consigo premeditar o que ele está pensando, a minha cabeça grita insistente para que eu dê o fora daqui, mas no fundo sei que ele tem razão, de jeito algum conseguirei viver fugindo, mesmo que tentasse não chegaria muito longe, sem dinheiro, mal conhecendo esse lugar, não tenho ideia da data a qual estamos e a lista fica maior a cada segundo que penso.
Mas, o mais importante, fugir seria muito fácil para eles, se eu quiser mesmo ser livre terei de fazer da melhor forma possível. Queimarei um a um, até não sobrar nada daquele lugar miserável, vou fazê-los pagar pelo sangue de cada mulher que sucumbiu em suas mãos. Para isso acontecer sei que vou precisar de ajuda e um homem rico pode ser bem oportuno para mim, no momento essa é a minha melhor chance, preciso fazer com que ele me ajude ou meu próximo destino será a 7 palmos da terra.
''Escuta... eu realmente preciso de um remédio para enxaqueca.''
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Tudo Por Nós
FanfictionBill Skarsgård fugiu de todo o caos que a fama trouxe para morar com sua família em uma casa luxuosa, no meio de uma bela floresta na cidade próxima ao Congo, ele pretende criar suas filhas em um lar longe de todos os holofotes que a mídia trás e on...