capítulo 12

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SUSAN GILBERT

Estava terminando uma reunião com o novo fornecedor de tecidos e rendas quando recebi uma ligação da secretária do meu pai pedindo para que eu fosse até a empresa para encontrá-lo.

O que será que ele queria depois de tanto tempo sem se comunicar comigo?

Me permiti ter o privilégio da dúvida e segui em direção à empresa depois de tentar ligar para Vinnie, que não soube dizer o motivo da ligação repentina para o meu número.

Após alguns minutos presa no trânsito infernal de Nova Iorque, adentrei o hall da empresa, onde recebi diversos olhares.

Todos ali me conheciam.

Algumas pessoas me olhavam confusas, outras arriscavam um sorriso.

Cumprimentei todos que cruzaram meu caminho até o elevador. Esperei o mesmo chegar até o térreo e quando as portas se abriram uma surpresa me aguardava:

Meu pai.

Ele vestia o de sempre: uma camisa social branca, sua inseparável gravata vermelha e uma calça social preta. O cabelo, coberto com uma fina camada de gel, parecia ter sido penteado repetidas vezes para trás, e a barba estava alinhada como sempre.

-Susan, minha filha! Quanto tempo! - meu pai se aproximou de mim e me puxou para um abraço, que retribuí.

- É... Já faz algum tempo desde a última vez em que nos vimos. - respondi.

Entramos no elevador e fomos até a cobertura do prédio, onde ficava a sala do meu pai. No caminho até lá ele fez algumas perguntas casuais, parecendo demonstrar interesse em saber o que eu havia feito nos últimos dois meses.

Quando chegamos em sua sala, sentei-me na cadeira que ficava em frente a mesa onde ele trabalhava.

- Eu sei que você provavelmente está achando tudo isso muito estranho...- meu pai disse.

- Estou mesmo. Fiquei surpresa quando sua secretária me ligou pedindo para que eu viesse até aqui. - respondi.

-Eu te devo um pedido enorme de desculpas, Susan. - o homem em minha frente abaixou a cabeça.

Apesar de estar confusa com o que estava acontecendo, permaneci em silêncio, esperando até que ele terminasse seu discurso.

- Eu fiquei muito chateado quando você recusou meu pedido para tomar conta da empresa assim que eu me aposentar. Você é a minha filha mais responsável e por isso confiei este cargo a você.

-Já conversamos sobre isso, pai...

-Sei disso, querida, e queria que soubesse que agora eu entendo o seu lado. Fui egoísta de querer que você seguisse com o legado da família sem ao menos perguntar o que você queria para sua vida, e fui um péssimo pai ao virar as costas para você quando ouvi um não como resposta. - ele fez uma pausa, algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto. - Senti muito a sua falta nesses dois meses, Susan. Principalmente nos churrascos em família nos finais de semana, que você sempre fazia questão de aparecer. Eu peço desculpas.

Durante toda a minha infância e adolescência eu tive meu pai ao meu lado, me apoiando e me ensinando a nunca desistir dos meus sonhos, por mais inalcançáveis que eles pudessem ser.

Ele esteve comigo quando eu fiz minha primeira tatuagem e eu lembro de como ele ficou bravo. quando eu apareci em casa com um piercing.

Ele foi a primeira pessoa para quem eu contei, ainda durante a adolescência, que eu gostava de garotas. Eu ainda conseguia lembrar do seu abraço apertado, dos olhos cheios de lágrimas e sua boca dizendo:

THE RAIN - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora