Cap. II - Arnaldo Vieira

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Mais um dia nascia e junto de si trazia seu forte sol de ''40 graus'' sobre o povo pele dourada os primeiros raios de luz que batiam contra a terra revelavam o lugar que um dia foi a capital de um dos grandes impérios do mundo, lugar esse que sempre fora eternizado como maravilhoso. Tim Maia soube muito bem quando cravou na eternidade musical que o Rio de Janeiro continuava lindo, o Cristo acima do Corcovado conseguia ver muito bem a baia de Guanabara e seus infinitos contornos pelo interior do Rio os vários navios abandonados ou atracados por ali, a lagoa Rodrigo de Freitas ou até mesmo a Floresta da Tijuca ambos locais que abrigavam algumas pessoas que logo cedo saiam para passear ou caminhar, porem de todos esses belos lugares estampados na paisagem carioca o mais marcante sempre será Ipanema aquela praia majestosa a qual nos deu uma musa que criou para o imaginário popular em um nível mundial toda a beleza e divindade da mulher brasileira, sabemos bem o quanto Tom Jobim e Vinicius de Moraes conseguiram acertar quando com simples versos e batuques chegaram a composição de uma melodia tão doce. Mas em todo paraíso as ambições, desejos e dificuldades também existem e para o povo carioca não é nem um pouco diferente, mesmo sendo cercados por muitas belezas naturais e noites dignas das antigas boêmias europeias o povo vive suas misérias e dessa nasce o malandro que quando se encontra com um desavisado consegue criar um negócio e se dar bem, tão como São Paulo no Rio ainda mais se faz necessário se lembrar do ''matar para sobreviver''.

Não muito longe dali, na Gavea próximo a Av. Rodrigo Otavio uma pequena multidão formada por curiosos se aglomeravam vendo algo que lhes prende a atenção, um homem estava caído no meio fio de bruços com sua face muito próxima do chão, ele se move lentamente enquanto solta alguns grunhidos de dor. Aqueles que o cercam observam suas roupas maltrapilhas, a camisa branca que usava estava cheia de cortes e buracos com algumas manchas de sangue e por conta disso a estampa dela mal era visível, suas calças jeans de um tom claro bem desbotado, tinham até um pouco mais de sangue que a peça superior o homem ao chão tinha em sua pele o vivido e forte tom do mogno, pele escura esta que cravava em si o mesmo brilho único que somente aquele tipo de madeira teria, dessa majestosos moveis e outras peças ganhavam vida aproveitando de sua qualidade, resistência e durabilidade. Porém voltando ao homem caído ele percebendo todos os burburinhos ao seu redor forçava suas mãos contra a rua numa tentativa mais que fracassada de se levantar, por algum motivo seu corpo não conseguia ter a força necessária para se tirar daquela situação e visto que ele possuía um bom desenvolvimento corporal, braços definidos, costas largas e coxas relativamente robustas, era de se estranhar o motivo pelo qual esse não se movia dali.

- Vem cá rapaz - Uma senhora branca de cabelos grisalhos com roupas simples se aproxima tentando ajudar o homem.

- Larga esse bêbado aí minha senhora - uma voz masculina fora de tom grita do meio da multidão, seguida de alguns populares que concordam.

- Calem a boca se não forem ajudar. - Um rapaz muito jovem ainda, mal deveria ter saído da adolescência se aproxima da mulher, esse um estudante dado ao uniforme que usava da rede pública junto com a mochila nas costas.

Ambos pegavam o ''bêbado'' pelos braços o erguendo lentamente enquanto parte da multidão dispersava e a outa reclamava ou se mantinha com o olhar curioso. E ao colocar esse sentado a situação não melhorava muito, imediatamente ele leva uma de suas mãos a cabeça enquanto todos ali notavam a camisa do homem ainda mais sangue e buracos que na parte posterior.

- Lembra seu nome - Perguntava a senhora.

- Arnaldo, por quê? - Ele respondia em tom de confusão, sua voz era grave, porém não em um tom assustador, mas sim impositivo.

- Você notou onde está? - Ela encarava Arnaldo enquanto esse abria os olhos pela primeira vez tendo esses apertados sutilmente por conta do brilho vindo do sol que nitidamente o causava muito incomodo.

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