Cap. I - Família Monte Belo

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O ser humano em sua mais completa ignorância acaba definindo o mundo somente por aquilo que consegue explicar.

- Di Cardano.


Cap. I - Família Monte Belo

Era apenas mais um fim de tarde no verão em São Paulo cidade capital do estado, o céu mostrava um pouco daquele seu típico esplendor nublado ao cair do dia algo típico para a região um vento leve e muito gélido batia de encontro aos corpos de todos que transitavam por ali. Sua típica paisagem caótica com grandes arranha-céus espalhados por todos os cantos, trânsito vivo e muito agressivo, lugar onde o ensurdecedor barulho de carros transitando e novas construções surgindo, se misturava e muito com o barulho criado por multidões que a todo tempo iam que vinham, buzinas, gritos, grandes maquinários se movimentavam por lá e com esses uma enorme sinfonia do caos era orquestrada. Mas diferente de tudo imaginado a paz pode nascer até mesmo em meio ao caos, alguns pequenos pontos em regiões embrenhadas nessa floresta de pedra surgem trazendo a todos a diferença de tonalidade citada por alguns bairros que quanto mais adentro se vai, maior a paz encontrada e assim é com o Ipiranga, esse que por ser de grande relevância histórica para o Brasil carrega com si a riqueza de muitas famílias que cravaram sua descendência e tradição bem próximas do marco de independência da nação, grandes mansões e casarões se encontram ali e dentro de um destes dois envelopes negros foram depositados em suas caixas de correspondência.

E nesta um exuberante quintal contornava todo o terreno que totalmente coberto por grama mostrava a sua vida numa coloração vibrante, se mesclava com os caminhos que ali existiam nas áreas de acesso da mansão estas quais eram desenhadas por grandes ladrilhos de pedra fixos ao chão estes os responsáveis por ditar todas as trilhas ali visíveis. Uma série de arbustos cercavam cada um desses que por fim levavam não somente a mansão, mas também a um pequeno bosque aos fundos da propriedade, arvores de copa baixa desenhavam aquele curioso lugar no chão abaixo dessas, muitas folhas já secas se misturavam com alguns frutos podres criando no ar um aroma doce que ali pairava cativando os mais curiosos a o acompanharem e disso notar que em algumas dessas arvores frutas existiam nos galhos, realmente aquele lugar possuía sua beleza a modo de que quanto mais se admirava mais se via as suas particularidades. A vida existia ali.

Porém quanto mais se admirava o lugar mais evidenciado ficava o contraste que a mansão possuía ao centro, seus rodapés eram decorados com lírios brancos suas paredes externas compunham dois grandes andares, ambos feitos de tijolo exposto típicos da construção Georgiana. Seu teto, caído para frente e para trás formava uma letra ''V'' de cabeça para baixo por toda sua extensão, no segundo andar grandes janelas retangulares eram vistas de baixo, possivelmente cada uma serviria para iluminar um cômodo diferente, quartos, escritórios ou até mesmo um simples banheiro, já no primeiro andar pelo menos três grandes janelas de topo abobadado eram vistas aos lados da grande porta dupla feita de madeira escura que fechava a entrada deste lugar, a frente dela uma escada curta com degraus de mármore guiava os passos daqueles que vinham a adentrar ali. E parado no topo dessa estava Tadeu, um homem que havia visto muitas coisas ali durante toda sua vida e desde que se lembra trabalhava pelo zelo da Família Monte-belo em sua face trazia certa preocupação e de modo um pouco rude abria uma das portas da mansão, aquele homem esguio de pele clara se vestia de maneira social, calças e um colete num tom de ''preto- claro ou branco-escuro'' juntos a uma blusa social preta e luvas brancas se compunham a ele. As portas se abriam e a vista do grande salão principal começava a se formar.

Um espaço amplo guiado por um tapete vermelho de tom carmesim, muito similar ao de uma rosa que recém desabrochou cobria o piso de granito mesclado em preto e cinza, as paredes ali era recobertas por uma espécie de veludo de tom bordo, frente a essas moveis feitos de madeira serviam de suporte para retratos de família e vasos de flores, ao longo do salão duas portas de cada lado levavam para outros cômodos, mas essas são completamente ignoradas por Tadeu que com certa pressa passa direto por aquele lugar subindo ao segundo andar. Um suave ecoar de passos rápidos batendo contra o piso aveludado por carpetes rasgava o silencio dentro da enorme mansão, o mármore era trocado por carpete no segundo andar ao topo da escada Tadeu segue para a direita dela ao longe no fim do corretor uma grande porta dupla com o brasão de São Jorge se formava com essa fechada e ao encará-la o velho mordomo bate contra a mesma e dali de dentro uma voz rouca de uma ordem.

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