Capítulo 29

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Recebi alta e fui para a casa. Agora Antony estava o tempo inteiro em cima de mim, e isso me irritava. Tudo que eu iria fazer, ele tomava iniciativa para não me esforçar. E ele contratou um chef de cozinha para fazer minhas refeições de acordo com a dieta que exigiu do médico. Como eu optei por não fazer a cirurgia antes do parto, tive que restringir algumas coisas para ter o fim da gestação sem riscos. E mesmo que eu me alimentasse bem, meu corpo ainda dava indícios de que algo errado estava acontecendo. O câncer de colo de útero pode ser silencioso, o que era meu caso. Muitas mulheres grávidas já passaram por isso e estão vivas. Mas eu tinha medo pelo fato de já ter que operar logo após a cesárea. Seria uma cirurgia complicada, porque existia a probabilidade de sermos surpreendidos por uma metástase. 

- Vai ficar me seguindo igual um obsessor o dia inteiro? - Me virei, esbarrando nele de repente.

Antony riu alto.

- Não sou obsessor, me respeita! - Disse em meio as gargalhadas.

- É sério, não precisa ficar me seguindo pela casa o dia todo. Você não precisa treinar?

- Já disse que meu técnico me liberou para ficar com você. - Respondeu.

Revirei os olhos.

- Você pode ficar, mas mantenha um metro de distância. - Retruquei.

Ele me puxou para um abraço. Envolveu os braços em volta de mim e depois olhou para minha barriga. Já estava com quase nove meses.

- Cada vez que se aproxima do grande dia, eu fico com medo. - Disse.

- Estou ansiosa para ver o rostinho dele... - Falei com a voz fraca, porque talvez isso não pudesse acontecer de fato.

- Queria fazer algo ou mudar as coisas, você não merece passar por isso. - Antony disse, bem triste.

- Você já está fazendo, está cuidando de mim de forma exagerada. - Falei rindo.

Ele sorriu.

- Estou sendo tão chato assim?

- Nossa, insuportável Antony! - Falei e ele riu de novo.

Me abraçou bem apertado, de forma que senti minha barriga ser pressionada. 

- Agora está na hora da soneca. - Antony disse, conferindo o relógio.

- Não estou com sono! - Reclamei.

Ele me puxou pelo braço e me obrigou a deitar na cama.

- Só estou pensando no dia que estará liberada para eu te comer. - Disse olhando para meu sexo e depois para meu rosto.

- Antony! - Falei brava.

- Agora descanse, porque mais tarde tenho uma surpresa para você. - Disse animado.

- Não posso passar raiva, hein! - Avisei indicando minha barriga.

- Por quê pensa que sempre vou te fazer passar raiva? - Perguntou desconfiado, mas ele sabia muito bem o porque.

- Preciso te lembrar sobre tudo que aconteceu?

Ele ficou sem graça. Jamais iria esquecer as coisas que ele aprontou, e nosso relacionamento estava muito fragmentado. Nem eu sabia o que éramos agora. Apenas deixei ele ficar perto de mim por causa do Lorenzo. E apesar de afirmar para mim mesma que era somente por isso, nos outros meses, transamos e dormimos juntos todos os dias. Agora com quase nove meses eu já não conseguia fazer muita coisa, porém ele ainda estava aqui. Confesso que me sentia culpada por tudo, mas meu coração queria amá-lo. E eu não tinha muito o que fazer em relação a isso. 

Tudo é feito para ser QuebradoOnde histórias criam vida. Descubra agora