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     - O Príncipe Cruel

   A voz grave e profunda do grande rei soou pelo salão como se fosse um trovão, enquanto todos se olhavam curiosos com a mesma pergunta em mente: quem seria o principe citado no título?

      Prólogo

   Em uma sonolenta tarde de sábado, um homem vestindo um casaco escuro e comprido hesitou na frente de uma casa numa rua arborizada. Ele não tinha estacionado seu carro nem tinha ido de táxi. Nenhum vizinho o vira andando pela calçada. Ele simplesmente apareceu, como se tivesse dado um passo entre uma sombra e outra.

   Madoc por algum motivo desconhecido sentiu um arrepio subindo pela sua coluna, de alguma forma, ele sentia que ele era o tal homem, e se seu instinto estivesse realmente certo, eles estavam prestes a ler sobre a morte da "esposa" dele.

   - É impressão minha ou estamos lendo sobre o mundo mortal? - Vivi foi a primeira a expressar suas dúvidas perante todos.

   - Por que raios leriamos sobre os mortais? - Nicasia, a herdeira dos oceanos completou em um tom esnobe - Que eu saiba esses livros serviriam para salvar o nosso futuro, e não para nos lembrar sobre a inutilidade dessa escória

   - É isso que estamos tentando descobrir, talvez se vocês simplesmente parassem de tentar adivinhar sobre o que o livro fala, descobririamos mais rápido - com o seu habitual sarcasmo Cardan respondeu as duas

   Ignorando o breve diálogo entre eles, o rei voltou a ler.

   O homem andou até a porta e levantou o punho para bater. Dentro da casa, Jude estava sentada no tapete da sala de estar comendo palitinhos de peixe empanado murchos por causa do micro-ondas e mergulhados em uma poça de ketchup.

   Foi só o nome de Jude ser citado para todos os seres presentes naquele ambiente começarem a olhar descaradamente em sua direção, e claro, não demorou muito para os comentários desagradáveis começarem também.
  
   Nicasia estava deixando sua opinião bem óbvia para todos, de acordo com ela não tinha necessidade de Jude estar no livro já que ele era tão importante, enquanto a Duarte era somente uma mortal.

   Enquanto isso Cardan se ajeitava discretamente em seu lugar curioso pelo que seria lido e exposto naqueles livros, já a menina Duarte não estava nem um pouco confortável com todos lendo seus pensamentos, então quando percebeu os olhares em sua direção, somente se encolheu.

   Sua irmã gêmea, Taryn, cochilava no sofá, encolhida sob um cobertor, o polegar enfiado na boca manchada de ponche de frutas. E do outro lado do sofá, a irmã mais velha delas, Vivienne, encarava a tela da televisão, o olhar esquisito de pupilas partidas grudado no desenho do rato que fugia do gato. Ela riu quando pareceu que o rato seria comido.

   Vivi não era feito as outras irmãs mais velhas, mas como Jude e Taryn, de sete anos, eram idênticas com mesmos cabelos castanhos ondulados e rostos de queixo fino, elas também se tornavam diferentes. Para Jude, os olhos de Vivi e as pontinhas levemente peludas de suas orelhas não eram muito mais estranhos do que ser a imagem espelhada de outra pessoa.

   E se Jude reparava no modo como as crianças do bairro evitavam Vivi, ou em como os pais cochichavam de maneira preocupada a respeito da garota, ela não achava que fosse algo realmente importante. Adultos viviam preocupados, sempre sussurrando.

   - Eu não tinha ideia do quão importante tudo isso era - ela sussurrou tão baixo que nem mesmo as criaturas ao seu redor puderam escutar

   Taryn bocejou e se espreguiçou, apertando a bochecha no joelho de Vivi.

𝙏𝙃𝙀 𝘾𝙍𝙐𝙀𝙇 𝙋𝙍𝙄𝙉𝘾𝙀 - 𝙩𝙝𝙚 𝙨𝙚𝙘𝙤𝙣𝙙 𝙘𝙝𝙖𝙣𝙘𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora