capítulo 1

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Não sei dizer ao certo o que foi mais difícil para mim, sair da minha cidade natal minha zona de conforto onde passei uma década morando com meus pais em uma casa que sempre foi nossa, ou sair do bairro que nos acolheu tão bem durante os dois anos que estivemos por lá, sinto saudades de ambas.
Sim, mesmo depois de tudo o que aconteceu sinto falta daquele lugar, porque foi lá que vi meu pai pela última vez.

Saio da janela e enxugo as lágrimas que caem pelo meu rosto, vire e mexe essas lembranças insistem em tomar conta da minha mente e quando percebo já estou a chorar pelos cantos.

- PRISCILA. FILHA, VOCÊ JÁ ESTÁ ARRUMADA? (Minha mãe grita do banheiro)

- ESTOU QUASE MÃE. (minto descaradamente)

- ACHO MELHOR ESTAR MESMO, LEMBRE-SE DE QUE HOJE É UM DIA MUITO IMPORTANTE NO RESTAURANTE.

Ao completar 16 anos minha mãe conseguiu uma vaga pra mim de garçonete no restaurante que ela trabalha. Hoje sou gerente, mas apesar do meu cargo não ganhei regalias como poder chegar atrasada. Inclusive esses últimos dois meses tem sido os mais difíceis de gerenciar, com a organização do evento anual de gastronomia.
Essa época do ano sempre tem muita correria, eu já deveria estar acostumada ? Sim, mas acredito que tem coisas que não dá pra se acostumar, sempre vou sentir esse frio na barriga e o medo de errar.

Vou imediatamente ao guarda roupa, pego umas peças que já estão separadas, blusa branca, saia preta, blazer e minha sapatilha esse tem sido meu uniforme de quase dois anos. Me visto, vou até a cozinha me sirvo de café e sento-me na mesa para esperar, estou ansiosa para o grande evento que acontecerá no Granlafon, e o meu bom desempenho será um dos pilares essenciais para que tudo ocorra bem, tive ajuda do meu chefe da última vez, mas esse ano o mesmo viajou por alguns meses e deixou o restaurante por minha conta, ele confia em mim e farei o meu melhor, não irei decepcionar.
Toda essa correria com o evento me fez lembrar de anos atrás. Antes de irmos embora daquele bairro, minha mãe e eu participamos de um torneio amador de massas, nós não ganhamos, mas a diversão foi garantida todos se entupiram de vários tipos de recheio e por incrível que pareça a parte da limpeza se tornou a mais divertida já que foi feita com aparelhos de lava jato e muitas crianças, para eles tudo era motivo de alegria, estavam sempre felizes e comemorando mesmo que não fosse uma data especial, todos eram humildes, mas as festas eram sempre regadas de muita comida e bebida e é dessas coisas simples que mais sinto falta.
Ah! tempo que não volta.
Naquela época nenhuma de nós duas poderiamos se quer imaginar que anos mais tarde estaríamos novamente participando de eventos culinários, mas nos dias de hoje isso é algo que já faz parte do nosso cotidiano.
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14 anos atrás

- Pra que você quer estudar se eu já te dou tudo?

- Quero ter uma profissão, me sentir útil.

- Mas mulher, você é muito útil, é tú que cuida da nossa filha.

- Como pais que somos, isso é um dever nosso, mas estudar me profissionalizar é uma escolha e eu quero isso.

- Eu não concordo, pra mim não tem a menor necessidade de você fazer faculdade, mas também não vou ficar discutindo contigo, vou falar com o Robson pra liberar a verba.

- Eu ainda não entendo como você prefere confiar nesse homem o nosso dinheiro, ao invés de me deixar te ajudar com isso.

- Não quero te envolver mais nos meus assuntos, e eu confio nele crescemos juntos, desde sempre ele é meu braço direito, tu sabe disso.

- É eu sei, mas meu sexto sentido me diz que não devemos confiar nele.

- Sexto sentido é invenção de mulher cismada e você nunca foi com a cara dele desde que a gente se conheceu, mas como já disse não quero discussão, então vamos parar de falar sobre isso.

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