maçã ou romã?

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Eu estava muito triste aquela noite: vários sentimentos me rodeando. Eu apenas escutava as vozes de muitas pessoas distantes, eram como ecos pelo ar. Eu não me lembro de onde estou, apenas sei que minha cabeça está doendo muito.

Senti alguém me tocar, me sacudir, mas eu tive um pouco de dificuldade de levantar a cabeça.
As luzes do local queimaram meus olhos.
"Senhora...? Senhora...?" Eu pisquei três vezes pra ter certeza que essa visão era real, eu não sabia o que era real ou não.

   — Senhora? Tudo bem? — Disse um cara que me cutucava com o dedo.

Eu olhei para o homem com certa dificuldade. Forcei minha vista.

   — Ãh?...O que? — Eu disse com uma voz cansada.

   — Moça, a senhora precisa ir para casa. Já são 7:00 da manhã. —

Eu esfreguei meus olhos. Olhei em volta: era um bar e, eu dormi no balcão, de novo.
O cara era o bar Man, e o engraçado, eu já estava acostumada com ele.

   — Senhora, alguém vem lhe buscar? — Perguntou o homem com uma doce voz.

   — Não...! — Respondi em um tom de raiva.

Eu sei que ele estava sendo educado, mas ser legal quando você está de ressaca, é foda.
Quase caí do banco grande, mas sai viva. Nem lembro se paguei o cara, eu só queria ir pra casa.
O sol estava nascendo, as ruas estavam mais visíveis. Olhei pra minha roupa: eu estava com um vestido colado, preto de alça fina: o típico vestido preto de seda. Meu salto preto estava sem o salto do lado direito. Eu estava andando como um velho bêbado, quase tropeçando em meus próprios pés. Meus olhos pesavam. Eu estava cheirando cigarro e álcool muito forte. E pra somar, eu estava com fome.
Notei que passei perto de uma frutaria que tinha acabado de abrir. Vi as frutas e demais coisa: hum... Por que não? Já estou com fome.
Entrei e vi alguns idosos e pessoas estranhas me olharem torto. Eu resolvi não ligar, mas era muito desconfortável ficar mais um minuto alí.
Peguei maçãs, uvas, morangos e kiwis: eu amo, essas são minhas frutas preferidas.
Andei até o caixa. Vi uma mulher puxar o filho pra outro corretor com medo de ele me ver. 

Que vadia!

 
Coloquei minhas frutas com balcão. O atendente pegou cada um e colocou em uma sacola.
Enquanto ele fazia isso, eu fechei meus olhos, meu corpo doía, minha cabeça ainda doía por falta de água.

   — Moça! Deu U$26,42. —

Abri os olhos com dificuldade. Paguei e sai com as minhas compras. Já na rua, eu era a atração principal, todos me olhavam com medo, nojo ou pena. Isso doía...
Cheguei em casa e fui até a cozinha. Joguei todas as frutas na pia e liguei a torneira. Fui até a geladeira e tomei água pela primeira vez no dia: era como se rasgasse minhas paredes de estômago. Desliguei a torneira e peguei uma maçã.
Fui pra sala e me sentei no sofá. Olhei para as minhas mãos: um copo de água pela metade em uma mão e, uma maçã na outra. Mordi a fruta e senti meus dentes doerem: faz quanto tempo que eu escovei eles?
Continue comendo minha comida, mas era difícil, o sono não deixava. Quando dei a última mordida, bebi a água e fui pro andar de cima.
Entrei no quarto, tirei o vestido e o salto e, me deitei na cama somente com as roupas de baixo. Assim que deitei, eu fechei meus olhos. Um zumbido ensurdecedor era contínuo em meus ouvidos, eu queria chorar: eu não sinto mais as minhas lágrimas, eu estou sozinha, tudo me assusta...

Socorro!
Eu estou aguentando firme pela minha vida!



















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Olá a todos, votem nessa história se gostaram desse começo. Acho que vão gostar da história toda. Amo vocês e obrigada por ler <3

1000 FORMS OF FEAR (B.E) -1Onde histórias criam vida. Descubra agora