1000 FORMS OF FEAR (B.E) -1

2- passado e presente

Fora da balada e bebedeira, minha vida era bem chata. Eu acordava tarde, chorava, comia quando lembrava, tomava banho quando sentia coceira lá embaixo... Mas as festas eram todos os dias. Uma vez, eu não sei de onde eu tirei energia e disposição, mas eu acordei disposta a arrumar a minha casa. Era final de março. Eu tirei todos os lixos de dias acumulados, limpei a sala, meu quarto e o banheiro. Como a casa era um pouco grande, deu trabalho. Assim que eu terminei, me sentei um pouco no sofá da sala. Olhei para minha frente, admirando meu trabalho duro. Confesso que foi a única vez em três anos que eu me senti orgulhosa de mim mesma. Olhei para fora da janela e vi algo estranho: era a minha jovem vizinha, sem ser a criança triste, olhando para minha casa...

Bom, eu tenho três vizinhas: uma criança que vivia cabisbaixa, uma mulher jovem de aproximadamente 20 e poucos anos e, uma mulher idosa. 

A jovem, que se vestia bem, olhava para dentro de uma maneira estranha, como se estivesse com procurando algo. Me levantei e fui me aproximando da janela. Assim que ela notou, a mesma se assustou e entrou para dentro da casa. Eu achei aquilo bem estranho, mas o que fazer, não é?

Eu tentei esquecer aquilo e foi fácil.

Pela tarde, eu fui ao sótão limpar e acabei achando uma caixa branca. Como sou curiosa, fui abrir e me arrependi: era algumas fitas dos diários de viagem do Finneas, meu irmão mais velho.

Eu... Tinha um irmão mais velho. Ele era meu melhor amigo, éramos inseparáveis, tínhamos um relacionamento de invejar. Lembro que ele era apaixonado por buscas arqueológicas desde muito pequeno. Ele era doido por tesouro e piratas,  era cansativo ouvir as melhores coisas já encontradas na arqueologia, ele sabia de tudo. Depois que aconteceu  "a grande mudança", ele investiu nessa carreira, até pensou em fazer um programa com isso, mas não deu muito certo... Não sei o que aconteceu, mas eu soube que acabou de uma maneira muito trágica: o suicídio...

Eu me mudei para fazer uma surpresa a ele, mas era tarde de mais... Ele já estava morto. Os policiais disseram que ele se jogou na frente de um trem, mas a única testemunha foi a criança do lado, então eu não sei se é verdade ou não. Desde então, eu morro aqui. Mesmo não tendo muitos amigos e tendo muitos inimigos, como a mulher rica que me tormenta, a vida é chata... Mas eu prefiro assim, se comparado a minha vida antes.

...

À noite, eu fui para uma casa noturna junto com Hanni e David. Eu lembro perfeitamente dessa noite trágica. Eu conheci um cara que poderia ser o motivo de o fim de uma boa amizade.

— Oi! — Eu disse contente. Eu havia notado esse homem elegante perto do balcão.

— Oi...— Ele sorriu. Seu sorriso era tão lindo. — Tudo bem? — Eu fiquei hipnotiza com sua beleza.

Eu não sei se foram as drogas, mas esse cara é tão sexy! Eu já estava bem bêbada.

— Estou, estou bem melhor agora, com a sua presença...—

— Meu nome é Tomie. — Ele estendeu sua mão a mim.

— O meu é Lilian. É um prazer conhece-lo. — Eu apertei sua mão.

— Que nada! O prazer é todo meu. — Homem educado é mais gato que o normal.

— Quer ir para outro lugar? — Perguntei.

— Claro...— Ele me pegou pelo braço e eu me agarrei nele.

Quando estávamos indo embora, eu avistei meus dois amigos e resolvi apresentá-lo a eles, mas, quando  Hanni viu, ela pareceu muito chateada e saiu de perto de nós com os olhos marejados, de repente.