5- interrelação

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Mesmo com a Melanie ainda olhando para mim com desdém, eu fiquei um bom tempo com a pequena família da Loene. Ela era uma mulher de 74 anos; viviam atualmente com uma filha adotiva e uma babá; ela tem outra filha, mas, por o que me parece, ela não visitava a própria mãe, parece ser uma pessoa muito ocupada.

Já na casa, a babá não deixava eu ficar perto ou sozinha no mesmo lugar que a criança. Eu sabia que isso não era uma superproteção, ou ela tinha repulsa de mim como os outros, ou outra coisa que eu desconheço. Já a senhora, ela era muito gentil comigo, tanto que contei um pouco da minha história para ela, o que fez a mesma me acolher ainda mais. Eu até parei de beber, fumar ou me drogar e, se eu sentisse alguma necessidade de fazer alguma coisa dessas, eu corria ao encontro dela para desabafar. Era incrível como eu confiei nela tão rápido, não sei se era porque que ela me lembrava de minha mãe, era estranho pensar nisso.

Em uma dessas "sessões de terapia gratuita", eu estava na casa dela, em um domingo à noite.

— ... Eu passei a fazer aquelas malditas coisas para tentar esquecer. Confesso que eu ainda tenho vergonha de lembrar. — Eu estava deitada no seu sofá. Ela estava sentada na poltrona ao meu lado.

— Sei que você não iniciou esse vício por maldade, mas por necessidade. Eu também já fiz muitas coisas ruins nessa vida. —

— Tipo a sua filha Luen? — Falei rindo. Ela riu de volta.

— Nesse caso, foi descuido. Eu sei que ela me ama, mas é do jeito dela.—

— Ela, realmente, nunca vem lhe visitar? —

— Desde que ela começou a trabalhar, ela não voltou mais, mas ela sabe o que faz. —

Querendo ou não, eu não concordava com isso; eu querendo uma família e outros podendo ter e não sabendo aproveitar. Ela era calma e compreensiva, eu tinha muita saudades de ter alguém assim a meu lado.

A mulher se sentou ao meu lado, bem perto da minha cabeça. Aproveitei e apoiei minha cabeça em seu colo. A mulher começou a pentear meu cabelo com seus dedos. Ela me olhava com carinho e pena, eu gostava muito dela. Ela começou a cantarolar uma música. Fiquei curiosa com tão adorável ritmo.

— Que música é essa? — Perguntei a ela.

— É música. — Fiquei confusa.

— Sim, mas como é o nome da música? — Ela riu.

— O nome dessa música é "música" — 

— Ah, tá.... O nome da música é música. — Eu ri. — E como é a música? Quer dizer, a letra dela? — Ela respirou fundo e começou a cantar.

— "Querida... É o seu anjo calmante... Use-me para sentir toda a sua dor... Sou todo seu..." — Ela me olhou. A voz ela era muito doce de ouvir. Eu ri. Isso me fez lembrar minhas doces memórias de infância...

— Por que parou? Sua voz é linda, senhora Isobelle. — Um sorriso surgiu no rosto a senhora.

— Obrigada, querida.— Eu não consigo dizer a paz que essa mulher me dá. Eu tenho raiva da filha ingrata que, infelizmente, ela tem. —Eu vou na igreja mais tarde com a Melanie, quer ir junto? — Ela se levantou devagar pela idade.

— Eu vou ficar em casa, além do mais, eu queria anotar algumas receitas para o natal. Procurei e achei várias, tanto veganas como não-veganas. — Falei felizmente. Mudei para outra posição, dessa vez sentada no sofá.

— Deixo essa tarefa importante a você, acho bom a Melanie ter pesos a menos nessa data. É sempre ela quem faz tudo, não concordo, mas minha idade não permite a tão esperada ajuda em tudo. — Eu me levantei.

— Não se preocupe, eu vou ajudá-la com tudo que a mesma precisar. —

— Muito obrigada, minha filha! Agora eu vou me arrumar pra ir na igreja...— Ela sai da sala, indo para seu quarto se arrumar.

Eu fiquei muito empolgada: fui para minha casa e busquei as melhores e mais acessíveis receitas de natal. Olhei no calendário e vi que já era 15/12/2033, ou seja, faltam 10 dias para o natal e, como vocês sabem, é minha época favorita do ano de todas, é a mais mágica... Eu amo o natal!

Eu fiquei pensando essa época tão querida que lembrei dos anos anteriores... Passei com amigos, com minha equipe... Com a minha família...

Notei uma gota caindo no pequeno papel no qual eu fazia minhas anotações. Eu sinto muita falta dela, muita mesmo. Eu estou aliviada que nesse natal eu vou passar com minha nova família e não bebendo um algum lugar com pessoas querendo me levar para seus camas.

Olhei para o relógio na cozinha da minha casa, eram 18:00 horas. O barulho do relógio era a coisa que se podia ouvir claramente naquele ambiente. Eu fiquei um bom tempo pensando, mas eu nem sei no que realmente era. Após um tempo eu lembrei: dia 18 é meu aniversário...

Como eu pude esquecer?















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Capítulo bem pequeno, porém feito com muito carinho.

Amo-vos!

1000 FORMS OF FEAR (B.E) -1Onde histórias criam vida. Descubra agora