How to Fix a Brokenheart #2

9➷ Dilemma

Dave

 
     O escritório do meu pai é como se fosse uma sala sagrada. Posso contar as poucas vezes em que estive aqui dentro, é como estar em um confessionário de igreja, só que ao invés de um padre tem um juiz pronto para me condenar.

Me sento na cadeira de couro em frente a sua mesa, enquanto ele conversa ao telefone brinco com o pêndulo de Newton, eu era obcecado por isso quando era criança, tanto que as vezes até aprontava coisas de propósito, porque assim eu poderia brincar com ele enquanto meu pai me dava bronca no escritório.

Nas paredes várias coisas emolduradas, coisas da empresa. Também há uma foto de nós todos num natal ainda quando eu era criança, uma foto do meu pai ao lado do meu avô Thomas, fotos do Bryce em premiações estudantis, vários certificados dele e até uma matéria de revista sobre ele ter sido aceito em todas as Ivy League com notas excepcionais. 

O máximo que teriam meu ali era um boletim de ocorrência por perturbação da vizinhança. 

O pensamento me tira um risada, mas guardo a piada para mim. Meu pai não acharia engraçado.

— Ei, Thomas... Você está me ouvindo? — meu pai me chama a atenção.

Paro de encarar as paredes.

— Tô, me diz o que você quer, eu tenho que ir naquele evento chato, lembra? — enfatizo, já que são eles quem estão me obrigando a ir.

— Você vai se comportar. — não foi uma pergunta. — Não vai falar ou fazer nenhuma bobagem.

— Eu sempre me comporto. — sorrio despreocupado.

— Que tal isso? Faça como o seu irmão faria, sempre recebíamos elogios quando ele ia a esse evento. Sei que isso é pedir demais vindo de você então vou apenas pedir para que faça o mínimo. Se comporte.

É como se minha raiva subisse dos pés até atingir a cabeça.

— Que tal isso? Se quer tanto um robôzinho, vá você mesmo.

— Você sabe que tenho coisas mais importantes para fazer.

Porra e eu não tenho?

Ele começa a trabalhar em seu computador, simplesmente esperando que eu pegue a deixa e saia da sala. Eu não faço isso. 

— Você pode me dizer o que tá acontecendo com a minha mãe? — pergunto de uma vez.

O clima nessa casa está uma desgraça, todo mundo age como se nada tivesse acontecido, as vezes acho que eu devo ser o maluco aqui dentro e estou sendo testado, como naquele filme do DiCaprio.

Ele para por um segundo, mas não ergue o olhar da tela.

— Não tem nada acontecendo com ela. — e continua a digitar.

— Nada? — digo exasperado — Você soube do que aconteceu no outro dia, pai?

— Irmãs brigam, isso é normal.

Eu nunca briguei com o meu irmão, ele não perderia tempo com isso.

— Fala sério, cara. Você conhece sua mulher e eu conheço a minha mãe, ela não age daquele jeito. — eu explico — Ela estava... Ela chorou.