02 | Não seja maldosa

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LUAN RODRIGUES - 29 ANOS

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LUAN RODRIGUES - 29 ANOS

Já passava das nove da manhã quando o avião pousou no aeroporto do Rio de Janeiro.

A nostalgia me atingiu assim que pisei em terra firme e foi impossível controlar as lembranças que por seis anos eu evitei que consumisse a minha mente para que eu não pegasse o primeiro vôo vindo de Los Angeles para o Brasil.

Mãe, irmão e amigos... Cada lembranças com eles se fizeram presente assim como no dia em que eu fui embora com o sonho de me tornar um profissional renomado em outro país.

Agora, com o sonho sendo realidade, eu estou de volta. Pronto para montar uma filial do meu escritório de advocacia em terras brasileiras.

Mais precisamente, na minha cidade natal.

Rio de Janeiro.

Olívia - Oh, my god! Como está calor. - sorrio quando a voz da minha noiva alcança minha audição. — Céus, estou derretendo!

Ela de veras odeia o calor mas, estranhamente, me ama o suficiente para topar se mudar para uma cidade da qual a temperatura se igualaria facilmente ao inferno.

— Você se acostuma com o tempo, baby. - me viro para a loira com porte de modelo, vendo que ela se abana freneticamente com as próprias mãos, e sorrio estendendo a minha para que ela pegue. — Venha, o motorista já está esperando para nos levar para o hotel que você escolheu.

[...]

Movo-me pelo espaçoso cômodo do hotel em direção a janela que tem vista para o mar, olhando novamente a hora no celular que tenho em mãos.

Dez e meia da manhã.

Bufo, irritado. Eu planejei ir até a escola de educação infantil em que minha mãe é diretora fazer uma surpresa para ela, que não sabe que eu voltei, mas graças ao meu irmão que se esqueceu de mandar a localização, parece que isso não vai acontecer.

Olivia - Aqui é muito calor, Paul! - ela surge vestindo somente uma das minhas camisetas sociais enquanto conversa com seu irmão por chamada de vídeo. — O ar condicionado está no mínimo e eu estou suando até nos lugares proibidos.

Paul - Lugares proibidos? - a gargalhada estranha dele se faz presente. — Por favor, Oli... Diga que seu cú está suando, ninguém vai te julgar. Vai por mim.

Solto um riso anasalado e recebo uma careta desgostosa de Olivia, que tem suas bochechas avermelhadas de raiva nesse momento.

Para a loira, repetir tal frase vai contra tudo que ela considera aceitável, pois diferente do irmão, que praticamente foi "criado" pelo mundo por ser o fruto de um caso entre o pai deles e a empregada, Olivia foi criada numa bolha por pessoas preconceituosas que as transformaram numa cópia mais contida deles.

Olívia - Eu vou desligar, Paul. Bye! - ela dá tchauzinho e logo desliga, voltando sua atenção pra mim. — Não sei porque eu ainda o atendo. Que garoto sem modos! Eu deveria fazer igual ao papai e ignorá-lo.

— Nao seja maldosa, baby, pois da sua família ele é o que mais se importa com você. - me aproximo guardando meu celular no bolso da calça jeans que estou vestido e a envolvo nos meus braços. - Mas, mudando de assunto. Que tal uma rapidinha? - me abaixo, sussurrando contra seus lábios rosados e carnudos, escorregando minhas grandes mãos para a sua bunda de tamanho médio que se encaixam perfeitamente nelas — Tô te achando muito estressada.

Olívia - É o calor! - ela espalma as mãos em meu peitoral firme coberto por uma camiseta de gola preta e me empurra pra trás. — Não me leve a mal, mas a última coisa que eu quero agora é sexo, contato físico com outra pessoa.

Franzo meu cenho, disposto a reclamar porque a quase um mês ela vem negando fogo, mas desisto quando minha atenção vai pro celular que vibra no meu bolso.

Eu o pego e vejo que é uma mensagem do meu irmão, respondendo as que eu havia mandado momentos antes.

Mauricio - Eu esqueci, cara de cutia.
(Localização)
- Mas tá aí 👆
- Vem sem medo que a gente vai almoçar por aqui.

Sorrio e, sentindo o olhar da Olivia em mim, levo os meus pro azul dos seus.

— Pode falar. - bloqueio a tela e o guardo novamente, batendo no outro bolso só pra ter certeza que minha carteira está ali.

Olívia - Não é nada, só queria saber quem é.

— É o meu irmão, Olívia. - vou até a cama e pego as várias sacolas com presentes que eu trouxe tanto pra minha mãe quanto pra ele. — Sabe, aquele cujo você apelidou maldosamente de Bambi por ser homossexual.

Olívia - Já te pedi desculpas por isso.

— E eu já te falei: não é para mim que você deve pedir e sim para ele. - me aproximo dela e dou um beijo terno em sua testa. — Como eu sei que você está cansada e com calor, como você deixou bem claro. Eu vou sozinho. Volto antes da noite. Aproveite bem o ar condicionado.

Ela não responde nada e eu tomo seu silêncio como um "tudo bem" e saio, descendo pro térreo que é onde o motorista está.

Eu o contratei só por hoje, pois amanhã mesmo vou comprar um carro. Preciso de um, pois pagar motorista é muito caro. E de caro, basta esse hotel beira mar que a Olívia fez questão de ficar enquanto o apartamento que eu comprei não fica pronto.

— Bom dia novamente! - o cumprimento - Vou precisar dos seus serviços outra vez.

José - Claro, senhor. Onde deseja ir? - caminho ao seu lado rumo ao estacionamento e mostro-lhe o endereço. — Eu sei onde fica, doutor. Minha dona trabalha nessa escolinha - seus olhos brilham ao falar. — Ela tem uma paixão pela Lorena. - ele sorrir - Sabe, uma das professoras de lá...

Não faço ideia de quem ele esteja falando, mas mesmo assim afirmo, deixando que ele vá todo o caminho falando, ou melhor, enaltecendo a tal Lorena. O que não é não tão ruim, pois mesmo sem conhecê-la, eu já a admiro ao saber que na sua sala tem um aluno autista que ela pacientemente ensina.

— É aqui? - pergunto quando o carro para, olhando pra escola com o muro cheio de pinturas do outro lado da rua.

José - É sim, doutor. - ele olha também. No mesmo instante em que uma senhora baixinha sai pelo portão, olhando pros dois lados da rua como se procurasse por algo, ou alguém. — E aquela ali é a minha dona.

— Ah, sim. - digo por educação. — Você não quer descer? Eu vou demorar aqui. - ele não se faz de difícil e logo me segue quando eu saio do automóvel.

Caminho junto a ele e brevemente aceno para a senhora que, literalmente, me ignora ao vê-lo.

— Meu benzinho, tá fazendo o que aqui?

— Ele veio me trazer. - respondo, chamando sua atenção para mim. — Dona Leona está aí? - ela faz uma careta pra mim, provavelmente me estranhando, e eu me explico: — Sou o filho mais velho dela. Gostaria de vê-la.

— Ai, que emoção! - ela grita. — Sim, sim. Vem, eu te levo até a sala dela! - ela parte na frente e de soslaio eu vejo seu José rir da cena. Ela o esqueceu completamente. — Ele é filho da patroa. Bonitão, você não acha? - ela me anuncia por onde passa.

Desse jeito não vai haver surpresa.

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